a gente mais reles que o mundo produziu

Já tinha apanhado ontem os comentários ignóbeis de uma criatura (supostamente humorista) cuja falta de educação só é igualada pela falta de piada. Mas hoje, depois de ler este texto de Ana Sá Lopes, percebi que não tinha sido só a criatura supostamente humorista a pegar na aparição de Laura Ferreira sem cabelo. A ultra-socrática Estrela Serrano também achou por bem meter as suas colheradas. Bom, que alguém use uma mulher a recuperar de um cancro – que, como Ana Sá Lopes bem diz, viveu a sua doença dignamente e discretamente – para atacar um político (que também não anda a alardear a doença da mulher) é do mais soez e vil que se consegue. Mas, sinceramente, cada vez mais me convenço pelo que vou vendo que ser/ter sido socrático é estar moralmente e eticamente em estágio sub-humano (apesar da paradoxal propensão desta gente para dar lições de moral).

Mas o texto de Estrela Serrano é mais sórdido ainda noutro nível que não o político. Vejam o que diz a pessoa: ‘tratando-se de um evento oficial, seria difícil evitar a presença de fotógrafos e ainda mais difícil que estes deixassem de fotografar Laura Ferreira, sobretudo encontrando-se ela numa situação singular. A decisão de se expôr, foi, assim, em primeiro lugar sua e de Passos Coelho.’

Laura Ferreira está, portanto, num estado em que se aparece em público está-se a ‘expor’ – e, já agora, expor não tem nem nunca teve acento circunflexo (eu não costumo fazer de corretor ortográfico humano, mas aqui não há perdão de nada). É, como se retira do texto da pessoa Serrano, alguém que não está em condições de estar em locais com fotógrafos e onde fica difícil não ser fotografada. Está, presume-se, como os leprosos da idade média, bons para se fazerem ver cobertos de panos ou, melhor, permanecerem escondidos nas leprosarias.

Mas que gente é esta?! A senhora (a senhora é a Laura, não a outra pessoa, evidentemente), tem toda a dignidade humana em si mesma, tem tanto direito a passear-se pela rua como a pessoa socrática. Não é vergonha nenhuma ter um cancro, não é vergonha nenhuma estar sem cabelo. Pelo contrário, Laura Ferreira foi de uma ENORME CORAGEM ao apresentar-se assim, sem cabelo mas segura. Foi mesmo um ato de esperança para qualquer pessoa que perca o cabelo durante o tratamento de um cancro. E por ser mulher, este ato de Laura Ferreira tem uma carga verdadeiramente libertadora. Não que as feministas idiotas – como lhes chama Ayaan Hirsi Ali – consigam perceber isto. Na verdade, a chicktv levezinha tem mais espessura intelectual do que estas criaturas nacionais do sexo feminino. É verem o vídeo abaixo, da temporada de Sex and the City quando a Samantha teve o cancro da mama.

Quanto ao resto que a pessoa Serrano também diz, referindo-se ao ‘sentimento de compaixão que a sua [de Laura] imagem  sem cabelo provoca’, não tem que se preocupar. Quem, que esteja já no estádio humano, olha para Laura vê apenas uma mulher corajosa. Já quem olha para Estrela Serrano e quem lhe bate palmas e quem faz piadas sobre um cancro, vê que essa gente merece compaixão. Porque há faltas muito mais graves do que a falta de cabelo. E que se notam à vista desarmada e são, essas sim, visualmente assaz repugnantes.

Para a Laura: desejo-lhe boas melhoras. Não aprecio particularmente o seu marido, mas da Laura fiquei muito orgulhosa. E sim, reflete bem no seu marido o seu ato. Não por, como dizem, expor a doença da mulher à procura de compaixão mas, ao invés, por estar orgulhosamente ao lado de uma Laura sem cabelo.

27 pensamentos sobre “a gente mais reles que o mundo produziu

  1. PG

    «Já tinha apanhado ontem os comentários ignóbeis de uma criatura (supostamente humorista) cuja falta de educação só é igualada pela falta de piada.»

    Aguçou-me a curiosidade… quem foi o “humorista”?

  2. joshua

    A óptica socratalhesca é muito sensível à vendabilidade da imagem, ao porno-promocionalhismo da imagem. Serrano raciocinou com os pés e postou com a cloaca. Não é de agora. Esta malta não muda nem se modera.

