Há uns dias comandaram um grupo de covardes sem cara, mas coordenados ao mais alto nível, garantir que nenhum jornalista se atreveria a tocar numa peça de roupa amarela, mas mesmo assim a manifestação foi um sucesso, provavelmente a maior em Portugal nos últimos anos sem apoio dos sindicatos. Resolveram então elevar o tom das ameaças, desta vez através do orgão oficioso e de cara já bem destapada. Vale a pena ler este texto da Geringonça para perceber com o que estamos a lidar neste governo:
Dita o bom senso que um jogador deve abandonar a mesa de jogo enquanto está a ganhar, sob pena de perder tudo. (…)
Caros amarelos, os contratos de associação em duplicação face à rede pública são também um auxílio de Estado incompatível com o mercado interno, contrário aos Tratados fundadores da União. E isto tem como consequência não só a proibição dos referidos auxílios para o futuro, mas também a devolução de todos os montantes indevidamente recebidos no passado. Sim, é a bomba atómica. Podemos estar a falar de devolver décadas de subsídios indevidos. De insolvência até. Podem então parar de gritar que têm direito a escolher com o meu dinheiro, e ouvir-me um bocadinho, por favor?(…)
Talvez fosse então aconselhável deixarem as inventonas contra o Ministro da Educação e outras manobras quejandas e portarem-se como meninos crescidos, antes que a Comissão venha por aí com a bomba atómica. Pode ser?
Por outras palavras, fica aqui a mensagem para os 40 mil que se manifestaram em Lisboa, directamente do orgão oficioso do governo:
Seria cómico se não fosse triste. Vamos aplicar o que escrevem a tudo o que é PPP, concessão, fundação e mais o raio que os parta que receba dinheiros públicos? Essa é que seria a verdadeira bomba atómica! Palhaços.
Creio que existe muita gente em Portugal que ainda não percebeu que esta geringonça é genuinamente facínora.
A GERINGONCA : “os contratos de associação em duplicação face à rede pública são também um auxílio de Estado incompatível com o mercado interno”
“a proibição dos referidos auxílios para o futuro, mas também a devolução de todos os montantes indevidamente recebidos no passado.”
Os montantes entregues pelo Estado às escolas com contrato de associação não foram nem são “auxilios” e, ainda menos, “indevidamente recebidos” : foram e são o pagamento contratualizado e devido de uma prestação de serviço de ensino publico, por sinal, com mais qualidade e a um custo inferior ao das escolas estatais equivalentes.
O que tem estado e está em duplicação são as escolas estatais com capacidade excedentária onde já existiam escolas privadas com contrato de associação.
O que está virtualmente em duplicação são a grande maioria das escolas estatais existentes (e que venham ainda a ser eventualmente criadas) que ficariam às moscas se as familias pudessem escolher e optar por mandar os filhos para escolas privadas com contratos de associação.
GERINGONCA : “auxílio de Estado incompatível com o mercado interno, contrário aos Tratados fundadores da União.”
O que é incompativel com as regras da UE é que o Estado mantenha e meta dinheiros publicos em estabelecimentos de ensino estatais desvirtuando assim a normal concorrência com todos os estabelecimentos privados que não recebem o mesmo tipo de fundos !!
Por isso é que, noutros sectores de actividade, produtores de bens e serviços, como, por exemplo, na energia e na banca, a UE não aceita como regra que empresas estatais ainda existentes sejam recapitalizadas e auxiliadas pelos Estados nacionais.
O texto da geringonça pretende ameaçar mas esquece-se de algo importante : a própria Comissão, parte da Troika, previu que houvesse redução dos valores destes contratos nas imposições que fez a Portugal. Ora, se propôs a redução (e não a eliminação e muito menos a devolução ) não pode agora, sob pena de comportamento contraditório, vir dizer que os contratos eram ilegais.
LUIS : “a própria Comissão, parte da Troika, previu que houvesse redução dos valores destes contratos nas imposições que fez a Portugal.”
É verdade.
Mas era apenas uma das muitas medidas de extrema urgência para cortar rápidamente e fortemente na despesa publica.
Não era uma proposta sobre a politica e o sistema educativo.
De resto, a Troika propôs igualmente uma redução importante na despesa do Estado com professores das escolas … estatais !!
Bomba Atómica era acontecer um 25 de Novembro que limpasse o que primeiro não conseguiu limpar!
Os “amarelos” deviam ir para a rua manifestar-se já no próximo sábado e/ou domingo.
Não deviam deixar passar 3 semanas para os esquerdumes se organizarem em contra-manifs!
Provavelmente a maior? Esteve lá? Contou ou fez a estimativa? Pode dizer como obteve essa informação?
Pois, Carlos, lá vem você utilizar os dados que lhe convém, sem qualquer rigor ou certeza. O que é muito mal para um economista que se preze, diga-se de passagem.
