O LUAR de Mariana Mortágua

A esquerda está em festa e já começou a dizer disparates. O primeiro foi este texto da deputada Mariana Mortágua com o título, “Felizmente há Luar”. Não se compreende a razão do título a não ser uma tentativa de demonstrar a erudição da deputada; ou será que há outra razão? Em qualquer caso, por mais justificações que aqui se procurem, esta comparação é  absolutamente desrespeitosa da memória das vítimas do (s) regime (s) criticado (s) por Luís Sttau Monteiro. Não sei se a senhora deputada terá lido a obra de Sttau Monteiro, mas esta desenrola-se em torno de uma execução simbólica e de um assassino: D. Miguel Pereia Forjaz. Este indivíduo foi quem deu uma ordem de enforcamento, declarando: “é verdade que a execução se prolongará durante a noite, mas felizmente há luar e parece-me tudo tão sossegado que espero não causar prejuízo algum“. O herói é, como todos saberemos menos a autora daquele texto, Gomes Freire de Andrade, um lutador contra o poder absolutista e tirânico dos governadores e do generalíssimo Beresford.

Aplicando esta metáfora literária tentada, de forma trapalhona, por Mariana Mortágua, uma vez que o governo caiu com a aprovação de uma moção de rejeição cujo efeito foi “executar” Pedro Passos Coelho a mando de António Costa amparado que estava pelo poder absolutista da “união” da esquerda,  pela interpretação que a deputada faz, o ainda Primeiro Ministro é um mártir, uma chama de esperança que brota da fogueira em que ardeu.

Mas o artigo de Mariana Mórtagua revela que ou não terá lido o livro até ao fim ou, então, só leu aqueles textinhos de apoio resumidos a que os alunos mais desleixados recorrem nas vésperas dos testes. É que, na altura da execução, Matilde, amiga do General Gomes Freire,  encoraja e estímulo o Povo a revoltar-se contra a tirania de quem ordena a execução. Parece, então, que Mariana Mortágua, se é que ainda está do lado do Povo e ainda não se vendeu ao “grande capital”, incita-o a rebelar-se contra esta execução de Pedro Passo Coelho e do seu movimento liberal. Será? No fim do livro, após a prisão do General, num diálogo de tom “profético” e com “voz triste”, o Antigo Soldado, afirma: “Prenderam o general… Para nós, a noite ficou ainda mais escura…”. Um popular responde-lhe, em tom profético e de esperança, “É por pouco tempo, amigo. Espera pelo clarão das fogueiras…” É verdade, para nós, portugueses, a noite ficou mais escura mas é por pouco tempo. Esperaremos, então, pelo clarão das fogueiras,  que, como afirma Matilde, no final da obra, mostram que a chama se mantém viva e que a liberdade há-de chegar:”Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! / Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim…/ (Pausa) Felizmente – felizmente há luar!”

Na obra de Sttau Monteiro, as alusões ao luar e à luz, referências diretas ao título, sugerem que as forças das trevas, do obscurantismo, utilizam a luz, o lume, para “purificar a sociedade”  e dar o exemplo. A inquisição, recorde-se, considerava a fogueira como fonte e meio de purificação. Ora, será essa a função da fogueira no texto e essa a intenção da “execução” deste governo? Na perspetiva dos opressores do regime de D. Miguel, seguramente que é, e é também mais um ponto que Mariana Mortágua et. al comungam com os opressores da peça de Sttau Monteiro. Por outro lado, se a luz é redentora, o luar pode simbolizar a caminhada da sociedade em direção à redenção, em busca da luz e da liberdade. Nesta última hipótese, que é a sugerida por Mariana Mortágua com o seu aperitivo título, mais uma vez se revela que a esquerda continua a não olhar a meios para prosseguir os seus fins, estando disposta a executar quem quer que seja para ser bem sucedida e rejubilar-se, num texto de opinião com esse feito. Algo que, de resto, temos assistido na História.

