O Orçamento do Estado 2016 ainda não foi submetido a votação final, mas já precisa de uma nova errata que corrija a errata, que por sua vez corrigiu uma errata da versão original, que já de si é um erro.
O BCE reviu em baixa, de uma forma muito expressiva, as previsões de inflação para a Zona Euro. Ora, um dos artifícios do OE2016 é precisamente depender de uma variação significativa dos preços para empolar a receita fiscal. Em sentido positivo, claro está. Sucede que a revisão é em baixa, e prevê uma inflação de 0.1% para 2016, quando em Dezembro previa 1%. Esta diferença de 0.9 p.p. tem um enorme impacto nas contas do OE2016, pois reduz consideravelmente a receita fiscal. Segundo as contas do OE2016, a receita fiscal total é cerca de 44.1% do PIB nominal. Se o PIB nominal cair 0.5 p.p. face ao estimado (admitamos que internamente os preços sobem mais do que na Zona Euro), então esta variação terá um impacto de aproximadamente -400M€ na receita fiscal.
Actualmente, o OE2016 prevê um deflator do PIB de 1.8%, que combina o efeito da variação interna dos preços, medida através do Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (IHPC), estimado em 1.4%, com o efeito do aumento dos preços externos, o que inclui a Zona Euro. Esta revisão em baixa torna completamente inverosímeis as estimativas do Orçamento do Estado 2016, reforçando ainda mais a necessidade de adoptar o plano B, que, em boa verdade, sempre foi o plano A. Idealmente ainda antes do próximo resgate.
Saia mais uma “Errata Provisória” 🙂
O BCE reviu em baixa, de uma forma muito expressiva, as previsões de inflação para a Zona Euro.
(1) A inflação em Portugal não é forçosamente a mesma que a inflação (média) na Zona Euro.
(2) Se fosse como o Mário sugere, todos os países da Zona Euro teriam que agora ir modificar os seus Orçamentos de Estado, para alinharem as inflações neles previstas com a nova previsão do BCE. Não seria somente Portugal a ter que rever o seu orçamento.
Estávamos lixados se, de cada vez que o BCE (ou o FMI, ou seja quem for) cospe cá para fora uma nova previsão, tivessem todos os países que ir modificar os seus orçamentos de Estado.
Caro Luís Lavoura, bons ventos o tragam. É sempre um prazer.
1) Pois não é, e se lesse o artigo veria que em nenhum lado tal coisa é dita; aliás, eu explico que o deflator do PIB reflecte a variação interna e externa dos preços, sendo que a externa inclui a ZE, em particular os nossos parceiros comerciais.
2) Os restantes parceiros não martelaram nos deflatores; se o fizeram, então sim, também terão de rever os seus orçamentos.
Um bom Orçamento de Estado constrói-se com inflação 0% e crescimento 0%, o que vier a proporcionar tanto um como o outro indicador é quase inóquo, excepto se houver deflação e o PIB se contrair.
Mas mais vale começar a ZERO e beneficiar de eventuais efeitos positivos do que imaginarmos efeitos positivos QUE SABEMOS NÃO VÃO ACONTECER!!!
Porque é que Costa já aumentou gasolinas, electricidades e etc? Se não existe inflação o Costa arranja.
Luis Lavoura,
O problema é maior pelo facto de que, desde o inicio, os pressupostos apontam para uma taxa de crescimento do Pib que é irrealista.