O segundo trimestre de cada ano tende a ser o melhor para os números de empregos (algo que o INE corrige, em parte, nos valores ajustados pela sazonalidade). É um trimestre onde costuma haver mais criação de emprego, especialmente temporário. Nos 3 últimos anos tem existido uma recuperação contínua no emprego, com os números de pessoas empregadas a crescer constantemente. Portanto, ter o emprego a subir não é novidade. Ter o emprego a subir no 2º trimestre ainda menos. Para entendermos se as notícias sobre o emprego são efectivamente boas, convém comparar este segundo trimestre com os segundos trimestres de anos anteriores.
Olhemos então para o primeiro gráfico. Aqui está representado o aumento de empregos do 2º trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior:
Não é muito difícil de perceber que a criação de emprego este ano esteve bastante abaixo dos dois anos anteriores. O ano passado, em termos homólogos, criaram-se 3 vezes mais empregos do que em 2016. Em 2014, 4 vezes mais. Claro que esta variação tem também em conta o que aconteceu nos 3 trimestres anteriores. Para eliminar este efeito, podemos olhar apenas para a variação do 1º para o 2º trimestre em cada um dos anos:
A variação do número de empregos do 1º para o 2º trimestre foi, este ano, bastante inferior à do ano passado e em linha com 2014. O mesmo padrão encontra-se quando se analisa a variação nos dois primeiros trimestres do ano:
Entre o último trimestre do ano passado e o 2º trimestre deste ano foram criados cerca de metade do número de empregos que no ano passado no mesmo período. O crescimento do emprego este ano está em linha com o que aconteceu em 2014. Nesse ano a economia cresceu 0,9%. O Orçamento de estado para este ano apontava para 1,8% e o plano macroeconómico de Centeno para 2,4%. Se os números do emprego do 2º trimestre são indicadores de alguma coisa é de que a economia está a desacelerar e de que está a ser perdida capacidade de criar emprego. Veremos o que acontecerá nos dois próximos trimestres.
Meus Caros.
Não estou a ver os nºs do crescimento PIB, por isso posso estar a dizer uma besteira.
Mas a percepção que tenho é: O CRESCIMENTO ESTA A DIMINUIR.
COMO o emprego pode estar a AUMENTAR??
Há coisas que “don’t match”
Pingback: Emprego: comparações alternativas « Desvio Colossal
Só são considerados desempregados se inscritos nos centros de emprego, logo quaisquer dados são sempre falaciosos.
Há também quem trabalhe de Portugal para fora em regime freelancer, pagando impostos nos países de destino.
A maior parte das pessoas que passa tempo a analisar dados e a discutí-los não faz a mínima ideia da realidade no mundo real.