O “fetiche” do “consenso”

Com grande parte do país a optar por ignorar a campanha eleitoral, os vários partidos esforçam-se desalmadamente para encontrarem uma ou outra forma de chamarem a atenção dos eleitores para as excelsas pessoas dos seus candidatos. Uns, como Joana Amaral Dias, tiram a roupa em revistas populares. Outros, como o milionário advogado Garcia Pereira, pedem “morte aos traidores”. Passos Coelho e Portas lá vão tentando dizer que tudo está bem, mas não tão bem que se possa entregar o país ao dr. António Costa. Este último, por sua vez, promete coisas. Hoje, segundo o Expresso, “promete governar em consenso”.

Nem de propósito, há uns dias, o editor de opinião do Diário Económico pedia-me que, num artigo a sair precisamente hoje, respondesse à pergunta de se o “consenso” é algo “tabu” na política portuguesa. Como, apesar de tudo, sou um rapaz simpático, lá respondi procurei responder à pergunta nuns curtos 1000 caracteres, dizendo que na política portuguesa, o “consenso” não é “tabu”, é fetiche: quase não há político que, por entre insultos a quem de si discorda, não deixe de exaltar a necessidade de um “consenso alargado” para salvar o país das desgraças que o afligem. Continuando, dei o exemplo do que se tem passado com a Segurança Social: o dr. Passos pede um consenso para garantir a sua sustentabilidade; as “classes conversadoras” em peso, incluindo a parte delas que o odeia, aplaude o “sentido de responsabilidade”; e até o dr. Costa, no mesmo debate em que disse recusar-se a negociar com o Primeiro-Ministro, achou “claro” que é necessário um “consenso” para que uma reforma tenha sucesso. Esquecem-se de que mais do que a consensualidade, importa o conteúdo daquilo que se consensualiza, e que nada de bom virá de “consensos” em torno da asneira. Apesar das muitas diferenças entre eles, PSD/CDS e PS propõem fundamentalmente o mesmo: manter o sistema estatista que nos arruína, mas com cada vez menos dinheiro – o sistema e nós.

2 pensamentos sobre “O “fetiche” do “consenso”

  1. Baptista da Silva

    Caro Bruno, eu até li o seu artigo no económico hoje à tarde. Concordo consigo se concordar comigo, precisamos de mudar tudo para que tudo fique na mesma, temos consenso?

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