Um cheirinho a balbúrdia

António Costa tem tido o mérito de nos relembrar porque razão Portugal não é hoje um regime parlamentar, mas semi-presidencial. É que desde 4 de Outubro que estamos todos a ter um flashback, não só de regresso ao PREC, mas também dos confusos e instáveis tempos da 1.ª República. Foi para evitar essa tradição de instabilidade que se evoluiu para aquilo que é o nosso modelo actual. Houve quem achasse que era melhor não termos um regime parlamentar, como nos países nórdicos. É que Portugal não é a Escandinávia, apesar de haver por cá alguns vikings loiros.

3 pensamentos sobre “Um cheirinho a balbúrdia

  1. Alexandre Carvalho da Silveira

    Agora está tudo nas mãos do Presidente da República. Espero que esteja à altura da situação, e não permita mais este golpe de estado constitucional que o PS mais uma vez se prepara para fazer depois de em 2005 Sampaio ter dissolvido um Parlamento onde existia uma maioria estavel.
    Cavaco pode usar os mesmos argumentos que Sampaio usou para defenestrar o Santana, para não indigitar Costa 1º ministro com o pretenso apoio do PCP e do BE.
    O PR tem de respeitar a vontade dos portugueses que elegeram uma maioria para governar o país.

  2. Gil

    Cuidado com esses argumentos, porque ainda há quem se recorde que o salazarismo os usava para recusar qualquer deriva democrática: “o povo português não consegue…”, “o povo português não tem cultura suficiente para…”.

    Depois, não percebo a histeria que por aí vai, a não ser por mera estratégia partidária. Nunca acreditei e continuo a não acreditar que o PS avance para um governo de coligação com os partidos à sua esquerda. Mas não teria medo algum se isso viesse a acontecer. No contexto geo-político em que nos encontramos,está totalmente fora de hipótese haver uma saída da NATO, ou uma nacionalização dos “meios de produção”. As diferenças que podiam ser introduzidas, seriam, sobretudo, no que diz respeito ao investimento naquilo que temos a que se pode chamar de “estado social”, na regulamentação das instituições financeiras, numa maior regulamentação da contratação. numa maior firmeza nas posições assumidas no âmbito da UE. Ou seja, meras medidas sociais-democratas, sem colocar em causa nenhum dos fundamentos do sistema. Penso, até, que este é o motivo de muita da histeria que por aí vai: há quem tenha medo de que o povo português perceba que o Jerónimo de Sousa não mata velhinhos com uma “injecção atrás da orelha” e a Catarina Martins não vai “assaltar o Palácio de Inverno”.

    Curiosamente- e apesar de não acreditar na hipótese, repito- isto podia ser a “sorte grande” do PS. Ao integrar o BE e o PC na gestão do sistema, o PS podia retirar razão de existência a uma organização ideologicamente frágil, mas que foi quem lhe retirou mais votos: o BE.

  3. DCF

    Só envergonha quem acreditou que o Galamba iria dizer alguma coisa diferente na Comissão Política do PS. E sim, refiro-me a muitos comentadores e escritores deste blog.

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