O meu artigo no jornal ‘i’ de ontem.
Estado de corrupção
O milionário chinês e presidente do grupo do Fosun, Guo Guangchang, foi detido na semana passada. Os motivos, ao princípio desconhecidos, estarão relacionados com a corrupção que as autoridades chinesas, perante os maus resultados da economia, decidiram combater.
O problema é que na China comunista, porque o mercado está fortemente dominado pelo Estado, os empresários têm de fazer negócios com gestores públicos que, com um peso político suficiente, assegurem as licenças emitidas pelas autoridades e até mesmo o necessário financiamento dos bancos, nos quais o Estado também tem um forte peso.
Numa economia totalmente desvirtuada como é a chinesa é quase impossível fazer negócios sem se ser corrupto. O sistema é tolerado enquanto funciona, ou seja, enquanto os bolsos de todos se vão enchendo e a economia apresenta resultados que não obrigam a que se procure um bode expiatório.
O que acontece quando os vícios que desacreditam todo um sistema vêm à tona e a economia começa a dar de si. Nesse momento, os governos assustam-se e, para sobreviver, trocam os resultados económicos pelos políticos: combate à corrupção, detenções, ou que seja mais apropriado para restabelecer aquilo a que eufemisticamente se chama de confiança. A forte ligação do Estado ao grandes grupos económicos é a forma que o socialismo tem encontrado para sobreviver, como se vê bem na China, mas também, embora noutra escala, em Portugal com o BES e outros casos similares.
Também há regimes que para sobreviverem, consideram que todo o dinheiro é bom, venha de onde vier, quem é rico não pode ser corrupto porque é um protegido dos deuses do mercado. Logo não há nada de errado em vender empresas públicas que prestam serviços essenciais a corruptos.
Como o bes em portugal?!
Sim a detenção de Ricardo Salgado foi isso, é o que falta dizer ahaha.
Em portugal nem se detém pessoas do “poder” quando existem maus resultados económicos.
Salgado foi detido, talvez sim, por em Portugal estar a romper com alguns senhores do regime na altura.
Claro que o governo anterior não foi perfeito, mas “só” ter conseguido romper com alguns senhores do regime foi bom.
Sim, china é um modelo económico com várias “anomalias” disfarçadas pelo crescimento dos últimos tempos
Bem haja
jo : “quem é rico não pode ser corrupto porque é um protegido dos deuses do mercado.”
Ninguém diz isto. Muito menos os defensores do mercado livre.
Este tipo de frases é um bom exemplo da demagogia que passa à frente dos argumentos.
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jo : “Também há regimes que para sobreviverem, consideram que todo o dinheiro é bom, venha de onde vier”
Deve estar a falar dos regimes “anti-capitalistas”, comunistas e socialistas, onde uma nomenklatura dirigente intrinsecamente corrupta negoceia em nome do Estado e de interesses privados com paises e entidades privadas capitalistas para terem financiamento e investimento externo !…
Numa democracia liberal de mercado funciona o Estado de Direito.
Os investidores externos devem conformar-se com as leis vigentes e, se ha suspeitas, cabe à justiça investigar e actuar.
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jo : “Logo não há nada de errado em vender empresas públicas que prestam serviços essenciais a corruptos.”
As empresas publicas portuguesas em questão foram vendidas a investidores externos privados, incluindo chineses, que não eram na altura objecto de qualquer suspeita ou processo judicial de relevo.
O que se possa eventualmente passar a seguir é da alçada da justiça, que deve ser imparcial e independente (desde logo do respectivo governo).
Diga-se em abono da verdade, que o facto de haver empresarios que são investigados e prestam contas à justiça não é em si uma prova de culpabilidade nem os torna à partida infrequentaveis.
Ainda menos quando a “justiça” em questão é a de paises onde não é independente e esta normalmente ao serviço do poder politico (como é muito bem explicado no post em cima).