1. Durão Barroso já tinha poder limitado sobre a UE quando era presidente da Comissão. Hoje, fora do cargo, tem ainda menos.
2. Se a Goldman Sachs coloca Durão Barroso numa posição tão alta em busca de influência no poder político é porque, para começar, não tem tanto poder assim como dizem.
3. A contratação de Durão Barroso deverá ter mais um efeito sinalizador aos actuais líderes políticos, dando-lhes um incentivo a não levantarem muitas ondas na perspectiva de lhe sucederem no cargo.
4. Como sempre, os comentadores tiram a lição errada disto. O problema não é antigos líderes irem para empresas devido à sua influência política. O problema é as empresas privadas sentirem que têm alguma vantagem em contratar antigos políticos. Quanto maior o poder do estado na economia, mais as empresas sentirão necessidade de obter influência política. Quanto maior o cão, mais pulgas terá.
Neste caso o cão chama-se City e a libra a descer.
Se a alguém pode fazer mossa o Brexit é a City e a City é Goldman Sachs e Morgan Stanley.
Eles já andavam a deslocalizar para o Leste- uma ajuda política com pé na UE pode ter interesse.
A finança não tem pátria, logo o “Estado” é coisa que nem existe.
A “política financeira” faz-se a outros níveis internacionais mais altos e por via de lobbies.
Muito bem visto, principalmente os pontos 2 e 4. Infelizmente, como diz, a análise dos comentadeiros da praça apontará o contrário…
Sem dúvida um feito extraordinário mas acho que não vai durar muito pois ele não é assim tão “shrewd”, não soube combater o problema da dívida soberana, pelo contrário, ainda fez pior, lembro-me perfeitamente da sua resposta quando lhe perguntaram se devíamos interromper o projeto TGV: “Não necessariamente”.
Por essa lógica só existem ladrões porque as pessoas têm bens que podem ser roubados. Se fossemos todos miseráveis toda a gente era honesta.
Veja lá que não é assim que funciona.
Ninguém lhe diz que só se pode roubar o Estado.
Por outro lado, se substituirmos o Estado pela Goldman Sachs, a Goldman Sachs não tentava controlar o Estado. É um ponto a favor da argumentação do post.
O Goldman ainda não deu sinais de conseguir recuperar desde que foi resgatado por Warren Buffett durante a crise de 2008. Por isso é natural que procure o apoio dos políticos. Infelizmente, como a história demonstra, esse apoio é muitas vezes um presente envenado. Quanto maior o seu envolvimento com a política maior é o risco de vir a falir.
Dito isto, tal não tira o mérito a Durão Barroso.
Sendo oriundo de um país pequeno e sem grandes empresas, é extraordinário que tenha conseguido uma posição que é normalmente muito disputada.
Pois não. É isso mesmo. O Goldman Sachs está na falência e ainda vai ser comprado pela CGD.
A função do Barroso deve ser mesmo para ajudar a essa safa.
O ponto 4 é a pura realidade e a única resposta a este assunto. Conforme está a economia mundial alguém acredita que a banca de investimento sobreviva muito mais tempo sem a influência política? As comodities baratas acabou-lhes com a mama nos emergentes, as dividas soberanas da UE à pala do QE foi chão que já deu uvas, bolsa chinesa arrefeceu, os produtores de petróleos estão falidos… o que sobra?
Excelente post.