E se fosse connosco?, a crónica de Alberto Gonçalves no DN.
(…)Um ministro é acusado de fraude em redor de uma bolsa de estudo? Caso fosse de “direita”, seria um trafulha sem princípios, alvo da fúria do Facebook e de rábulas de comediantes – demissão já! Como é de esquerda, foi obviamente vítima de uma conspiração sórdida e de péssimo jornalismo. Um autarca decide escorraçar munícipes e espatifar milhões de euros na construção de um templo religioso? Caso fosse de “direita”, seria um inaceitável aviltamento do regime laico, uma prepotência atroz e uma despesa criminosa – demissão já! Como é de esquerda (e a religião é o islão), trata-se de um enorme passo ecuménico e um gesto de inegável coragem. Uma nulidade reformada põe um cidadão em tribunal e consegue uma condenação por delito de opinião? Caso fosse de “direita”, seria um inimigo da liberdade de expressão e um rematado fascista – demissão já (ainda que o estatuto de reformado dificultasse a tarefa)! Como é de esquerda, é o proverbial filho da boa gente, que se sente tomado por justíssima indignação. Um primeiro-ministro ri-se imenso enquanto arrasta o país para o abismo e, mediante contas alucinadas, despesas típicas e fezadas primitivas, finge salvá-lo. Caso fosse de “direita”, seria um cínico desavergonhado, um incompetente ao serviço de interesses obscuros, uma nódoa enfim – demissão já! Como é de esquerda, é exactamente o que se espera que a esquerda seja.
O Alberto Gonçalves tem toda a razão, mas que podemos fazer? O povo é maioritariamente de esquerda, os media são maioritariamente de esquerda. Nem se pode dizer que foram enganados, desta vez sabiam muito bem.
Tina, não me parece que o País seja maioritariamente de esquerda. Parece-me, até, que a maioria está do outro lado.
O que se passou nas últimas eleições foi que uma parte dessa maioria de direita votou com os pés, ora em defesa dos seus interesses, ora porque se deixaram levar na cantiga, ora porque alguns líderes da direita andaram a assobiar para o lado e outros porque se deixaram ficar pela poltrona,
E foi assim que o PS, que perdeu as eleições, pôde assenhorar-se do poder, embora obrigado a engolir elefantes. E foi também assim, parece-me, que alguma malta da direita resolveu meter-nos em sarilhos.
Retrato desta m….em corpo inteiro.
E de uns bandalhos , protegidos e justificados, pela canalha dos amanuenses – lacaios do jornalixo doméstico.
Caso fosse um governo de direita a colocar um bancário robalo na caixa e depois a fazê-lo votar contra uma OPA de uma empresa portuguesa para depois a enterrar num ninho escandaloso no Brasil, era um crime. Mas como foi a esquerda, foi em nome e defesa do interesse nacional.
Não Tiro ao Alvo, os portugueses são maioritariamente de esquerda, 6 de esquerda para 4 de direita. A mesma razão entre funcionários públicos e sector privado. Nas últimas eleições, se a atual aliança de esquerda tivesse ido a votos, perdia, mas mesmo assim acho que a PáF não teria conseguido maioria absoluta: afinal tudo o que interessava/interessa à grande maioria dos funcionários públicos é ter o seu salário de volta imediatamente.
Quando a TAP foi comprada por um grupo português ligado a uma empresa norte-americana, foi um crime de lesa-pátria, mas quando eles saírem e ficarem só os chineses a mandar naquilo tudo, vai ser um ato heroico da esquerda. E que rápido apareceram os chineses. Poucas semanas e já estava! Até parece que estavam mesmo à porta. Curioso, porque no caso da OPA da Sonae a alegação também era que havia uns franceses por trás da operação.
JP-A: Macau…Macau….Macau…os xuxas gostam muito de Macau.
esse texto já anda a circular desde ’83, há um ano o mesmo era escrito por um qualquer articulista inclinado para o outro lado. Infelizmente todos têm razão em metade do que dizem!
Com o usurpador mor no comando da traquitana a rir de gozo perante uma plateia amorfa e embasbacada, ele de tudo é capaz ao ver-se a paira sobre uma cobardia atávica que lhe serve de rede, Acabará por se destruir a ele próprio com a cegueira mórbida de sustentar o próprio cadáver politico. Um país que assiste a tal pantomina ridiculamente curvado, temeroso e tolhido não merece mais que fazer-lhe companhia na penosa e sinistra caminhada até ás portas da cova.
Caro Fássista,
Macau, Macau, cacau, cacau… 🙂
“O povo é maioritariamente de esquerda”
Pelo menos o povo que foi votar porque a verdadeira maioria do povo nem põe os pés nas eleições!
Neste domingo, dia 22, o Chipre, onde o voto é obrigatório, foi a eleições legislativas e a “abstenção bateu recordes”: de 21% (2011) passou para 33% (2016).
Em Portugal, a abstenção é de…50%, mais coisa menos coisa?
A que episódio se refere o articulista nesta passagem: “Uma nulidade reformada põe um cidadão em tribunal e consegue uma condenação por delito de opinião?”?
Grato pela resposta.
Ao poeta Alegre.