Confiança?

Hoje o INE anunciou algo que já era do conhecimento de todos os agentes políticos e económicos, desde que o Banco de Portugal suspendeu a venda do Novobanco, ou seja, que do ponto de vista meramente estatístico o empréstimo feito ao Fundo de Resolução o ano passado tem de ser somado ao défice. O que é que isto significa para o bolso dos portugueses? Nada. É que este défice não resulta de despesa corrente do Estado, nem de maus hábitos ou desperdício, mas da necessidade que houve de emprestar em 2014 dinheiro para segurar o Novobanco. Dinheiro que será recuperado quando o processo, que é complicado, e que não é responsabilidade da acção governativa, for concluído. É verdade que Portugal emprestou dinheiro para capitalizar a aquisição do Novobanco? Sim. Mas esse empréstimo tem associado um banco, o Novobanco, que serve de garantia para o empréstimo.

O PS e a restante esquerda sabem que esta alteração meramente estatística não tem nenhum impacto novo para a economia ou para a performance das nossas finanças públicas; e isso deixa escapar António Costa, quando reconhece que não há nada a corrigir, e afirma que Nós (PS), com este resultado, não temos de alterar nada no nosso programa. Não altera porque não há nada a alterar. Mas mesmo assim opta por tentar enganar as pessoas, mostrando-se muito surpreendido, e anunciando que vem aí o caos.

A tentativa de assustar e enganar as pessoas nesta matéria mostra bem como PS e Bloco de Esquerda se posicionam nesta campanha eleitoral. Confiança? A confiança não se pede em cartazes, conquista-se, manifesta-se na forma como se faz política, com honestidade. Não se deixem enganar por quem está disposto a tudo para ganhar as próximas eleições.

16 pensamentos sobre “Confiança?

  1. Baptista da Silva

    Caro Rodrigo, lí hoje na Imprensa (não sei onde, talvez o Observador) que o INE afirma que entradas de dinheiro nos cofres do estado a partir de 2014 vão abater aos deficits subsquentes. Agradeço confirmação. A confirmar-se, isto é um balão de oxigénio para os futuros governos.

    Já agora, gostaria de propor uma forma de os Bancos não perderem tanto dinheiro, como o Novo Banco vai necessitar de mais Capital (fala-se em mil milhões), porque não emitir um empréstimo obrigacionista por parte do fundo, colocando as obrigações nos bancos que fazem parte do mesmo?

    A taxa seria superior ao que os Bancos pagam ao governo e poderia amortizar um pouco os prejuizos.

  2. JMS

    Sei que estamos em plena campanha eleitoral mas as mentiras desbragadas, especialmente do PS e do BE, comecam a ser absolutamente abjectas, nojentas e despudoradas.

    Acredito que muita gente levara a serio a mensagem que esses vigaristas tentam passar.

    Manter as pessoas na maior ignorancia sempre foi o objectivo do socialismo e da esquerda em geral. Felizmente acho que os ultimos 4 anos abriram os olhos a muita gente. Nao sei e se chega…

  3. ric

    O dinheiro voou para parte incerta – mas não ser preocupem que é um empréstimo.
    Afinal o BES está sólido e só falta virem dizer que é um investimento estratégico…..
    Obrigado ao Costa, ao Passos e ao Portas pela poupança.

  4. Fernando S

    ric : “O dinheiro voou para parte incerta – mas não ser preocupem que é um empréstimo.”

    O dinheiro foi emprestado ao Fundo de Resolução tendo como garantia real o valor do Novo Banco e rendendo juros elevados.

    Mas qual era então a solução do ric ?
    Não intervir no BES ?
    Deixar o BES falir ?
    Nacionalizar o BES ?

  5. queima beatas

    O PS sempre atento ao que Bagão Félix diz quando lhe agrada, não está interessado agora em divulgar a opinião deste sobre as posições patetas de Costa relativas ao relatório do INE sobre o Novo Banco?

