É praticamente impossível cruzar o Facebook de uma ponta a outra sem nos depararmos com lamentos perante este resultado eleitoral e pela afluência às urnas dos ricos e da classe média alta que elegeu os “bandidos”. Ora este tipo de discurso ainda parte daquela velha visão aparvalhada de quem imagina uma sociedade que vota nos partidos segundo o nível de rendimento, com o maior dos capitalistas a votar no CDS, num extremo e a plebe a votar no BE e no PCP, no outro.
Esta teoria teria desde logo como consequência mostrar ao país os magníficos índices de desenvolvimento social dos distritos a norte, como Braga, Bragança ou Vila Real, onde aparentemente a percentagem de pobres é bastante diminuta e a de ricos, em alguns conselhos, é avassaladora. Concelhos como Ponte de Lima, Valpaços ou Boticas deviam ser estudados a par de Hong Kong em matéria de desenvolvimento económico tal é, no ideal esquerdóide, a concentração de capital nestas áreas. Aos eleitores do BE só poderíamos apontar aquela grande fatia, na sua maior parte gente de classe média para cima, muito letrada e urbanizada, como possíveis sabotadores infiltrados.
É portanto um exercício de demagogia aparvalhada lançar a ideia de que no PSD e no CDS votam os ricos e que quem tráz a carteira mais leve vota à esquerda. Até porque quem se debruçar sobre os programas dos partidos à esquerda da coligação observará uma série de propostas para obras públicas, reforço da função pública, subsídios às artes e regulações económicas que pretender redistribuir o dinheiro de quem está na penúria – juntamente com uma série de privilégios – por secções da sociedade bem mais abastadas.
O real problema é que a alta burguesia que comanda a esquerda em Portugal nunca engoliu bem o facto de que o zé povinho não tenha absorvido a doce melodia dos amanhãs que cantam e teime em preterir os seus fiéis defensores a troco dos servos do grande capital. A este povo sereno falta-lhe valores revolucionários. Esses senhores que vêm o mundo dos seus gabinetes nas universidades, dos seus palcos culturais , entre outros nobres poleiros, não conseguem descodificar o que vai na cabeça da plebe. E entende-se o porquê: eles nunca o foram. Não é portanto estranho que à esquerda caviar irrite que essa gentalha de pé rapado, incapaz de interpretar um parágrafo de Marx , que enche concertos do Tony Carreira e vira costas à magnificência do cinema lusitano, vote de acordo com a sua vasta ignorância. É o socialismo snob pseudo-intelectual da capital que ainda há uns tempos lançou uma Jihad a um puto de 16 anos que fez pela vida, que troça da escolha de roupa de Passos Coelho e que já veio aqui defender que o povo era parvo porque via muitos American Pies. São estes os Revolucionários de ténis Lacoste.Como escrevi há uns tempos no Mises, estamos condenados a aturar o “maoista de rolex. Gente que afronta diariamente o modo de vida do mundo ocidental, com os seus supostos vícios, luxos e as suas injustiças, mas não dispensa um bom sapato de boutique italiana ou um voo de primeira classe para um show no Olympia em Paris.”
Felizmente para si, o povo terá sempre nestas figuras de alto garabito no mundo intelectual um guia para compreender o que é melhor para si, não vá pelo meio alguém descobrir que um foram um conservador autocrático alemão e um liberal inglês – um conde e um barão, respectivamente – quem construiu as bases do Estado Social. Reza a lenda que se o país pacato que (sobre)vive na crise viesse a saber como vivem e falam as altas cúpulas do PSD/CDS – e arrisco dizer do arco da governação – a esquerda radical teria uma votação avassaladora. A mim parece-me mais correcto admitir que, descobrisse o país como se vive e fala nas cortes da esquerda caviar esta estaria há muito a debater-se com a extinção. Esses sim são pobres. De espírito.
Muitas das pessoas das classes mais baixas votaram na coligação, vão voltar a votar na coligação, e já se sabia que isso ia acontecer. Bastava pararem de debitar fantasias na TV e irem à rua apalpar o terreno, a começar pela região norte, onde os sinais eram inequívocos. E qual era o raciocínio? Simples: quem vive mal não se pode dar ao luxo de votar no PS e correr o risco de ficar a viver muito mal. Não há margem. É como alguém que opta por não ir a casinos e ficar com o que tem. É tão simples quanto isto. Digo mais: quem vive mal está muito melhor informado sobre o que se passa no PS e na vida política do que a classe média remediada, que muitas vezes só se guia pelo cheiro e que tende a estar completamente alheada, mesmo das coisas mais escandalosas que aparecem nas primeiras páginas dos jornais.
