PCP e BE não quiseram votar a favor do Pacto de Estabilidade para não se comprometerem politicamente. No fundo, não querem ser responsáveis pela política do governo que apoiam. Há quem se surpreenda com este comportamento. No entanto, já este seria de esperar, pois estamos perante duas forças políticas profissionais na arte de se esquivarem às consequências dos seus actos. Vejamos bem: o PCP é um partido comunista que apoiou regimes totalitários responsáveis pelo sofrimento físico e moral de milhões de pessoas. Milhões sofreram com o comunismo que o PCP preconiza. No entanto, os comunistas portugueses falam-nos todos os dias dos mais desfavorecidos como se fossem verdadeiros defensores dos mais desfavorecidos. Pior: como se tivéssemos de ter vergonha de não concordarmos com eles.
Para não falar dos interesses corporativistas que o PCP representa no Estado e que diz defender, não em nome da manutenção da sua influência política mas, naturalmente, em no nome dos mais desfavorecidos.
Quanto ao BE a subtileza é mais apurada. Os bloquistas não são comunistas. Pois não. Mas o seu programa político, económico, financeiro, social e cultural é em tudo semelhante ao dos comunistas. Ou seja, o BE nega ser comunista; o BE jura ser pela liberdade. Mas, se detalharmos ao pormenor o que o BE defende e preconiza para o país, para nós, ficamos assustados.
É dentro desta lógica que o PCP e o BE se esquivam ao Pacto de Estabilidade apresentado pelo PS. PCP e BE conseguem a proeza de apoiar este governo, mas não as suas medidas. De suportarem este governo, mas não os seus resultados. Sucede que há uma coisa que PCP e BE esquecem: sem eles o governo PS seria ilegítimo. Sem o apoio dos comunistas e dos bloquistas, quem venceu as últimas eleições seria governo. Não estamos, pois, a falar de um pormenor, mas de algo muito concreto e com forte repercussões no funcionamento do nosso sistema político. Por muita experiência que o PCP e o BE tenham em se eximir das suas responsabilidades o certo é que a legitimidade do governo advém deles. Se o PS governa é porque PCP e BE querem. E se o querem as escolhas deste governo são também as suas.
Dizer que o BE não é comunista é o mesmo que dizer que Trostky não era comunista.
Precisamente!
SHIRI BIRI : “Dizer que o BE não é comunista é o mesmo que dizer que Trostky não era comunista.”
Para além dos trotskistas reciclados mas não desconvertidos, não esquecer os maoistas da ex-UDP e os marxistas revolucionários de outros grupos da velha extrema-esquerda dos tempos do PREC e de antes do 25 de Abril que são hoje a espinha dorsal e os inspiradores ideológicos do BE.
Não é por acaso nem é em vão que, como diz o André Abrantes Amaral, “o seu [do BE] programa político, económico, financeiro, social e cultural é em tudo semelhante ao dos comunistas.”
Muito bem apanhado, André! Um título mais preciso seria “Os mestres na arte da hipocrisia” ou “Espelho, espelho, há maior hipócrita do eu?”
A xungaria governa e Marcelo dorme!
Joaquim Brito, não se esqueça que os aventais são muito afectuosos entre eles.
Marcelo não concorreu à Belém para se chatear com minudencias, como isso de como o governo quer cobrar impostos e redestribuir benesses nos próximos anos. Deixem-me passear”.