Entrevista concedida pelo ex-primeiro-ministro de François Mitterrand à Le Point, publicada na semana passada e cuja leitura recomendo pela sua pertinência e actualidade.
Rocard foi um socialista que não se revia nos socialistas de agora. La deuxième gauche, a que Rocard se referiu em 1977, não era marxista, acreditava na economia de mercado e, ao contrário do que sucede com os socialistas actuais, via a Europa com bons olhos. Não deixa de ser significativo que a acusação estampada na primeira página da Le Point tenha sido a última mensagem política.
La deuxième gauche, a que Rocard se referiu em 1977, não era marxista, acreditava na economia de mercado.”
Acreditava?
O que é que se deve chamar a Miterrand que nacionalizou boa parte da economia repetindo as nacionalizações de 1937 – que atrasaram a produção de aviões e armamento contribuindo para a derrota da França- ?
Os franceses é sempre a mesma coisa. Só sabem do umbigo deles, que é o maior.
Não, gaita, a esquerda mais burra e retrógrada é a tuga, caraças.
Ainda temos o leque todo de 1968, intacto, e cheio de fé na cartilha roída dos ratos que têm nuns altarzinhos com velas.
Até me mete dó, e eu que nem sou tipo de acreditar em progressos.
“O que é que se deve chamar a Miterrand que nacionalizou boa parte da economia”
Este era precisamente o Miterrand da “primeira esquerda”, da aliança com os comunistas, das nacionalizações, da primeira fase da sua presidência, sobretudo de 1981 a 1983.
Desde cedo que Roccard sempre se opôs a este Miterrand, mesmo no plano da liderança do PS francês.
Só depois de uma forte viragem “à direita” da politica económica de Miterrand, com privatizações e medidas liberalizadoras de mercados, é que Roccard entra nos governos e, de 1988 a 1991, é mesmo o primeiro ministro de um governo “de abertura”.
Michel Roccard nunca deixou de se considerar de esquerda.
Mas é verdade que representou uma “segunda esquerda”, mais social-democrata, mais demarcada da inspiração marxista e apostando mais na economia de mercado.
Dai, mais recentemente, o seu posicionamento critico face aos aspectos mais à esquerda da politica económica de François Holland
Mas é possivel que estas “nuances” não importem para quem tem tendência para considerar que é tudo “socialismo” e mais nada !!…
Quando o Luis Campos e Cunha e o Henrique Medina Carreira morrerem , vão ter direito à capa do Der Spiegel …
O homem não devia conhecer o PS cá da casa nem de fotografias 🙂
Prova indirecta escreveu o correcto
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