O CDS não é o partido dos ricos, uma vez defendi uma ideia do CDS e fui apelidado de FACHO
Apelidarem de fachos quem não escreve, recita e dá loas infindáveis e sentidas ao Estaline ou ao Chancho Guevara é coisa de se partir a moca a rir.
Quem depende ou quer depender do Estado, fazendo pouco e ganhando mais do que ganharia no privado, ou quem é seu familiar, ou é fornecedor do Estado e dele depende para singrar, vota PeiÉsse ou em neo-totalitários. São dois lobos.
Os que os sustentam votam PSD ou CDS. São dois cordeiros.
Nas eleições decide-se o jantar.
Eu não acho que o PSD ou CDS sejam partidos fascistas. Porque os fascistas são nacionalistas e querem o melhor para o país, pelo menos na cabeça de um fascista, age fazendo o que acha que é o melhor para o país.
O PSD, O CDS e o PS são sim partidos dinheiristas. Não há ideologia política, não há ideias, há sim ganância e enriquecer a todo o custo com o menor esforço possível.
Por isso é que na realidade nunca poderá haver uma aliança entre PS, PSD e CDS, ou se há é apenas temporariamente por conveniência para proveito próprio. Por exemplo, o CDS apenas se aliou ao PSD porque sabe perfeitamente que se não o fizesse, iria eleger 5 deputados e se calhar até estou a ser simpático. Quem não se recorda do resultado destaroso que eles tiveram em 2005 com o Paulo Portas a chorar em directo para a TV, enquanto dizia que se retirava da liderança do partido?
Da mesma forma que o PSD se absteve na AR quando o governo de Socrates apresentou o PEC I, II e III tendo depois chumbado o IV. Porquê? Ao ter permitido os 3 primeiros passarem, falsamente se aliou ao PS, quando na realidade sabia bem o quão falhados eram todos aqueles documentos, mas só ao fim de 3 PECs eles poderiam ter a certeza que a população íria estar frustrada o suficiente com o governo de Socrates, para assim poder efectuar um assalto ao poder e vencer facilmente as eleições em 2011.
Por isso estou extremamente satisfeito com o desfecho destas eleições legislativas, não há uma maíoria absoluta e agora o PS irá aliar-se por conveniência ao governo, sempre atento até provocar a queda do governo. Ou seja, vai haver circo, e quanto mais circo e telenovelas houver, mais pessoas irão abrir os olhos em relação às verdadeiras intenções dessa gentinha, por muito que a comunicação social diga que sem eles é o caos.
TL;DR: No PS, PSD e CDS não faz parte das suas agendas o bem estar do país. São como organizações criminosas que lutam entre si pelo controlo absoluto de uma cidade para uma única ter os lucros da actividade criminosa que realiza.
Se assim fosse, então Lisboa estaria cheia de ricos (116 mil na coligação, 163 mil na esquerda).
Se a teoria do Rico-Direita e Pobre-Esquerda for verdadeira eu quero acabar com a esquerda…quero que todos os Portugueses sejam muito ricos.
Um tipo lê este texto e diz para os seus botôes : “é isto mesmo”.
Será o óbvio tão difícil de apreender?…
Partilho a sua opinião.
Percebe-se que as raqueis, os soares, os almeidas, danieis azeitonas, os galambas, os loução, as catarinas, as mortáguas, etc etc, é tudo gente pobre e miserável que vive e se alimenta na sopa dos pobres, pois estes é que votam na esquerda para elegerem aqueles privilegiados.
Ninguém percebe que gente da lagosta e do champanhe esteja à frente de partidos que têm como eleitores os pobres e deserdados deste mudo,
Quer dizer, quem precisa do voto dos pobres são eles. Se acabarem os pobres, os deserdados da sorte, os partidos de esquerda dão o peido-mestre.
A Esquerda não se preocupa com os pobres, a Esquerda precisa dos Pobres.
Se as Esquerda se preocupasse com os pobres faria festas ao capitalismo por tirar milhões da pobreza desde que boa parte da organisação da economia Comunista morreu na China, Vietname etc…
Excelente post (era óbvio mas a ignorância ainda é muita) e os comentários também são em geral muito bons. Gostei!
«TL;DR: No PS, PSD e CDS não faz parte das suas agendas o bem estar do país. São como organizações criminosas que lutam entre si pelo controlo absoluto de uma cidade para uma única ter os lucros da actividade criminosa que realiza.»
Iguaizinhos ao BE e ao PC, mas os outros sem as filas ao multibanco, as filas para comprar comida e as valas comuns.
Enquanto não se descorporativar a sociedade, teremos esta massa transversal da Brigada das Colheres a volta do tacho público, que tudo fará para que as suas narrativas (escola publica “nossa”, SNS “gratuito” para todos, justiça estilo socrates…) a catequizar quem não quer pensar que não há almoços grátis, e que o que lhe prometem de “gratuito” é mentira para manter as corporações.