Todos conhecem os ditados populares:
- Venha o diabo e escolha
- Escolher o mal menor
O primeiro refere-se a situações quando não há grandes diferenças entre várias más opções e só alguém sem escrúpulos poderia escolher uma delas. O segundo caracteriza as escolhas que, apesar de más, apresentam clara diferença entre elas, aconselhando a quem decide a optar pela alternativa que menores consequências acarreta.
Quem leu o que tenho escrito aqui n’ O Insurgente saberá que, para mim, há uma clara diferença entre a coligação Portugal à Frente e o Partido Socialista (as políticas dos restantes partidos são ainda mais assustadoras). Entre os dois, o mal menor é certamente a coligação. Mas será isso suficiente para eu votar PàF? Não! Passo a explicar.
No meio de mais de 5 milhões de votantes o meu voto não fará qualquer diferença para o resultado final. Mas à minha consciência e paz de espírito faz muita diferença. Como liberal não posso aceitar qualquer partido que – em maior ou menor grau – me limita a liberdade. Não o fiz no passado (até agora sempre votei branco/nulo) e não o vou fazer agora.
Alguns de vocês dirão que se suficientes eleitores pensarem assim estariam a “dar” a vitória ao referido mal menor (PS). Vamos supor que isso acontecia, não por minha influência no vosso voto (que claramente não tenho!) mas porque essas pessoas dão, como eu, mais importância ao respeito pelo princípio de honra individual do que à conformidade de, como diz a sabedoria popular, “engolir um sapo”. Sim, acredito que um governo PS será, muito provavelmente, pior que o da actual maioria. Mas, face a tal cenário, também sei que grande número de votos descontentes justificaria a necessidade de dar-se mais atenção – por parte de políticos, comunicação social, politólogos, comentadores, etc – às várias crenças políticas deste segmento do eleitorado que vai às urnas mas não escolhe um partido (em 2011 foram mais de 228 mil eleitores, quase igualando o número de votos no Bloco de Esquerda).
Como conclusão, quero que o meu voto tenha significado. Principalmente a nível pessoal, onde faz maior diferença. É a razão porque não me vou abster. Mas eu, como liberal, não quero ser confundido como social-democrata ou socialista light. Por isso voto nulo.
Orgulhosamente só?
Votar nulo é, em certa medida, não se comprometer com o futuro, pode mesmo ser voltar a votar PS !
Vasco, se for como quatro anos atrás, tenho a “companhia” de outros 228 mil eleitores. Claro que a grande maioria não é liberal
Daí se concluindo que o voto branco/nulo não identifica nenhum segmento político, pelo que terá reduzidíssima eficácia. É um demitir-se de evitar um mal maior e uma atitude algo egoísta, se me permite a franqueza!
BZ: nestas circunstâncias e com a argumentação que invoca, desculpe mas está a deixar nos outros o encargo da solução que preferiria, só para poder dizer que não votou nela. Isso não é liberalismo. Se votar branco e a coligação ganhar, fica contente. Se votar branco e ganhar o PS venho eu aqui agradecer o contributo para o novo descalabro.
Não luis, a solução que prefiro não existe. Face aos partidos candidatos é-me indiferente quem ganha. Como disse, mesmo uma vitória do PS com expressiva votação brancos/nulos seria, para mim, mais relevante.
JC, obrigado pela franqueza. Não me estou a demitir nem a ser egoísta. Estou a votar com a minha consciência. Mesma que fosse diferente a probabilidade do meu voto ser o decisor para evitar mal maior (probabilidade é praticamente nula!) tal facto não mudaria a minha intenção de voto.
BZ em tempo de guerra não se limpam espingardas.
Tb tenho votado em branco, mas desta vez tenho de lá ir por uma cruz útil. Só de pensar que podemos ter um governo de frente popular mete-me arrepios.
CsA, o post não pretende convencer mudança de intenções de voto. Apenas esclarecimento sobre o meu.
P.S. Já quase nada me arrepia 🙂
“No meio de mais de 5 milhões de votantes o meu voto não fará qualquer diferença para o resultado final. ”
BZ, o seu voto só faria a diferença em ditaduras ou regimes oligárquicos, em que o poder está concentrado em meia-dúzia de indivíduos. Numa democracia, o voto individual terá sempre um valor infinitesimal.
” Por isso voto nulo.”
BZ, votar nulo, no actual enquadramento legal portugês, é o mesmo que não votar.
