Das coisas que um socialista (basta que seja moderadamente ilustrado) mais gosta é do pratinho que economistas – «filósofos mundanos» – muito respeitáveis lhes andam a oferecer há para aí 240 anos: tantos quantos os da economia itself, a saber, as célebres falhas de mercado, a partir das quais se constrói a teoria económica do estado.
Eles adoram as falhas de mercado, veneram as falhas de mercado, se não existirem, inventam-nas, porque justificam o estado, tornam lógica e legítima a intervenção do estado. Ignoram o problema de que intervenção supletiva do estado tem também ela custos, gera também ela ineficiência várias, pelo que conviria, em tese, antes de avançar, ponderar tudo muito ponderadinho, custos e benefícios, porque – escândalo – há falhas de governo. Mas sejamos generosos. Ignoremos o problema das falhas de governo e fiquemos só com as falhas de mercado.
De acordo com a teoria, que os socialistas tanto adoram e eu não estou para aqui a impugnar sem mais (tenho a enorme moleza de ser permeável a argumentos consistentes, sem chegar ao ponto de ser parvo), de acordo com a teoria, dizia eu, a escola pública, ou a intervenção pública na provisão de oferta escolar onde e quando ela, sendo desejável, sem tal intervenção não surge, deveria ser a tal intervenção supletiva do estado que a teoria preconiza, a intervenção justificada quando o mercado for incapaz de produzir um óptimo – neste caso na educação.
Mas o limite para a extensão da intervenção do estado deveria ser a falha de mercado. Fora isso, até mesmo um socialista alfabetizado em economia sabe que o mercado é insubstituível como provedor eficiente de bens e serviços (não estou a incluir na categoria comunistas e outras formas de intoxicação).
Se assim é em tudo, porque razão não há-de ser na educação? Porque há-de ser – quando muito – ao contrário, isto é, a oferta privada só é susceptível de justificação se e quando o estado não puder proporcioná-la, como parece ser consensual entre (estes) socialistas?
Porque raio, carga de água ou sei lá o quê, o que é lógico, o que funciona em todos os casos – o mercado como solução por defeito – não há-de funcionar na provisão de educação? Porque há-de a educação reger-se por outras leis que não as leis gerais aplicáveis a tudo? Na educação a lei da gravidade também é ao contrário? Na educação atira-se uma pedra ao ar e ela foge espavorida para longe da Terra?
Se as leis gerais aplicáveis a tudo se aplicam também na educação, o que explicará esta bizarria que é a prioridade à escola pública, em detrimento da prioridade à melhor escola possível?
Puro interesse corporativo poderoso mas inconfessável? Horror à liberdade de escolha? Angústia perante um cenário onde eles, os « da escola pública», não são capazes de promover descansadamente a intoxicação ideológica que tomou conta de tantos «conteúdos formativos» essenciais? Tudo muito bem misturado e regado copiosamente com crassa iliteracia económica?
E até quando tenho eu que pagar mandarins e comissários?
Se o serviço publico de ensino pode ser prestado com melhor qualidade e menos custos para os contribuintes por escolas privadas contratualizadas, por que é que o Estado continua a desperdiçar o dinheiro dos contribuintes a manter ou a abrir escolas estatais que ficam às moscas ?!…
Nada justifica que o ensino publico seja largamente feito por escolas estatais.
O Estado já teria muito com que se ocupar na regulação e fiscalização de um sistema em que a maior parte das prestações seriam feitas pelo sector privado.
A missão do Estado não é produzir bens e serviços mas sim garantir direitos através de serviços publicos.
Sempre que os serviços publicos possam ser produzidos pelos privados com menos custos e melhores resultados o Estado deve ser apenas um garante, um regulador, um fiscalizador, e providenciar, totalmente ou parcialmente, os recursos publicos necessários para o efeito.
Está mais do que na altura de saber quanto é que o sindicato do nogueira nos custa a todos!
As escolas com contratos de associação ainda servem para alguma coisa. E para que serve o sindicato do nogueira? Para dar empregos a comunóides e justificar baldas ao trabalho de hordas de parasitas que fingem que são professores mas que poucas ou nenhuma aula deram na vidinha de madraços que têm tido… a começar pelo tal nogueira.
