O mito da radicalização

Filipe Nunes Vicente

Para o actual espectro político em que os bons se revêem ( de Arnaldo de Matos, Mortágua,  Jeronimo  de Sousa e  Pacheco Pereira  até João Galamba e Adão e Silva) Sá Carneiro, no seu tempo  era um fascista. Convém recordar. Na altura  não era o  social-democrata com preocupações humanista e sociais como o pintam agora. O seu longo e adunco  nariz era caricaturado como o de um abutre  ao serviço do capital e/ou do fascismo revanchista. Pelo espectro político supramencionado. Não é caso único. Freitas do Amaral, em 1986, levou o mesmo tratamento. Era um fascista envergonhado, um ex-colaboracionista com a longa noite.
E assim tem sido, num país em que  a direita  tem vergonha de existir porque associada  imediatamente ao salazarismo e à opressão das liberdades.  Isto é feito, incrivelmente, por  forças políticas que, antes e depois de 1974, continuaram a ostentar com orgulho a sua associação a regimes que mataram, prenderam  e torturaram milhões de pessoas. Os mais novos limitam-se a aproveitar  a pista.
Agora, na senda da boa agit-prop , criaram o mito da radicalização. Talvez porque seja incomodativo chamar fascistas e ricaços  a 38% dos votantes.

5 pensamentos sobre “O mito da radicalização

  1. Gil

    Vocês bem tentam… Mas, comparar Sá Carneiro (que se afirmou na política em oposição á ditadura, convém não esquecer) e o contexto em que desenvolveu a sua política com o “sistema de interesses” em que o centrão, hoje, se move, é comparar o incomparável.

  2. Fernando S

    Gil : “Sá Carneiro (que se afirmou na política em oposição á ditadura …”

    É verdade …
    O que não obsta a que tivesse sido deputado da “União Nacional”, o partido do regime…
    E, depois do 25 de Abril, afirmou-se sobretudo na oposição ao comunismo e foi claramente politicamente alternativo ao Partido Socialista.
    Representou portanto a opção politica à direita.
    A recuperação que a actual “maioria de esquerda” quer fazer do fundador do PSD é simplesmente infundada e vergonhosa.
    Mas como os mortos não falam … vale tudo !

  3. maria

    Conheci Sá Carneiro antes do 25 de Abril, e após ter vindo de LONDRES duma operação aos intestinos, onde esteve bastante mal, provocado por um acidente da PIDE. Era um homem simples e inteligente. Quando foi 1º ministro fugia aos seguranças. Recordo que num dia tinha fugido à segurança e encontrei-o na Gulbenkian com Snu Abecassis vendo os quadros dum pintor Belga. Os seguranças estavam zangados.Não digam mal do que não conhecem.

  4. Alberto Silva

    O PSD de Sá Carneiro e o PSD de hoje em dia não têm nada a ver. Uma vergonha a associação que foi feita no tempo destinado a Direito de Antena que o PSD exibiu na RTP no dia de aniversário do seu falecimento a semana passada.

  5. Fernando S

    Alberto Silva : “O PSD de Sá Carneiro e o PSD de hoje em dia não têm nada a ver.”

    TEOREMA : Apenas as pessoas de esquerda, como o Alberto Silva, estão capacitadas para dizerem a quem “pertence” Sá Carneiro !
    COROLARIO : As pessoas de direita, e em particular os militantes e apoiantes do PSD, não teem legitimidade para celebrar o aniversario do falecimento de uma figura historica de direita e fundadora do actual principal partido da direita, o PSD.

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