Uma péssima ideia, a opinião de Alberto Gonçalves no DN.
“Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, é o novo comentador da TVI24.” Num país menos exótico, isto seria uma gravíssima acusação de estações rivais, que a TVI tentaria esconder ou levar para tribunal. Em Portugal, é o rodapé orgulhoso da própria TVI, que cumpre uma tradição muito nossa e, por troca com Augusto Santos Silva (que cumprindo outra tradição local anda para aí a berrar “censura!”), põe na televisão mais um político a aliviar-se de palpites sobre política.
Em nenhum lugar civilizado da Terra se vê semelhante aberração: funcionários e avençados dos partidos (os segundos são apresentados, decerto com sarcasmo, como “independentes”) pagos para emitir uma opinião regular sobre a sua actividade. Nem os futebolistas que falam na união da equipa e na cabeça levantada promovem espectáculo tão redundante (de resto, os funcionários e avençados dos partidos também não se esquecem de comentar futebol).
Para cúmulo, isto acontece ao mesmo tempo em que, por falta de audiências, os canais fogem dos tempos de antena convencionais, que sempre incluem Carmelinda Pereira, Garcia Pereira e o ocasional excêntrico chamado ou não chamado Pereira. Que esperança existirá para um eleitorado sem paciência para a divertida Carmelinda mas pelos vistos apático o suficiente para ouvir, ao longo de 40 minutos semanais, as convicções de um autarca ou as apostas de um secretário de Estado, invariavelmente coincidentes com as dos partidos que servem ou que tencionam vir a servir? Pouca, a não ser que os espectadores em causa sigam um rigoroso tratamento médico com vista à substituição de sedativos. Já a substituição do Dr. Santos Silva pelo tal Medina não faz qualquer diferença: no fundo, essa gente não merece comentários.
Tenho que ver mais televisão. Nem sabia quem era a Carmelinda. Esse Fernando Medina é muçulmano? Voto neles todos porra!