Quantos funcionários é que a coisa tem? Quanto é que nos custa cada um? Com que fundamento um sindicalista dum sindicato dos professores do ensino secundário custa mais ao Estado do que um aluno do ensino secundário?
Defender o mercado e ao mesmo tempo defender escolas com contratos exclusivos com o Estado, arranjados em concursos manhosos, é uma entorse lógica considerável.
JO : “Defender o mercado e ao mesmo tempo defender escolas com contratos exclusivos com o Estado, arranjados em concursos manhosos,”
Os contratos não são exclusivos : há concursos, qualquer um se pode candidatar, são seleccionados os que oferecem as melhores condições tendo em conta as necessidades e as disponibilidades financeiras do Estado.
Como em qualquer concurso do Estado para o fornecimento de bens e serviços por parte de empresas privadas.
Há concorrência entre os privados e os contratos são limitados no tempo e susceptiveis de serem denunciados.
Se porventura há concursos “manhosos” devem ser denunciados, sancionados, anulados, apresentados a tribunal.
Mas a verdade é que até agora li e houvi todo o tipo de argumentos contra os contratos mas não vi nenhuma acusação concreta e muito menos fundamentada relativa a algum concurso ilegal ou corrompido.
O que não tem ABSOLUTAMENTE NADA a ver com o mercado é o monopólio das escolas estatais no ensino publico e a exclusão de TODAS as escolas privadas !!
Porque raio o que funciona em todos os casos – o mercado como solução por defeito – não há-de funcionar na provisão de educação?
Por duas razões muito simples:
(1) Porque o cliente não sabe verdadeiramente do que precisa. O cliente sabe que precisa de instrução, mas não sabe aquilo que precisa de lhe ser ensinado. Como pode um aluno saber se precisa que lhe ensinem trigonometria ou se é preferível que lhe ensinem probabilidades ou teoria dos jogos? Como sabe o aluno se é preferíevel que o professor lhe ensine Bernardim Ribeiro ou Fernando Namora?
(2) Porque o cliente pode não desejar ser bem ensinado mas, apenas, tirar boa nota. Muitas escolas privadas fornecem isso em primeiro lugar, porque sabem que é isso que os pais desejam. Também podem desejar outras coisas – um ambiente selecto, ausência de alunos de classes baixas, uma educação religiosa, etc. Nada nos garante que os pais procurarão em primeiro lugar uma instrução de qualidade.
Muito gosta o Luís Lavoura de disparatar com método.
LUÍS LAVOURA:
1- Está equivocado…O cliente não é o aluno! E os pais sabem bem aquilo que querem para os seus filhos!
E este ataque às escolas privadas com contratos de associação em favor da escola estatal é dizer que é este Estado que sabe o que os pais devem querer para os seus filhos…Um Estado que quando governado por uns implementa procedimentos e politicas (falando apenas na parte da educação…) que assim que entra outro a governar tem o prazer de desfazer e refazer tudo novamente…São estes Srs que sabem o que é melhor para os meus filhos????
É caso para dizer (e não resisto a citar Alberto Gonçalves em A Escola do Crime, DN) “…gostaria que estudassem em países menos carnavalescos….e não tivesse meios para pô-los lá fora, em princípio ensinava-os em casa. Se não tivesse vagar para ensiná-los, se calhar deixava-os à solta, ranhosos e ilegais, que quase tudo é preferível a submeter crianças à aquisição de “valências” e à lavagem cerebral que aqui passa frequentemente por ensino público…”
2- Continua equivocado…Os pais procurarão o ensino de qualidade, educação em cidadania e valores fundamentais, em ambiente seguro e tranquilo em qualquer que seja a escola!
O que o Luís quer dizer é que os pais procuram numa escola pela qual pagam e bem, um campo de férias ou grupo de escuteiros, sem nenhuma outra exigência.
Luís cuidado com o que diz porque o seu texto tem tiques totalitários. Mas sabe contar até 2, que é bom.