O papagaio da Fenprof

António Barreto no Diário de Notícias

Com a ajuda de António Costa, o ministro Tiago Brandão Rodrigues teve, nas televisões e no Parlamento, dois dias de glória. O ministro não ouviu quem devia ter ouvido, não acatou conselhos sábios de prudência e experiência e tomou medidas radicais a meio do ano lectivo. Com o atrevimento próprio dos ignorantes, denunciou a ideologia dos outros, declarando-se definitivamente científico e no cumprimento do interesse dos alunos. O parecer do Conselho Nacional de Educação diz o contrário? Aconselha várias medidas cautelares? É indiferente, “quem manda é o governo”. A disciplina, o trabalho, o rigor e o método? São etiquetas ideológicas que devemos afastar. O que importa é que a educação promova a igualdade e não a “elitização”, termo inventado por um analfabeto e adoptado pelo ministério. Parece ter ouvido cuidadosamente os dois partidos de extrema-esquerda e a Fenprof: sente-se até nas palavras utilizadas. Exprime-se numa língua de pedra, feita de lugares-comuns e de expressões aparentemente científicas. Diz que o sistema anterior é nocivo, provoca danos, criou traumas, promove a desigualdade, forma elites e traduz a cultura da nota. Não ouve nem dialoga com os parceiros, mas “informa-os das premissas”. Não ouviu os directores das escolas não se sabe porquê, mas também não interessa, porque “quem governa é o governo”. Reformou os exames e as avaliações a meio do ano, o que para ele não tem qualquer espécie de importância. Não falou com várias sociedades científicas, nem com organizações de pais, mas ouviu a Fenprof, que já o felicitou.

9 pensamentos sobre “O papagaio da Fenprof

  1. tina

    É pelo menos tranquilizador ouvir vozes sensatas que em dois tempos poem a descoberto a personalidade do biólogo de barba que se faz passar por ministro de educação.
    .
    O que ainda ninguém se lembrou foi de criticar Costa por esta escolha, que vem só ao encontro do nível de incompetência e disparate que demonstrou no passado, tal como taxa turística, etc.

  2. revoltado

    Outro erro é a criação da prova de aferição no 2° ano. No sistema actual não há retenções no 1° e cerca de 30% dos alunos do 2° anda na verdade a repetir o programa do 1° ano. Estes alunos vão fazer o quê para uma prova do 2°? Sentir-se ainda mais miseráveis por não saberem os conteúdos?

  3. maria

    O ministro anterior ouviu o conselho científico? Teve em conta as suas recomendações? Não justifica, mas a estratégia foi idêntica. Eu quero, posso e mando.

  4. Absolutamente de acordo. Em particular, sobre a recusa da “cultura da nota” escrevi no meu blog:

    “O novo Ministro da Educação diz que quem o acusa de radicalismo tem razão, porque a reforma que pretende fazer na educação é radical. Diz também que é errado que se adopte a nota como a principal finalidade da educação. Como a nota é inconveniente, acaba com os exames. Deveria antes acabar com a nota. Isso sim, seria absolutamente radical. Se o ministério desse ordem para acabarem as notas, seja as de 1 a 5, as de 1 a 20, as de 0% a 100% e as de “não satisfaz”, “satisfaz”, “Satisfaz” (sim, há uma escala em que “satisfaz” vale um pouco menos de “Satisfaz”), “Bom” e “Excelente”, enfim, acabar com todas as notas, classificações e apreciações, então teríamos a educação em estado puro, a ausência de desigualdades, e, por consequência, acabavam-se também as reprovações, as retenções e outros tipos de chumbos, como o “não aprovado”. Espero que nos 4 anos da legislatura o ministro tenha tempo para esta reforma radical.”

    blog “Será que os anjos têm sexo?”

  5. Pável Rodrigues

    Lamento desiludi-lo, Sr. Júlio de Andrade, mas não vai poder esperar sentado. A próxima bancarrota, a quarta a que os socialistas vão conduzir este pobre país após o “25 da silva”, está já ai ao virar da esquina.

    A propósito do assunto “A cultura da nota é nociva; a nota para a cultura é que é bom”, recomendo a leitura deste artigo: http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/viriato-soromenho-marques/interior/conviccoes-educativas-4980863.html .
    Quanto ao seu blog, que aproveita para publicitar, só um comentário:
    – Não,tal como os socialistas, os anjos não têm sexo.

  6. JP-A

    O país é gerido por comunistas, comunistas envergonhados do PS, e um outro que é, quer e gosta de ser chefe. E o chefe, para estar, vendeu o país aos comunistas declarados. O resto são complicações líricas. O plano é simples: a direita deu cabo disto tudo (ainda ontem o disse o ex da saúde do PS, que ninguém teve a indelicadeza de mandar à merda como merecia) e nós viemos arranjar. O coelhone é a mesma coisa. Histórias simples de gente esperta, para atrasados mentais e leitores da Maria. É no que dá o PSD e o CDS não terem partido a louça e esclarecer a população sem papas na língua sobre como isto estava em 2011. Quiseram ser europeus.

  7. Anticapitalista

    Ai tantos pafistas ainda ressabiados!!!!!
    Não fazia ideia de que ainda andava por aqui tanta gente desta, mas que andam, lá isso andam, e agora todos entusiasmados com o grande “socialista democrático” António Barreto, outro pafista bafiento que aceitou ser ministro da agricultura para e enterrar a reforma agrária….

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