Os números do PIB são cada vez piores.
Mas, pior do que isso, é o que o INE nos diz na nota breve da Estimativa Rápida, de resto perfeitamente antecipável.
- O consumo privado abranda. Aqui não há problema algum. Problema haveria se o consumo privado acelerasse. Significaria muito provavelmente uma nova diminuição da taxa de poupança das famílias e, aí, sim, estaríamos em piores lençóis do que estamos.
- Grave mesmo é o investimento ter acentuado a queda. Em cadeia, contraiu -1,0% no 1.º trimestre; em termos homólogos contraiu -2,0% no 1.º trimestre. Quanto terá contraído no 2.º trimestre? (Vamos ter de esperar pelo final do mês para sabermos). Há um ano, no mesmo trimestre, o investimento aumentou em cadeia +1,4% e em termos homólogos +5,2%.
- O problema do investimento é que sem ele não apenas o crescimento corrente fica comprometido, como também o crescimento futuro. Estima-se que a quantidade de investimento que vem sendo feita não seja suficiente para compensar o consumo de capital fixo, pelo que é a estrutura de toda a economia vai esclerosando e a sua capacidade definhando, definhando, definhando…
- O problema do investimento é que o investimento é a assunção de risco e se o risco e a incerteza estiverem a aumentar, ou, estando a incerteza a diminuir, o que se espera não for exatamente favorável à atividade económica, o investimento para. Escolham qual das duas caracterizações define melhor o contexto em que vivemos.
- As exportações abrandam.
- As importações abrandam mais do que as exportações (pudera! com o investimento a cair a pique!) e, por isso, mas só por isso, as exportações líquidas de importações melhoram o seu contributo para o crescimento.
- Em suma: temos o que resta de crescimento a ser dinamizado exclusivamente pelo que resta do consumo privado, que não podia, como é óbvio, manter-se a crescer acima do PIB e até mesmo do rendimento disponível das famílias por muito mais tempo.
- Mas é com o consumo privado que o governo conta para
ganhar eleiçõespara estimular o crescimento e é para o estímulo do consumo privado que o governo usa a margem de manobra de que dispõe paraganhar eleiçõesalimentar o crescimento. Ou contava. - Conservando-se o crescimento registado nos últimos 3 trimestres, teremos um crescimento anual de +0,8% em 2016, um poucochinho abaixo do pressuposto do OE2016 (ou seja, menos de metade). A probabilidade de o abrandamento prosseguir não é, pelo que se disse atrás, negligenciável. Qualquer redução marginal na taxa de variação em cadeia nos próximos dois trimestres reduz o crescimento anual para +0,7%.
Há nisto tudo fortíssimos danos auto-infligidos. Vamos pagar bem caro todo este desvario.
Excel we have a problem….(take 2)
Ou este tipo não bate bem ou há marosca na calha:
http://observador.pt/2016/08/12/governo-admite-crescimento-aquem-mas-espera-recuperacao-ate-ao-final-do-ano/
Ou então é apenas um idiota! 🙂
Vale muito a pena revisitar o seguinte texto de Francisco Louca, sobre o excel de Centeno. Escrito, claro esta, mesmo antes das eleicoes legislativas de 2015…
o resto e’ historia, mas jamais poderao dizer que nao esperavam, nao sabiam, nao contavam… etc.
http://www.esquerda.net/opiniao/de-repente-fez-se-luz-o-milagre-dos-empregos/38231
Piores não. Contraditório como nos conta o marcelo nas suas conversas em família.
Quando constatarem que o Costa sabe o que diz vão assobiar para o lado.
Eu, por exemplo, vou pagar mais de 3.000 euros de IRS e já me disseram que só receberei a nota de liquidação lá para outubro…
O futuro, próximo ou não, tá preto. Mas estou é preocupado com coisas importantes. Por exemplo, só há competições para dois sexos nos jogos olímpicos ? Que discriminação é esta ? Cadê os outros ?