Os juros da dívida sobem para máximo de quatro meses, resultado óbvio da instabilidade política e da incerteza gerada com todo o processo eleitoral (e com a possibilidade do aumento das taxas do Fed em Dezembro, embora isso não explique o aumento do spread face à Alemanha). A isto acresce a possibilidade cada vez mais real de Portugal vir a ter um Governo de esquerda equipado com um colete-bomba de propostas que reverterão a consolidação orçamental — e Mário Centeno anda a brincar connosco —, fazendo disparar a despesa. Para lá dos desvarios financeiros, acrescem também os erros económicos, em particular a reversão da reforma do IRC, fundamental para atrair investimento directo estrangeiro, e a baixa do IVA para o sector da restauração, assim discriminando positivamente o sector dos não-transaccionáveis.
«Especulação!» — urdem os tesos que renegam os mercados, mas que não vivem sem dívida para amamentar o anafado Estado. Tecnicamente, não se trata de especulação. Especular é um termo de origem grega (a ironia) que significa olhar para a frente, forward-looking. Ou seja, pressupõe alguma dose de futurologia, um resultado da incerteza que torna o mundo não-determinístico. Neste caso em particular não é necessária qualquer especulação ou adivinhação, até porque o desfecho é claro. As medidas apresentadas pelo PS para o seu programa de governo são um disparate económico e uma ameaça de suicídio financeiro, dada a frágil condição de Portugal. Assim sendo, perceber que o governo de esquerda aproxima Portugal da ribanceira não é exercício de profecia ou de mau agouro, é a indelével dor da queda, sentida por quem sabe que se saltar cai, e se cair magoa-se. Não estranhamente, aqueles que metem dinheiro onde outros só metem palavras descobrem-no primeiro, e primeiro o retiram. Que é como quem diz, afastam-se da ribanceira.
Basta que a agência de rating canadiana meta a nossa divida no lixo que acaba-se a mama do BCE e aí o filme vai-se repetir..
Lá vai voltar a lenga-lenga de esquerda do “ataque dos mercados e especuladores”. Com esta gente, quando algo corre mal, a culpa é sempre dos outros.
http://expresso.sapo.pt/economia/2015-11-06-Juros-da-divida-na-zona-euro-disparam-apos-sinal-de-que-a-Fed-vai-subir-taxas-de-juro
CsA,
Assume perigosamente que Portugal será ajudado em 2016 como o foi em 2011. Pessoalmente não acredito. À desculpa da crise portuguesa nascerão novas crises na Renzi-il-rottamatore-lândia e na Hollande-le-casque-lândia, e não há dinheiro para safar nenhum dos dois na Europa inteira.
Revoltado,
Não é senão feitio dos escarralhados:
a imagem ja esta desactualizada ja vai em mais de 6.5% de aumento
Até quando um partido liberal centrista que deixe o Socialismo na gaveta (já não era mau grande parde)?
MAL, não acho que o caso seja 100% claro. Há uma infima hipótese de o PS governar “ao centro”, afinal, eles querem o poder mas para o poderem conservar. Se tiverem algum bom senso, capacidade de negociação (interna, e com os “parceiros”), e se se forem gradualmente distanciando da ribanceira, ainda podemos ir sobrevivendo. Resta saber até que ponto acreditam que as políticas de esquerda possam destruir o país e terem margem de manobra para arranjar desculpas para não acabar com a austeridade. Sim, secalhar sou ingénua, mas continuo a achar que esta golpada é um show, é um meio para ocupar o trono, e que uma vez lá, além das taxas moderadoras da IVG, adopções felizes e demais assuntos populares e fraturantes, pouco irão mudar. Talvez não nos deixem melhor, mas espero que não nos deixem tão pior assim.
«Reparem como agora se começam a ouvir os comentadores que passaram a última legislatura a zurzir em Passos Coelho dizerem que é normal os governos não cumprirem as suas promessas e programas “por desconhecimento da realidade ou por contingências externas.”»
(João Távora no Corta-fitas)
Mas qual é a solução senão dar posse à coligação de extrema esquerda? PPC não quer ficar em gestão, um governo presidencial será chumbado, parece que estamos condenado, vemos a forca a aproximar-se e não podemos fazer nada..
Os juros subiram hoje mas têm estado a descer durante as últimas semanas. Em sua opinião isso ficou a dever-se à estabilidade criada pela nomeação de um governo que ia durar 10 dias.
Ou anda a fazer aquele exercício, intelectualmente pífio, de só ver as alterações que lhe convém e ignorar as outras?
@ jo (Novembro 9, 2015 às 11:53),
em conclusão, você fala de si próprio, não é?
O que é que você percebe de juros?
Catarina : “Talvez não nos deixem melhor, mas espero que não nos deixem tão pior assim.”
O simples facto de ser cada vez mais certo de que o PS vai governar com o apoio dos comunistas ja esta a ter efeitos negativos …. juros a subir, investimentos suspensos ou desprogramados, etc …
E ainda não fizeram nada !!…
Um autentico desperdicio !!!