  6. Gil

    Deixem-se de tretas. O único número real que circula nesta história, é o do montante que o estado meteu no banco. Acreditar que alguma vez o vai receber (ainda por cima com vendas como as que têm sido tentadas), é já do domínio da Fé.

    Ó queima beatas: Olhe que o Bagão (que muito correctamente esclareceu a agit-propo do Costa), também se referiu às explicações do Passos. Quer recordá-las aqui?

  7. Fernando S

    Gil : “o Bagão … também se referiu às explicações do Passos. Quer recordá-las aqui?”

    “É .. “um disparate” o primeiro-ministro dizer que quanto mais tempo o banco demorar a ser vendido, mais juros recebe o Estado.” (Noticias ao Minuto)

    Bom, o mais importante foi “esclarecer a agit-propo do Costa”.
    Quanto ao suposto “disparate” de Passos Coelho, não tem razão.
    Passos Coelho não disse que era melhor não vender o Banco para o Estado poder receber mais juros.
    Ao governo interessa naturalmente que o Novo Banco seja vendido o mais rapidamente possivel e pelo melhor preço possivel.
    O que Passos Coelho disse é que enquanto o Novo Banco não for vendido o Estado continua a receber juros.
    Ou seja, a não venda imediata do Banco não traz apenas incertezas e inconvenientes.
    O que é exactamente e objectivamente verdade !

  8. queima beatas

    Em concreto não detalhei esta, também não detalharei as outras Está implícito quando refiro: “O PS sempre atento ao que Bagão Félix diz quando lhe agrada”. Ó Gil, quem precisar que leia.

  9. Gil

    Ó Fernando: Você acaba de resolver todos os nossos problemas económicos! Comece a disparar crédito para toda a chafarica falida, aplique-lhe uns juros jeitosos e vai ver a a beleza de contabilidade que consegue…

  10. Fernando S

    Gil,
    Eu não disse isso.
    E o BES não era nem é uma “chafarica”.
    Dar crédito bonificado e sem garantias a “chafaricas falidas” é mais o género das politicas que o Gil defende habitualmente !

  11. Joaquim Amado Lopes

    Rodrigo Adão da Fonseca,
    As “contas” do António Costa relativamente ao Novo Banco vão na linha das que o levam a gabar-se de ter “reduzido a dívida da Câmara Municipal de Lisboa em 40%”.
    Apresentando o empréstimo de 3,9 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução como “dívida” contraída pelo Governo PSD-CDS, poderá depois gabar-se da “receita” correspondente(antecipadamente garantida!) como “mérito” do Governo PS. E “não têm de alterar nada no programa” porque desta forma as contas do Centeno passam a errar por menos 3,9 mil milhões de euros.

  12. Caro Gil,
    Há um empréstimo de 3,9 mil milhões de euros, sem dúvida, e há um problema, que importa resolver, claríssimo. Acontece que o problema não nasceu ontem, mas em 2014. O que aconteceu ontem é um mero registo estatístico.
    Assim, a questão que se coloca é: o que deveria ter feito o Governo? Nacionalizado? Deixado o banco falir? Seguir outro modelo de venda? Toda a discussão que se faça em redor destas interrogações é legítima, pese embora não tenhamos todos de concordar com as soluções. E nenhuma destas questões é recente, todas elas estão na ordem do dia há meses.
    Quanto vale o Novobanco hoje? Quanto é que o sistema bancário vai ter de suportar após a venda? Será que não há o risco do banco ser na prática nacionalizado, e demorar uns tempos largos até que possa ser vendido? Tudo são questões pertinentes.
    O que não é admissível é a figura de virgem surpreendida e ofendida que Costa fez ontem, as suas reacções acaloradas, a ideia peregrina de comparar 2011 a 2014, misturando tudo, e mais alguma coisa (BPN, submarinos), aos berros, no meio da lota de Vila do Conde: este tipo de comportamento é difícil de adjectivar, e leva-me a ficar preocupado com a hipótese de alguém que se comporta assim poder vir a ser primeiro-ministro.

  13. Pingback: O Desespero do PS | O Insurgente

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