O Professor Doutor

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Há uns anos, numa crónica, o Vasco Pulido Valente criticava esta “República de Professores”. Eu também estou farto de Professores Doutores. Se a net e as redes sociais vieram demonstrar alguma coisa foi a completa ignorância dos habitantes das torres de marfim acerca do Mundo que existe cá fora. Desde o Professor Doutor que descobriu que o subsídio de desemprego é um subsídio às empresas, ao Professor Doutor que afirma que o nível dos impostos não afasta investimento, ao Professor Doutor (o Beeker das Finanças por exemplo) que renega tudo o que julga saber em nome sabe-se lá de quê. Carregados de fórmulas matemáticas, folhas Excel e modelos econométricos parecem nem sequer saber que do outro lado dessas fórmulas estão pessoas.

É mais que altura de darem lugar a canalizadores ou mecânicos. Pelo menos estes, ao contrário da caterva de Professores Doutores que nos tem pastoreado, não há memória de nos terem arruinado.

O Professor Doutor é um fala barato de um cagão que só arrisca o que é dos outros, que mal sabe gerir o guarda-vestidos, mas que entende que sabe o que é melhor para os outros e lhes quer impor comportamentos. Puta que o pariu.

22 pensamentos sobre “O Professor Doutor

  1. António Correia

    O melhor texto que li na net nos últimos 20 anos, parabéns, é isso mesmo, sem tirar nem pôr.

    Estes merdosos cheios de canudos que mais não sevem para limpar o cu, não valem um karalho.

    Phuta que os phariu.

  2. Sem Norte

    O que mais me chocou foi o professor doutor mamede do be em pleno prós e contras afirmar que o dinheiro que Portugal pede emprestado é receita.

  3. Fernando S

    Sem Norte : “o dinheiro que Portugal pede emprestado é receita.”

    É “receita” milagrosa se não tiver de ser reembolsado !… 😉

  4. André Miguel

    Ora bem! Finalmente começamos a perder a virgindade e chamar os bois pelos nomes. Mai nada! Se não for assim esta republiqueta não tem concerto. Quanto a esses doutores é deixá-los a pregar aos peixes e manda-los levar naquele sítio.

  5. Pinto

    Um exemplo disto, acabei de ler no Jugular. Uma senhora doutora, médica, especialista não sei no quê, que trabalha no hospital não sei de onde, exibe um gráfico no qual os portugueses são os que mais vão às urgências,e exibe-se com isto, a propósito da ideia de se mostrar, online, o tempo de espera nas urgências:

    “isto vai funcionar como um “potenciador” das idas à urgência – tudo o que não precisamos, como se prova pela imagem junta”

    Este post levou-me ao escrever um comentário (que duvido que seja aprovado naquele blogue):

    Eu diria mais: bom bom era não ir ninguém e colocar-se uma cama para os médicos em cada urgência, que isto de adormecer na cadeira não dá com nada. No dia a seguir estão maçados na sua clínica, porque não descansaram como deve ser.

    1. As imagens não provam nem deixam de provar coisa nenhuma. Se eu for às urgências com um braço partido preciso de ir às urgências e ponto final.
    2. O recurso às urgências foi, infelizmente, o mecanismo que as pessoas encontraram para ultrapassar as barreiras burocráticas e a lentidão de uma resposta. Em alternativa, podemos acreditar que os portugueses são piegas e os checos gente rija (observação que faz a delícia de qualquer médico). É que, parecendo-lhe que não, mesmo as pessoas que têm médico de família, para marcarem uma consulta, de rotina ou por necessidade imprevisível, só o conseguem dali a alguns meses. Se a pessoa está engripada obviamente que quer uma resposta em dias ou no próprio dia, coisa que em Portugal é impossível (e na Alemanha – país com um rácio de médicos igual ou inferior ao nosso – a normalidade). Infelizmente no próprio dia só conseguem fazer a marcação, e mesmo assim têm de ir às 6 da manhã para o centro e passar metade da manhã nisto (digno de uma Coreia do Norte).

    Esta observação, a par de muitas outras provenientes de idênticos ayatolas do SNS, só vêm comprovar o corporativismo balofo que subjaz um serviço que só existe na forma, que existe para se servir e não para servir, que é uma mera bandeira político-ideológica. Quando um cidadão precisa de uma intervenção e ela lhe é marcada para dali a uns anos, quando boa parte da população está há décadas sem médico de família, quando uma criança de 10 anos vai a uma urgência às 9 da manhã, com um braço partido, e o chamam às 19, quando uma pessoa tem uma dor aguda de dentes e tem forçosamente de se socorrer numa clínica particular, é sinal que nesse país não há qualquer serviço nacional de saúde. Há clínicas e hospitais particulares para quem tem dinheiro e depois uma bandeira monstruosa, pesada, cara, que destrói e consome o país. O SNS é como um carro sem motor: o dono vangloria-se dele, mostra-o aos amigos que vão à sua garagem, mas não o pode usar porque ele não lhe serve para o fim a que se destina.

  6. antónio

    Culpa da merda em que se tornou a academia que temos, pariu Nódoas e tempos novos. Academia que pariu ideologia de merda em vez de conhecimento. Puta que pariu o doutor da mula ruça.

  7. Baptista da Silva

    Hoje no Publico:
    Costa oferece a Merkel duas mil vagas no ensino superior para refugiados.
    Uma outra proposta do Governo destina-se ao recrutamento de refugiados que estejam disponíveis para trabalhar na agricultura.

  8. Algarvio

    Recordando professores como José Hermano Saraiva vemos que esta canalha nem para lhe limpar os sapatos servia.

  9. Revoltado

    atenção, as generalizações são sempre perigosas. conheço muito boa gente na academia, pessoas modestas, com real conhecimento. Uma delas até já fez a sua perninha na vida política. Infelizmente foi comido vivo, exactamente por ser demasiado sério.

  10. Kubo

    Poeta António Aleixo – que não era Catedrático…:

    És um rapaz instruído,
    És um doutor; em resumo:
    És um limão, que espremido,
    Não dá caroços nem sumo.

  11. jo

    Homem, não seja por isso!

    Pergunte ao Relvas, ao Sócrates e ao Passos, que eles explicam-se como se arranja um canudo de aviário.

  12. Sem Norte e Fernando S:

    O Catedrático Paulo Trigo Pereira, há uns tempos, vomitou esta catedratice: “Dívida é receita não efectiva” – como é receita adiciona-se ao Activo…
    Não admira pois que o Iluminado Prof. Dr. Ricardo Paes Mamede vomitasse na TV:

    > “o dinheiro que Portugal pede emprestado é receita.”

    Dívida é dívida. Bastaria fazer um exercício silogístico aristotélico simples para entenderem a sofística da asserção vomitada; mas para isso deveriam ensinar nas Faculdades de Economia os rudimentos das Categorias de Aristóteles com vista a evitar-se erros de palmatória dos Doutores doutorais. PPP’s suculentas e artifícios tipo Swaps não passariam no crivo da elementar silogística de Aristóteles, mestre no esvaziamento da argumentação da Sofística.

    Razão tinha S. Paulo (que não era Prof. Doutor…):

    > “Julgando-se Sábios, tornam-se néscios”.

  13. Simão

    Ainda ontem o SôProfexxorDótor Rosas dizia algo como: “não sei bem o que é a credibilidade de um país”
    🙂

    Parabéns pelo post.

  14. ingenuo

    Uma mosca sem valor
    poisa, c’o a mesma alegria,
    na careca de um doutor
    como em qualquer porcaria.
    Antonio Aleixo

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