Os resultados das eleições e até as sondagens mais recentes, que registam uma subida do PàF mas uma relativa estabilidade do eleitorado, mostram que ainda ha muita gente a acreditar no milagre da multiplicação dos pães !
Talvez porque, no final, as elites e as classes médias “não trasaccionaveis” acabam sempre por ficar a ganhar e quem vai mesmo sofrer as consequencias da cura que vai de novo ser depois necessaria são mais uma vez as categorias populares menos qualificadas.
A esquerda é hoje a defensora por excelencia daqueles interesses instalados e, apesar das aparencias enganadoras (salario minimo, prestações, etc), para o efeito esta pronta para sacrificar mais uma vez os menos dotados e qualificados da sociedade (desemprego, salarios baixos, desvirtuamento e falencia do “Estado Social”, e, no final,… mais austeridade !…).
Ainda ontem escrevi que a projecção do “especialista” Mário Centeno não tem em conta o efeito do aumento dos juros nem a causalidade do conjunto das medidas no cenário macro económico das esquerdas.
Se a tendência dos juros continuar a aumentar, daqui a uma semana a folhinha de excel já lá tem um sinal menos e em seis meses estamos novamente a ser resgatados.
Francisco,
Não poderia concordar mais consigo, a próxima grande questão que se coloca à UE é saber até quando os outros estados membros estão dispostos a entrar com mais “cheques”. Retirar dinheiro aos (espartanos) pensionistas alemães, holandeses, finlandeses, para dar aos nossos reformados de luxo é obsceno.
Portugal e Grécia não têm nada que ver com a restante UE e são empecilho ao crescimento da restante zona euro. Mais cedo ou mais tarde estes dois serão “convidados” a sair.
Catarina,
“Há uma infima hipótese de o PS governar “ao centro” é mesmo ingenuidade, O PC e o BE não governam ao centro. E o cenário macro económico proposto não é o do PS, é sim do PC e do BE, aliás basta ver a quantidade de medidas syrizicas que nele constam. São 70 medidas comunistas com 3 ou 4 socialistas. Do programa eleitoral original do PS já não sobra quase nada.
@ E basta ver, hustler (às 12:26),
que o comunista grego (Syriza) não quer cumprir O PROMETIDO (ver jornais internacionais, para provas)!! Claro que não. Aquela software na cabeça dos ladrões, só dá para enganar. Salário mínimo para os pobres e 1.000 euros por minuto (em entrevistas da vacuidade) para os chefes da organização ladra.
jo, o que é que não percebe desta frase: «resultado óbvio da instabilidade política e da incerteza gerada com todo o processo eleitoral»?
“jo em Novembro 9, 2015 às 11:53 disse:
Os juros subiram hoje mas têm estado a descer durante as últimas semanas. Em sua opinião isso ficou a dever-se à estabilidade criada pela nomeação de um governo que ia durar 10 dias.”
Os juros desceram nas ultimas semanas porque o acordo PS-BE-PCP ainda era meramente hipotético. Agora que tudo indica que vai haver governo “patriótico de esquerda”, a curva começa a animar… Se eu vivesse em Portugal começava a sacar o dinheiro do banco…
É interessante perceber como um país endividado como o nosso passou a estar completamente à mercê dos mercados. Agora já nem é preciso esperar que o défice aumente, ou demonstrar maus resultados na prática, agora bastam leves sinais para provocar uma forte reação. Tornou-se um mecanismo de controlo muito sensível e afinado.
Deve ser algo dos nossos genes latinos esta irracionalidade quase masoquista de votar nos mesmos que nos levaram a desgraça… e naqueles que nos querem levar mais alem dela como o PC e o BE.
Presumo que desde que uma sumidade diga que um resultado é óbvio ele passa a ser óbvio.
Os valores dos juros já variaram antes. Quando há alterações para baixo, foi graças aos nossos grandes timoneiros Passos e Portas, quando houve subidas foi devido às ações dos inimigos da Pátria.
Neste momento sobem, logo: são os inimigos da pátria.
Vocês não gostam de estalinistas mas imitam-lhe muito bem a propaganda.
@ jo (Novembro 9, 2015 às 17:12).
Que grande vacuidade, jo. Prontos, está confirmado, você não sabe resolver problemas, e aqueles que ajudou a criar, nega (qualquer responsabilidade). Mais um perito de juros. Que grande ciência.
Você é mais um desorientado. Mais nada.
A causa e o efeito.
jo, o raciocínio é simples: aos investidores interessa-lhes se vão reaver o dinheiro. Se aparecem uns maluquinhos com umas medidas altamente irresponsáveis que põem em causa o ajustamento orçamental, então a probabilidade dos investidores reaverem o seu dinheiro diminui, e eles vão para outras paragens. É isto.
Jo, é estranho que ainda não tenha percebido que mercado e esquerda são duas coisas incompatíveis. Espere até Costa ser indigitado, nessa altura o juro subirá 5%. Depois, perceberá.
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