  3. JPT

    Deve ser o cevado socrático que bolsa regularmente na TSF, o Bruno coiso. Não ouvi, mas aposto. São merda. Lamento o termo, mas não há outro. Não foram paridos, mas defecados.

  4. Maria João Marques

    JPT, não foi (que eu saiba!) mas anda lá perto. Procurem no twitter o senhor Quadros.

  5. zazie

    Deixe lá o “orgulhosamente” que orgulho sempre foi pecado.
    Há uma outra palavra que assenta muito melhor- indiferença- estavam indiferentes a todo o protocolo, incluindo o da doença.

  6. zazie

    Estavam-se nas tintas, para simplificar.

    É saudável estar nas tintas porque nem tudo tem de ser causa, nem militância, nem exemplo para o raio que o parta.

    Para isso existe o facebook.

  7. maria

    Olha que giro A. R. Gosto do “porquita e impiedosa”. Em bora do que eu gosto mesmo é de porco preto.

  8. Baptista da Silva

    Vou abrir conta na merda do twitter, desculpem o paleio mas tenho que ver o que esse paineleiro do João Quadros escreveu. Ja volto.

  9. Baptista da Silva

    Já fui ao twitter, não tenho pachorra para procurar, cabada de anormais, só lixo, pah desculpem, aquilo é chafurdar no lixo.

  10. jc

    Intolerancia e arrogância são sinónimos de esquerdalha. Em Portugal eles é que definem a moralidade e os costumes. Arrogam-se falar em nome do povo e as ruas são só deles. Tal como o regime republicano. Mesmo qdo os messias da esquerda vão para a cadeia, falam em cabalas e presos políticos. Eles é que definem o social e quem pode ou não ajudar os mais pobres ( só o estado é claro) mas olhando sempre de soslaio para os pobres e não dando qualquer esmola que isso é caridadezinha. Um esquerdista decente não faz caridade, aumenta impostos à força para manter o povo todo ( se possível ) a viver do rendimento mínimo em troca do voto ( coisa pouca) é claro. E indignam-se muito, muito com tudo e por nada. Ainda sonham com a sociedade sem classes. E estão cheios de cultura e de certezas ou não fossem eles a elite escolhida para governar ( o que consideram um direito divino ).

  11. Marquês Barão

    Condenam a burca e querem a burca. Esta gente devia usá-la e tapar a cara para que ninguém lha unte com caca de porco.

  12. Joaquim Amado Lopes

    zazie,
    “socretinos” põe o ênfase no nome “Sócrates”. “só-cretinos” põe o ênfase em “cretinos”.
    Não são cretinos por seguirem o Sócrates, seguem o Sócrates porque são cretinos.

  13. Miguel

    Já era de esperar. O mesmo que manda piadinhas sobre o ” rodinhas” alemão. Ele tenta ser engraçado e acredito que escreva coisas com piada mas sempre que aparece a tentar debitar a sua gracola só sai merda.
    Outra coisa? Porque é que humorista tem de ter inclinação para esquerda?

    PS: não sou de orientação política nenhuma.
    Vou me orientando

  14. zazie

    Óh Amado Lopes, por favor, deixe-se sintaxe com uma coisa que mais valia ser numerada. Já temos o 44. Podem vir mais números e zeros à esquerda com o pandeiro.

  15. zazie

    Fui ao supermercado e havia por lá mais revista cor-de-rosa com a mesma fotografia, acrescentando-lhe tricas como: “o drama das duas mulheres e o casamento secreto da filha”.

    Portanto, as crónicas da Serrano e os vómitos dos Abrantes são apenas acréscimo de aproveitamento de processo de intenção política, numa elevação teórica própria peixeiras de ambos os sexos.

  16. Alexandre Burmester

    Também não quero fazer de corrector ortográfico humano, Maria João, mas, por favor, escreve Idade Média com maiúsculas! 😉

  17. JPT

    O Quadros escreve os textos que o Bruno lê. Tirando em horários e canais obscuros, o sujeito só se exprime por escrito, porque é feio que mete de medo e tem uma voz de alcóolico terminal. E o giro é que a aparência e a voz são os aspectos mais positivos da sua personalidade.

  18. Pingback: A cabeça rapada de Laura | O Insurgente

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