BZ,
Se você se quer abster, está no seu direito. Mas por favor, não se engane a você próprio. Os argumentos que você deu não são válidos. Se não se revê em nenhuma das escolhas possíveis, então pura e simplesmente não vote.
(Estou a fazer spam nos comentários, mas prometo que fica por aqui).
“– às várias crenças políticas deste segmento do eleitorado que vai às urnas mas não escolhe um partido (em 2011 foram mais de 228 mil eleitores, quase igualando o número de votos no Bloco de Esquerda).”
Se se está a referir ao total de brancos e nulos na última eleição, o problema está que não se sabe o que esses eleitores querem porque…. votaram em branco…..
Eu percebo que não vote. Agora não percebo é o que o seu não-voto significa. Ou antes, acho que não significa nada. Pode até significar muita coisa, mas como qualquer outro voto branco, nulo ou abstenção só o próprio (não-)votante saberá o significado. Não contesto a sua decisão, mas para mim é um acto indiferente.
Se não houver maioria absoluta, na Segunda feira o impacte dos brancos e nulos já será evidente nas taxas de juro da República, o o Tsipras cá do burgo ainda antes de se chegar à panela já pôs o deficit a subir…
Gostava de ser rico para também poder votar branco ou nulo; infelizmente faço parte do grupo dos que tem de vergar a mola, e sustentar a palhaçada com o dinheiro dos meus impostos.
Naturalmente que este comentário nada tem a ver com os que dizem (e escrevem) que vão votar branco ou nulo, mas que na realidade vão votar nos verdalhuscos.
Bz:
Como vê, os diversos comentários que provocou explicaram por que motivo poucos estão interessados em mudar o modo como por aqui se aplica o método de Hondt: ele incentiva essa aberração a que chamam ” voto útil”. Graças a ele, nenhum grupo precisa de mudar ou refletir nas suas opiniões. É você que supostamente tem que se adaptar. E dizem eles que são democratas…
Gil, por favor reserve para si o que pensa dos outros. O tópico é votar, não é classificar o método de escrutínio.
Já tem uma participação cívica. Mas ainda podia/devia ter mais: porque não participar num partido, que possa expressar a liberdade com que concorda: entre todos haverá um (mesmo que insignificante) que se aproxima do liberalismo; ou não?
cristof9, já participo neste blog. 😉
Deixem a opção do BZ. O essencial é concentrarem-se em derrotar Costa e o PS. E a maneira de contribuírem para isso é votarem na Coligação. Se esta não vencer (e com maioria absoluta), temo que daqui a seis meses o país vá novamente a eleições. Se vencer o PS (figas), daqui também a uns meses, virá de novo a troika.
Um Governo minoritário será sempre um Governo sem condições de governabilidade. Isso seria péssimo para o país, nos mais variados âmbitos: político, económico, etc. É essencial que a Coligação chegue à maioria absoluta. A esquerda não se entende para governar, mas mesmo que se entendesse, teria de vir novamente a troika. A esquerda não está preocupada com as contas públicas e com os compromissos feitos pelo país perante os credores!
BZ, não ponho em causa que esteja a votar com a sua consciência. Da mesma forma que estarão muitos votantes em todos os outros partidos, aliás. Mas isso não tem nada a ver com o juízo que emiti.
Diz que há uma opção má e uma opção pior. Nenhuma ideal. Ao decidir não escolher nenhuma das duas, está, de facto (não me parece que seja contestável), a optar por não contribuir para evitar a opção pior (o mal maior). A demitir-se de o fazer.
Depois, quer que o seu voto tenha significado, “Principalmente a nível pessoal, onde faz maior diferença”. A mim isto parece-me uma atitude algo egoísta. Respeito a opção, mas já que a anunciou publicamente, sinto-me no direito de a criticar. Eu prefiro mil vezes que o meu voto venha a ter significado a nível societal.
É verdade que o meu voto, por sí só, não fará qualquer diferença para o resultado final. Mas o mesmo se pode dizer do seu voto em branco/nulo. Alías, ainda menos diferença fará o seu voto branco/nulo*, o que deita por terra a sua argumentação. A ir por aí, mais vale ficarnos todos em casa.
* Ninguém pode saber claramente o que cada um dos votos brancos/nulos significa. O mesmo não se poderá dizer tão claramente do voto num partigo ou coligação.
BZ: espero que já tenha tido a oportunidade de se arrepender pela asneira do voto nulo, branco ou abstenção.
luis, hoje estou ainda mais certo que fiz a melhor escolha.