No mesmo texto, a deputada Mariana Mortágua confirma as suas posições perigosas, absolutistas, totalitárias, que mais uma vez a aproximam (a si e aos seus) da personagem de D. Miguel Pereira Forjaz, relatando que o que se passou no Parlamento, ontem e anteontem, foi “um momento anedótico da situação política, o fruto de um capricho de Cavaco. Senhora deputada: o funcionamento regular das instituições soberanas é para si uma anedota? Mas será necessário recordar  que este “momento anedótico” resulta da Constituição (artigo 187.º) e do funcionamento democrático das nossas instituições soberanas? Seguramente, no tempo do assassino e governador D. Miguel Pereira Forjaz, o “momento anedótico” de aprovação do programa de um governo, chefiado por um Primeiro Ministro legitimamente nomeado pelo Presidente da República (que, por seu turno, tem legitimidade democrática direta), em sede da Assembleia da República, não existia. Mas num Estado de Direito Democrático, com um regime semi presidencial, é o momento chave de legitimação de qualquer governo. Momento esse que, convém recordar, não ocorria nos períodos da História a que Luís Sttau Monteiro pretende aludir com a crítica que faz no seu texto: quer no século XIX (com um regime absolutista e tirânico, um povo oprimido e resinado), quer no tempo de escrita do livro, 1961, com um regime não menos autoritário.

E o disparate continua quando Mariana Mortágua entende que “o que mudou foi a opção de um milhão de eleitores pelo Bloco de Esquerda e pela CDU”. Nada de mais errado, sobretudo se olharmos aos resultado de 2009 não muito diferentes dos deste ano. O que mudou foi a postura do Partido Socialista, encabeçado por António Costa que, em resposta a uma apregoada “radicalização” da direita reage, imagine-se lá!, com um acordo à esquerda com partidos radicais, esvaziando assim, o “centrão”, como lhe chama a deputada Mortágua.

Por último, e permitida a hipótese de um engano em relação ao título do texto, e ponderando a conclusão de que Mariana Mortágua não se está a referir à obra de Luís Sttau Monteiro, pergunto-me: então porquê este título? Será antes “Felizmente há LUAR” numa alusão à organização terrorista que o seu pai, Camilo Mortágua, que pertenceu?

O perigo de textos ambíguos e imprecisos como este, de Mariana Mortágua, é a visão do mundo que retratam que, pretendendo ser crítica, é de um simplismo verdadeiramente confrangedor.

resumo

22 pensamentos sobre “O LUAR de Mariana Mortágua

  1. Mais uma incompetente, a querer dar-se ares de culta. Triste espectáculo. O que será de nós governados por gente tão fraquinha, tão fraquinha.

  2. nacionalista

    Santa Maria, Banco de Portugal (Delegação da Figueira da Foz), desvio do avião de Marrocos, explosão de material militar com mortes associadas, ataque ao Quartel de Beja, será … regressão psicológica?

  3. Georgina Santos Monteiro

    @ Rinka (Novembro 11, 2015 às 20:34), foi V. Exa que acabou de escrever, citação:

    “[..]. Conseguiu escrever o texto mais idiota da Internet!”

    ????

    Então, você também já percorreu todo o universo? Parabens, muitos parabens. O que Google não consegue, com as mais poderosas máquinas digitais, você sabe fazer, em segundos. Engraçado. Convence mesmo. E muito lógico.

  4. Kubo

    L.U.A.R. é a sua paixão de família. Daí o ‘Felizmente’.
    O dinheiro do assalto, em que participou o seu pai, e que não foi recuperado pelas autoridades – deve ter ido para uma off-shore Proletária… E os assaltantes desentenderam-se com o que restou …
    O papá Camilo Mortágua deu em ocupar herdades no PREC – e agora é latinfudiário no Alentejo…
    Na socialista/bloquista Venezuela:
    “A Pessoa mais Rica da Venezuela – A Filha de Hugo Chavez”…

  5. Spartacus Thraex

    Trata-se de um trocadilho, que vem de longe, relacionado com a organização revolucionária armada onde o pai, Camilo Mortágua, militou: a LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária).

