17 Diferenças entre um acordo estável e uma coisa de esquerda

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Está feito. Foram assinados uns papéis, foi derrubado um governo, virámos a página da austeridade.  Apesar de, à cautela, já andar a ensaiar o discurso de que todos os governos têm problemas e de que os papéis “valem o que valem”, a esquerda ainda assim garante-nos que estes papéis em particular chegam para tudo isto. Será que chegam?

Como só temos um exemplo de uma coligação que tenha sobrevivido uma legislatura, parece-me razoável fazer uma comparação entre o acordo que serviu de suporte a essa coligação e o acordo que agora nos querem vender para avaliar a “estabilidade” e a “durabilidade” do que temos em cima da mesa:

Acordo pós-eleitoral PSD-CDS (2011) Coisa pós-eleitoral da Esquerda (2015)
Voto solidário do Programa de Governo

SIM

NÃO

Voto solidário de moções de confiança e de censura

SIM

NÃO

Voto solidário do Orçamento

SIM

NÃO
Voto solidário de medidas decorrentes de compromissos com a UE

SIM

NÃO

Voto solidário de propostas de lei oriundas do Governo

SIM

NÃO

Voto solidário de actos parlamentares que requeiram maioria absoluta ou qualificada

SIM NÃO

Voto solidário de propostas de referendo

SIM

NÃO

Voto solidário nas eleições dos órgãos internos da Assembleia da República

SIM

NÃO

Consultas prévias em todas as iniciativas legislativas

SIM

NÃO

Não apresentação de qualquer iniciativa parlamentar que colida com a actividade do Governo

SIM

NÃO

Reuniões conjuntas dos grupos parlamentares

SIM

NÃO

Cooperação e mobilização das estruturas partidárias

SIM

NÃO

“Colaboração empenhada, permanente, leal e franca”

SIM NÃO

Coerência política entre as partes

SIM

NÃO

Nível idêntico de compromisso entre as  partes com a solução governativa

SIM

NÃO

Horizonte Temporal

Legislatura

Legislatura (pelo menos enquanto não for preciso “examinar” o Orçamento, moções de censura, iniciativas de outros grupos parlamentares ou iniciativas que “constituam aspectos fundamentais da governação”)

Resultado

Primeira coligação a cumprir uma legislatura

“Momento histórico”

É certo que nenhum papel salva um governo. O que salva os governos é o alinhamento de incentivos entre todos os envolvidos. As soluções são estáveis se todos os que suportam o governo ganharem ou perderem sempre que o governo em questão ganhe ou perca. É simples.

Por isso é que nem sequer precisamos de avaliar opções políticas para ser fácil de ver que os papéis que a esquerda assinou, “valendo o que valem”, não valem nada. Excepto para António Costa.

11 pensamentos sobre “17 Diferenças entre um acordo estável e uma coisa de esquerda

  1. Creio que o voto solidário do programa de governo não está bem. Pelo que percebi a esquerda compromete-se apenas a não chumbar o governo PS. para isso basta absterem-se. Votação até pode ficar 107-86.

  2. Nuno

    Parece-me que a alínea 1 está errada, visto que o programa de governo não tem de ser votado.

    O artigo 192 da CRP diz que podem ser apresentadas moções de rejeição, ou solicitado um voto de confiaça, mas não obriga a qualquer uma das duas. Mesmo PSD/CDS apresentem uma moção de rejeição, esta tem que ser aprovada por maioria absoluta (PCP e BE podem abster-se e deixar o PS sozinho).

    E não vi nada nas “posições comuns” que obriguem a um voto de confiança.

  3. JS

    Curiosa a avaria do sistema informático para uma tão importante votação. Muito curiosa.
    Casa da democracia ?. É?. De bracinho no ar?.

  4. c3lia

    “Coisa pós – eleitoral da esquerda (2015)” Só não comento com uma grande “lol” em maiusculas, porq infelizmente acho q essa é a designação mais bem-conseguida! “Coisa”

  5. ecozeus

    O voto electrónico não funcionou … não houve problema, funcionou o centralismo democrático (braço no ar) da frente de “esquerda”. O respeitinho é muito bonito e o tacho também!

  6. maria

    Isto é muito mau. Andam a eliminar comentários. Parecem comunas. Deve ser porque 60% de eleitores votaram na esquerda. Estamos fritos, vai haver censura.

  7. Pingback: Estes nem reuniões reuniões bilaterais exigem… | O Insurgente

  8. Pingback: Outra diferença entre a coligação PSD/CDS e os “papéis” assinados à esquerda | O Insurgente

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