“(…) A existência de um serviço público financeiro – um sistema bancário detido pelo Estado e submetido a critérios e objetivos determinados pelo mandato político e não pelo estrito interesse de acionistas privados – é essencial à democracia. (…) Ora, a importância sistémica do setor bancário prova a necessidade do seu controlo democrático. Para além de ser condição para a transparência e o escrutínio, a propriedade estatal é indispensável à garantia de orientação para o interesse público e não pelos critérios particulares e de mera maximização da remuneração dos seus donos. “Uma das medidas para alteração da estrutura da propriedade bancária deveria ser a conversão em propriedade estatal dos benefícios ou créditos fiscais contabilizáveis como fundos próprios dos bancos, um primeiro passo para a nacionalização dos mesmos”. Mas uma política de controlo público da propriedade bancária deve terminar o ciclo insustentável de recapitalização dos bancos pelo Orçamento de Estado. Assim, o controlo público deve envolver uma reestruturação dos passivos bancários, hoje equivalentes a 311% do PIB, negociada com todos os credores da banca, por ordem de importância, e que proteja os depositantes.”, no manifesto eleitoral do Bloco de Esquerda às eleições legislativas de 2015 (pp. 6 e 7).
Ena. Deve ser para aí a trigésima quarta pessoa que lê isso (incluindo os revisores do texto), e provávelmente a única que quer fazer disso argumento político.
(“Não é que haja mal nenhum nisso”, como dizem nas internetes.)
Já agora, não é que o título das postas ajude.
“Claramente inconsistente” não me parece que seja, a prosa do BE até nem é mal parida, comparada com o que para aí anda.
Quando muito, será incompatível com a prosa do PS (se existe, não sei se essa quadrilha publica teoria), mas não se bispa nas postas o “quod erat demonstrandum” do busílis.
(Por mim não me aquece nem arrefece muito, as diferenças entre liberais com e sem dinheiro são sempre um bocado mesquinhas.)
“Ora, a importância sistémica do setor bancário prova a necessidade do seu controlo democrático.”
Ora, a importância sistémica da agricultura prova a necessidade do seu controlo democrático.
Ora, a importância sistémica da indústria prova a necessidade do seu controlo democrático.
Ora, a importância sistémica do turismo prova a necessidade do seu controlo democrático.
Vá lá não sejam modestos na ambição. Nacionalize-se tudo, que assim é muito melhor para o país. Vamos lá pôr os camaradas do partido a controlarem tudo e a encherem o bandulho “democraticamente”. Vivá democracia (popular, já se vê).
Negociada com os credores por ordem de importância??…Já estou a imaginar aos detentores de títulos de dívida desses bancos. Em que escola é que esta gente andou??