  6. maria

    Ó graça, mas afinal é o “Felizmente há luar “de Luís Monteiro ou o L.U.A.R. do pai Mortágua. Ele há cada uma.
    “Mas o artigo de Mariana Mórtagua revela que ou não terá lido o livro até ao fim ou, então, só leu aqueles textinhos de apoio resumidos a que os alunos mais desleixados recorrem nas vésperas dos testes.” Afinal quem é a mais desleixada? Anedótico.

  7. Kubo

    > «afinal é o “Felizmente há luar “de Luís Monteiro ou o L.U.A.R. do pai Mortágua. Ele há cada uma.»

    Quando a a peça de Sttau Monteiro foi publicada, a agora ‘Esganiçada’ Mariana não era nascida.

    Na escola secundária terá ouvido falar da obra “Felizmente Há Luar!”. Naturalmente, como adiantada mental que é, deduziu – histrionicamente – que a peça teatral de Sttau era uma homenagem póstuma ao Offshore da Classe Operária criada pelo papá Camilo, com os suculentos réditos resultantes do assalto à agência do Banco de Portugal pela Vanguarda da Classe Operária – a L.U.A.R..

    Aluadamente os Esganiçados e Histriónicos, são sempre correlativos aluados…

  8. ingenuo

    O Sr.Mortágua, que participou na ocupação da herdade Torre Bela e que muitos se devem lembrar do diálogo da enxada.

    Mais giro é como as manas Mortágua se referem às pessoas que entraram nesse filme como figurantes para outros figurões:

    “Quanto à ocupação da herdade Torre Bela, Mariana é lapidar: “Tenho o maior orgulho pelo que o meu pai fez na reforma agrária.” Lembra que a mãe conta que “era difícil gerir Torre Bela porque as pessoas eram alcoólicas, antes eram pagas em vinho, não resistiam às ordens, eram malnutridas”.”

    fonte: Público 19/Abril/2015

    Ou seja, a Torre Bela não correu bem porque eram uns bêbados e uns brutos. É assim. A verdade da esquerda e da menina que a endossa.

  9. Alberto Silva

    Sttau Monteiro era um conhecido anti-fascista daí este título ser utilizado como uma metáfora, o que ela quis dizer foi que o fascismo que estava a renascer em Portugal levou ontem um duro golpe.Com certeza há quem não se reveja nisto, mas desde a atitude de paternalismo que Passos Coelho evidenciou ao longo da legislatura, á sua própria fisionomia física com Salazar, à política levada a cabo ignorando as opiniões da oposição (pelo menos agora existia oposição legalizada e que podia expressar livremente a sua opinião) para muita gente esse regime político não estava assim tão distante. Do pouco que correu menos mal nos últimos 4 anos pareceu-me que foi a independencia dos poderes legislativo e judicial que me pareceu sempre garantida, nem tudo foi mau, naquilo que foi bem feito também merece elogio. Aliás essa independência parece hoje estar mais garantida que nos tempos de José Sócrates.

  10. Luís Lavoura

    Muito engraçada esta comparação que a Graça faz entre uma execução verdadeira e a destituição de Pedro Passos Coelho. É curiosa esta comparação entre o direito à vida e o direito a ser primeiro-ministro. É fascinante esta alegoria de Pedro Passos Coelho como sendo um “mártir” devido a ter sido “executado” por António Costa.

  11. Georgina Santos Monteiro

    @ Caro Alberto Silva em Novembro 12, 2015 às 02:56 você disse.

    a. Citação:
    “[…] que o fascismo que estava a renascer em Portugal levou ontem um duro golpe. […]”

    NÃO!! A gaja é burra e MENTIROSA. Qual fascismo? A renascer em Portugal? ELE NUNCA existiu.