Quem lá esteve e viu o que se passou, ri-se com os números que foram apresentados pela organização da manifestação.
E até já há quem tenha feito umas contas simples:
http://www.insonias.pt/agora-percebo-google-maps-mesmo-um-problema-apanha-mentiras-facilidade/
Vou lançar-lhe um novo desafio: prove que estavam mais de 30.000 (a organização diz 40.000, por isso não deve ser difícil para si), que eu provo-lhe que rondaram as 15.000. (curioso? Aceite o repto).
Mas olhe, antes de se meter em novos apuros (como o do ratio professor/aluno), siga este conselho: procure sentir o que a sociedade pensa sobre este assunto. Sobre o que a maioria do tal do “povo” acha disto tudo.
Procure sair um pouco, escutar outras vozes que não as das tertúlias com os seus amigos liberais, e verá que esta é uma batalha de milhões contra uns poucos interessados em escolher onde gastar o dinheiro dos impostos de todos nós, indo contra tudo o que está estipulado nas leis deste país.
E, volto a dizer, gostemos ou não delas, elas são para ser cumpridas.
Sempre que o numero de votantes (com intenção validamente expressa) seja inferior a 50% dos eleitores recenseados, as formações partidárias concorrentes não serão subsidiadas pelo orçamento. Quem pretender colaborar e contribuir monetariamente com a respetiva preferência pode faze-lo voluntariamente metendo-se de sócio.
Com 15, 30 ou 200 mil quando convém que calhe, que fique a lição de que a rua deixou de ter dono certo.
Fantástico. Não se estiquem senão também devolvem o ensino dado nos últimos 40 anos. Antigos estudantes já para as públicas!
Façamos um exercício de liberdade muito simples: eu pago dos meus impostos a parcela correspondente à “escola privada”. Os amigos do Estado, pagam a Parque Escolar e a Educação estatal “gratuita”.
Certa gente (adoptada agora pela direita “Coelhista”, sabe-se lá porquê!), tem vivido à custa da mama pública e queria continuar a comer meninos ao pequeno almoço, chamando-lhe opção de escolha, uma alternativa que nem sequer existe no atual contexto legal. Agora, talvez em nome dos “direitos adquiridos”, fica agoniada e diverge da questão essencial para uma incursão guerreira na liberalização do ensino. Conclusão: esta direita é burra e quer fazer dos outros burros. Bendito manguito chamussa! – Vão mas é investir em negócios a sério seus piratas chupistas!… Entre “amarelos” e “intersindicais” que venha o diabo e escolha!…
Maurício, eu não preciso de lhe provar que estiveram lá mais de 30 mil porque nunca disse isso. O que eu disse, e repito, é que deve ter sido a maior dos últimos anos sem apoio dos sindicatos. Até coloquei lá um “provavelmente” porque é possível que os indignados tenham tido um acampamento à volta disso. Não se apoquente com coisas pequenas. Relaxe.
– NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA –
“- A (provavelmente) maior manifestação sem apoio dos sindicatos contou com o apoio (e presença) de milhares de crianças. Consta que mais de dois terços dos cerca de 12 mil muito-indignados eram jovens com menos de 16 anos, ou seja, que a (provavelmente) maior manifestação de sempre sem apoio dos sindicatos contou com aproximadamente 4 mil adultos.”
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Notas interessantes:
– Existem, actualmente, mais de 600.000 encarregados de educação (c/cônjuges) com filhos no ensino privado.
– Existem, actualmente, cerca de 3.000.000 de encarregados de educação (c/cônjuges) com filhos no ensino público.
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Para bom entendedor, a ironia deverá bastar.
Para os Carlos economistas deste espaço, dizer apenas que tem sido obscena a instrumentalização das crianças em todo este processo.
E fez-se o silêncio.
E o silêncio continua.
Hello?
Obsceno.
Você “só” quer obrigar pela força das armas as pessoas a levar os filhos para a escola publica.
Mas os pais levarem os filhos a uma manifestação de que são os sujeitos principais e que vão deixar a escola de que gostam é instrumentalização.
Estúpido e desonesto.
Não quero obrigar pela força das armas nada nem ninguém. Pelo contrário, até desejo que quem é favor da liberdade de escolha e não goste do ensino público, coloque os seus filhos num colégio privado. Mas num verdadeiro colégio privado.
Pela força das leis (que alguns esquecem ou fazem de conta que não existem) é que quero que escolas com contratos de associação não vejam renovados os seus contratos se as condições para a existência de turmas deixam de existir.
Sobre os pais levarem os filhos para uma manifestação, há muito que se lhe diga.
Mas vou incidir apenas no ridículo que é alguém ter pretendido transformar uma manifestação com cerca de 4 mil adultos numa das maiores já vistas sem o apoio dos sindicatos.
E fico-me por aqui.