Crime deles, castigo nosso, a crónica de Alberto Gonçalves no DN.
Esqueçam por um minuto as circunstâncias actuais e as simpatias ideológicas: com a possível excepção dos tarados que se expõem a velhinhas, haverá alguém provido de menos amor-próprio do que um deputado que abdica da liberdade em prol da respectiva direcção partidária? Um representante dos eleitores que deixa outros decidirem por ele, e decidirem em sentido contrário às suas convicções (?), não só não representa ninguém como não merece fazê-lo. Antes de constatar que a “frente popular” é uma ameaça à democracia, convém apurar se preencher o proverbial “hemiciclo” com pulgas amestradas tem alguma coisa de democrático. Das muitas maiorias que se conseguem inventariar na AR, a mais preocupante é a maioria de funcionariozinhos resignados à “dis-ciplina de voto”, óbvio eufemismo para o sistema de subserviência em vigor.
Não vale a pena falar da extrema-esquerda: ser deputado do Bloco ou do PCP sempre foi uma confissão de renúncia mental, o que até condiz com a veneração do “colectivo” a que o marxismo obriga e o esmagamento do indivíduo que o fundamentalismo exige. Por definição, um parlamentar comunista possui tanta independência quanto os centro-campistas dos matraquilhos. E vive bem com isso, coitado. Não é por acaso que o adjectivo “irreverente” costuma andar associado a essa gente: é por sarcasmo.
Mas talvez valha a pena falar do PS. À semelhança dos partidos à sua direita, o PS não exibe um historial riquíssimo em matéria de autonomia e debate internos. Porém, exibe um currículo suficientemente plural para que os acontecimentos do último mês se aproximem da aberração.
A aberração começou com o silêncio que se seguiu à estratégia do Dr. Costa para escapar à derrota eleitoral e às consequências de um currículo sem préstimo. Fora três ou quatro excêntricos, para cúmulo reformados da AR, os socialistas assistiram mudos às primeiras manobras do exercício. E mudos permaneceram quando diversas relíquias museológicas do partido explicaram a Cavaco Silva que nomear Pedro Passos Coelho seria uma “perda de tempo”. E mudos continuaram quando, nomeado Passos Coelho, toda a gente o declarou a prazo. E mudos provavelmente ficarão quando, na semana que vem, forem chamados a derrubar o governo e a atirar o PS para o apertado abraço de estalinistas e “bolivaristas”. E a despejar Portugal no Terceiro Mundo.
Eis a artimanha dos que inventaram a coligação “antiausteridade”: ao mesmo tempo que se exigia respeito pelo Parlamento, reduzia-se, pelos vistos com propriedade, o Parlamento “antiausteritário” a um bando de nulidades mortinhas por obedecer às alucinações do chefe – desde que as alucinações lhes assegurassem emprego imediato e ainda que desgraçassem o país.
De início, não faltou quem contemplasse isto com ingenuidade e esperasse um levantamento de socialistas indignados. Depressa a ingenuidade se transformou em wishful thinking e, por fim, em completo pasmo. Quarenta anos depois do debate com Cunhal, que justamente enxotou os bolcheviques do convívio civilizado, um sufocado sucessor de Mário Soares convocou-os a voltar. E os invertebrados serviçais da criatura preparam-se para ser decisivos cúmplices de um crime, que embora não previsto na lei é facilmente previsível nas nossas castigadas vidas. Resta Cavaco, se restar. (…)
Sempre defendi o mesmo até ler este texto de Vital Moreira, agora tenho algumas dúvidas,,,
“Isso é assim por maioria de razão num sistema como o nosso em que os partidos detêm o exclusivo da representação parlamentar, sendo os deputados indicados pelos partidos em lista fechada, que os eleitores votam em bloco. E mesmo que houvesse “voto preferencial”, as coisas não se alterariam; os deputados continuariam a ser propostos pelos partidos e a representar o respectivo partido. Consequentemente, são os partidos que vão a votos e são eles que respondem perante o eleitorado nas eleições seguintes. Afirmar que os deputados só devem responder perante os eleitores é uma ficção sem nenhum fundamento.
Por isso, descontadas as situações de objecção de consciência e a maior ou menor margem de liberdade de voto conferida pelos partidos (como sucede entre nós no PS), a disciplina de voto é um requisito natural sempre que esteja em causa a subsistência do Governo, como é o caso manifestamente do orçamento. Os partidos devem assegurar uma ampla margem de debate e, se necessário, de votação interna nos seus grupos parlamentares. Mas, uma vez decidida a posição do grupo, essa deve ser em princípio respeitada por todos os deputados.
Resta uma preocupação: se o Livre vier a fazer parte de uma coligação governamental, como é que vai conciliar este anarcoparlamentarismo individualista com a necessidade de assegurar aos parceiros de coligação uma votação coesa nas questões políticas essenciais, nomeadamente no orçamento?”
http://economico.sapo.pt/noticias/anarcoparlamentarismo_207780.html
PeSilva
Sendo assim porquê eleger tantos deputados ? Não seria mais racional reduzir os deputados numa proporção de modo a termos apenas 10% dos actuais eleitos? Para o efeito das decisões a tomar não havia qualquer objecção mas reduziam-se muito os custos em termos de vencimentos , subsidios, subvensoes vitalícias , reformas e corrupção associada , ganhando os portugueses , podendo baixar a pressão da extorsão estatista através dos impostos .
Parabéns a AG. Num momento em que “senadores”, opiniadores e outras ditas gratas figuras do regime se apressam a apanhar o comboio Costa, A.G., sem eufemismos, explica que derrubar o muro à posteriori e em roda-livre não é nem democrático nem seria salutar para nenhuma democracia.
Este gesto de este PCP e de (algum) PSs representa quais eleitores ?.
Ditadura de tais “comités centrais” só será possível porque de genuína, representativa do eleitorado, esta AR, Assembleia de esta República, não tem nada.
Represnta sim vários “comités centrais”. Iclusivé do PSD e do CDS.
Com barriga e ego insoflados, nada disto preocupa a dita classe política.
PS. Será que nenhum PR terá coragem para corrigir este estado da arte política ?.
Porque não lêem o “Fim do Homem Soviético” que deu o Prémio Nobel da Literatura a Svetlana Alexievich? Que tal ficar a saber que, entre muitas outras coisas, durante o período Estalinista e da Grande Fome que matou mais de 20 MILHÕES de seres humanos, na Ucrânia, Mães com vários filhos chegaram ao limite de matar um dos filhos para dar de comer aos outros?! E isto é só um entre muitos outros episódios que não vale a pena referir para não chocarmos algumas pessoas mais sensíveis.
E é com gente deste calibre que o Dr. António Costa anda a fazer acordos!
O homenzinho deve estar é a beber demasiada vodca, a snifar coca, injectar heroína ou a fumar crack! Só pode!
Não há ninguém para pôr cobro a toda esta palhaçada e vergonhosa traição a Portugal?