    Esse jogo de palavras enganadoras, de mentiras, de propaganda, não permito a ninguém. Em Portugal, ele nunca existiu. Sobretudo, essa crítica, de burros, que adoram o líder assassino da Coreia do Norte, e gostariam de lá viver. Não!!

    Essa estúpida merecia levar uma bofetada nessa cara. A maldade dela é grande, muito grande. Isso é uma calúnia, por isso crime. Caluniar, sem vergonha na cara, é um crime.

    b. Citação:
    “[…] Com certeza há quem não se reveja nisto, […]”

    Erro, errado. As opiniões, falsas, para que valem? É inventar mundos não existentes. É negar o fascismo da esquerda. Só existem fascistas de esquerda em Portugal, e esses estão ainda no poder.

    Não existem provas, não existem factos, que sublinham isso. Para estes podres da esquerda, quem não se querer divorciar, já é fascista? Não é assim? Desgraçados, filhos do diabo.

    O jogo das palavras dessa canalha é assim: Nós estamos aqui, querido povo, para vos salvar do fascismo da direita, fala o ladrão e fascista da esquerda. É só atirar areia para os olhos do povo. Mentiras, armadilhas.

    A verdade diz outra coisa. Salazar não preenche nenhuma condição de um fascista. NENHUM!! E o que os padres da sociedade fascista esquerdista dizem, se arrogam a dizer, não interessa nada. Quem manda é a VERDADE, a afirmação correcta. Só essa. A VERDADE vale PARA TODOS.

    .
    .

    Eu estou indignada e desejo ser indemnizada.

    .
    .
    Que teria sucedido, se os ladrões tivessem dito a verdade, que eles, o que queriam era só roubar? Influenciado pelas doenças cerebrais, causadas pela Guerra Fria? Essas importações diabólicas?

    Temos que acabar com estas mentiras. Esta esquerda (fascista) NÃO TEM CULTURA NENHUMA. São burros e mentem, sem vergonha na cara. Ponto final. A bancarrota não veio por acaso. Mas a bancarrota intelectual, da ideologia, já era conhecida, ANTES DE 1974, sem a mínima dúvida. Importar uma fé podre e corrupta, é o que nós estamos a ver. E nós todos a pagar para alimentar LADRÕES, que NADA SABEM da VIDA!!

    Eles enganaram o POVO, já em 1974. E antes também. Cada dia, que esse nojo passou na prisão, debaixo do regime antes de 1974 foram muita bons. Muito bom.

  12. Georgina Santos Monteiro

    @ Oh, grande camelo, burro, Dervich (às 10:31),

    aí está o fascista da esquerda, o ditador. O nada sabe.
    .
    .
    Em mim nunca mandas. De ti nem uma ordem.

  13. Se vivessemos num país bem organizado, teriamos um governo no dia seguinte as eleições, os dirigentes não precisariam da fantochada cara(paga por nós ) de nomear um governo que todos sabiam que era de faz de conta, com todas as despesas inerentes . Claro que isso aparentemente é estranho e antidemocrarico para palhaços de paises africanos ou dos países com constituições de fachada, que quando querem pagar as contas precisam de pedir aos do norte.

  14. Georgina Santos Monteiro

    @ Sim, mas o que você, Vossa Ex., se esqueceu DE MENCIONAR, é que, cristof9 (às 14:44),

    o país não está bem organizado, devido a pessoas da sua alta qualidade.

    Claro, a RTP anda a pagar com o meu dinheiro palhaços, macacos, a 15.000 Euros por mês, para não pôr perguntas inteligentes e nos is.

    Não, engane-se a si próprio. Aprende a governar bem. Primeiro. Conversa barata.

    A esquerda não manda em Portugal. Nunca!!

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.