O que tem este quadro de diferente do que publiquei aqui há dias? Pouca coisa. Bastante importante.
Primeiro, a tendência é só medida para o período de tempo que vai desde o início do ano até hoje. A descida dos indecisos beneficia ambos os campos. Mas beneficia mais o campo do Brexit. A tendência é para o Brexit tomar a dianteira. E tomou, como se pode ver na média móvel de 5 cinco sondagens. Se encurtássemos o período, como é facilmente visível no gráfico, seria mais acentuada a tendência de subida do Brexit e o Bremain estaria em tendência de queda. O valor de 46 pontos percentuais (contra 43,4 do Bremain) é o mais elevado desde 7 de Novembro de 2014, há pouco menos de dois anos, portanto.
É a demonstração do que já aprendi há muito tempo. Quanto mais de agacha, mais se lhe vê o rabo.
Para entender é preciso ter em memória as concessões que a UE fez nas últimas negociações.
Boa tarde.
É necessário ter cuidado com as sondagens da última semana.
a) A sondagem da ORB que saiu na sexta-feira à tarde dava uma diferença de 6 pontos a favor do Brexit e de 10 pontos tendo em conta o turnout mas contudo a análise da amostra demonstra que esta é genericamente má, os melhores pollsters criticaram-na e a campanha do Vote Leave disse ao seus seguidores para desprezarem essa sondagem.
b) Neste momento a probabilidade estimada de Brexit está entre 24 a 32% contudo este valor foi inflacionado por essa sondagem da ORB.
Mais dados.
c) Segundo um estudo de opinião do The Guardian cerca de 30% do eleitorado ainda não tomou uma decisão.
d) A experiência histórica de décadas mostra que nos últimos dias o eleitorado tenda a virar para a opção que representa o status quo. Salvo uma excepção especial aconteceu sempre isto no Reino Unido em referendos, ver o último referendo sobre a independência da Escócia.
Se descontarmos essa sondagem da ORB que saiu na sexta-feira isto neste momento está assim e descontando os indecisos.
Sondagens online: 50/50
Phone polls: 60/40 a favor do Remain
Só no próximo fim-de-semana teremos mais certezas. Ainda tudo pode acontecer mas o Remain para já tem uma ligeira vantagem.
Um estudo feito pelo Adam Smith Institute em colaboração com o Yougov demonstram que o eleitorado prefere um acordo de livre circulação de pessoas e de livre comércio idêntico ao norueguês. Isto indica que o problema do eleitorado inglês é este: despreza as burocracias de Bruxelas, rejeita a união política e rejeita a política de refugiados de Merkel.
Não se preocupem; se o Brexit ganhar vai haver um “tempo de reflexão” que irá durar até que haja condições para fazer outro referendo em que o Bremain ganhe, tal como os políticos querem. Mais ou menos como aconteceu com o aborto por cá.