Sobre o aumento da progressividade do IRS que parece estar a ser preparada no orçamento do estado para 2017, recupero parte do meu post IRS – Um Imposto Que Para A Esquerda Nunca Será Suficientemente Progressivo.
No primeiro grafico, elaborado com dados a partir daqui podemos constatar que o top 0,1% das famílias em Portugal paga 8,4% de todo o IRS (pagando em média 304.118€); o top 1,1% paga 28,3% de todo o IRS (pagando em média 58.497€); o top 3,4% paga 47,7% (quase metade) de todo o IRS (pagando em média 34.573€); o top 5,4% paga 57,7% (quase dois terços) de todo o IRS (pagando em média 21.768€); e o top 16,1% paga 84% de todo o IRS (pagando em média 10.267€).
Analisando pelo lado das famílas com menos rendimentos, o bottom 65,6% das famílias no seu conjunto pagam apenas 4% de todo o IRS (pagando em média 111€) e o bottom83,8% das famílas pagam 16,1% de todo o IRS (pagando em média 350€).
Juntando os dois gráficos, observa-se que 84% de todas as famílias (aquelas com rendimentos menores) pagam apenas 16% de todo o IRS enquanto que apenas 16% das famílas (aquelas com maiores rendimentos) pagam 84% do total de IRS; sendo que 0,1% das famílias (precisamente 2.343 famílas) com maiores rendimentos paga em IRS mais do dobro do conjunto do IRS pago por 65,6% das famílas (precisamente 3.034.586 famílas) com menores rendimentos.
Isto não é progressivo o suficiente?
É o teorema de Pareto, perfeitamente demonstrado
Recupero o meu comentário: não basta o IRS ser progressivo, tem que ser progressivamente progressivo (julgo que foi o LA-C o primeiro a descobrir esta verdade fundamental da nossa política).
Quando é para aumentar, adicionam-se escalões e aumentam-se as taxas marginais dos escalões mais elevados. Quando é para reduzir, introduz-se uma dedução fixa.
Qualquer medida que reduza a progressividade, é um crime que viola a muito constitucional progressiva progressividade do imposto.
Por isso a resposta à sua pergunta é claramente não.
Basta ver o caso do coeficiente familiar, dos orçamentos deste governo, e de como é fácil passar a mensagem de que os filhos dos ricos valem mais e outras palhaçadas do género.
Não basta ser progressivo. Tem de ser progressista!
pareto, se estivesse vivo, refaria o seu principio para 90/10 para acomodar a matematica socialista
Cada vez que pago IRS, eu sinto-me sempre HIPER-MILIONÁRIA. Não sei onde gasto o dinheiro porq dps, no dia-a-dia, sinto-me perfeitamente classe média…
Tirania.
O que deixa mais triste é que quem não paga IRS ou o faz na escala reduzida descrita ou até que recebe prestações sociais, acha sempre que o estado (logo os impostos pagos pelos outros) deveria fazer mais por eles e não demonstra qualquer agradecimento por quem todos os dias trabalha para contribuir para um pais melhor, com o esforço do seu trabalho e dos seus impostos.
Para alguns portugueses e para os nossos actuais dirigentes (troika de esquerdas), a culpa de não se estar melhor na vida é sempre dos outros (seja porque o estado não ajuda ( pensando “não eu nunca fui um preguisoso, acomodado”), ou porque a europa não ajuda ( pensando “o pais não gasta mais do que pode para repartir com a maquina partidaria as clientelas e amigos”), por vezes para as coisas melhorarem é mesmo preciso trabalhar e não tentar roubar do trabalho dos outros (os actuais niveis fiscais são um roubo a quem trabalha) e no limite podem acabar com a vontade de trabalhar e no final só restará miseria para repartir (vide “venezuela”).
Era engraçado casar este exercício com um, por exemplo, sei lá, da diferença de rendimentos desses top e desses bottom, mas se calhar não é essa a sua questão.
O problema do imposto aumenta pela escassez do bem disposto. Sacrificar-me em vão aumentando a injustiça social e a minha em particular. A liquidez do meu valor não deve suportar excessivos encargos favorecendo o abstencionismo e o banco de desempregados. Antes, menos horas trabalho individual, menor ilíquido mas maior líquido. Aumentará o emprego/trabalho efetivo, a riqueza do PIB e produzir melhor justiça social. A vida torna-se mais feliz e justa.
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