FAQ sobre a TAP

Let her go.
Let it go.

Dado que o leitor curioso não conseguirá encontrar nos media tradicionais mais do que sound bites histriónicos do estilo «Estado recebe amendoins pela venda da TAP», que em nada o esclarecerão, deixo aqui uma lista de questões frequentes sobre a TAP:

Índice

1. A TAP foi vendida por 10 milhões de Euros. Um A320 da TAP vale mais do que isso.
2. O Governo podia ter capitalizado a TAP.
3. Mas a TAP tem lucros operacionais!
4. Havia outras alternativas
5. Mas o Governo disse que a dívida pode reverter para o Estado (Parpública) em condições especiais
6. Se a VEM dá prejuízos crónicos, porque não assumi-lo e liquidá-la?
7. Qual é a importância estratégica da TAP para o Estado?


1. A TAP foi vendida por 10 milhões de Euros. Um A320 da TAP vale mais do que isso.

A TAP, ou melhor, 61% da TAP, foi vendida por 354 milhões de Euros, sendo que 344 milhões serão injectados na TAP SGPS para suprir os capitais próprios negativos. Líquido para o Estado, para já, são os 10 milhões.

Mas o Estado liberta-se também dos mil milhões de dívida, avalizados pelo contribuinte, do passivo da TAP SGPS, S.A. Isto significa que, se por algum motivo a TAP declarar bancarrota (tecnicamente já está falida), então esses mil milhões não sairão do bolso do contribuinte, mas sim do comprador.

(Adenda: o processo visa alienar 100% da empresa, altura em que os 100% de dívida serão efectivamente transferidos para o comprador. Actualmente, com a cedência de 61% do capital, o comprador assumirá, dependendo do acordo parassocial, uma quota dessa dívida, que deverá ser proporcional ao capital detido. Ou seja, se a TAP falisse agora, e admitindo que a % de capital pertence à % de dívida avalizada, o Estado ainda teria de assumir 39% da dívida.)

É importante ter também em conta como se avalia uma empresa. A situação actual da TAP é a seguinte: se a TAP vendesse todos os seus activos, incluindo aviões, sede, filiais, direitos sobre rotas, etc. e pagasse o seu passivo, isto é, dívidas a credores, indemnizações aos trabalhadores, etc., continuariam a faltar 500 milhões de Euros. Isto é o capital próprio da empresa, o que resulta depois de vender os activos e liquidar o passivo. Ou seja, um A320 vale mais do que 10 milhões, mas não chega para pagar toda a dívida que a empresa acumulou.

Gráfico6

2. O Governo podia ter capitalizado a TAP.

A TAP tem 500 milhões de capitais próprios negativos, que resultam de um historial de prejuízos, que foi significativamente melhorado desde a chegada do Fernando Pinto. Se hoje os capitais próprios fossem 0, para o ano a TAP voltaria a ter capitais próprios negativos fruto dos prejuízos da operação como um todo.

Antes de Fernando Pinto a operação da TAP, SA dava prejuízo.
Antes de Fernando Pinto a operação da TAP, SA dava prejuízo.
Depois da entrada de Fernando Pinto a TAP, SA melhorou os seus resultados, mas o grupo como um todo piorou por causa da aquisição da operação terrestre no Brasil.
Depois da entrada de Fernando Pinto a TAP, SA melhorou os seus resultados, mas o grupo como um todo piorou por causa da aquisição da operação terrestre no Brasil.
A TAP, SA dá lucro, mas a operação como um todo gera prejuízo.
A TAP, SA dá lucro, mas a operação como um todo gera prejuízo.

Admitindo que o Governo dispunha dos 500 milhões para capitalizar (temporariamente) a TAP — por exemplo cortando na Saúde, na Educação, na Cultura ou na Segurança Social, ou aumentando impostos —, o problema continuaria a não estar resolvido. A TAP precisa de abater a dívida actual, que a onera com prejuízos financeiros, e precisa de um forte investimento.

3. Mas a TAP tem lucros operacionais!

Sim, a TAP, SA tem lucros operacionais, mas faz parte de uma holding, a TAP SGPS, SA, que tem um enorme passivo e capitais próprios negativos fruto da aquisição da operação terrestre no Brasil.

Se o Governo apenas vendesse a TAP, SA receberia mais do que 10 milhões, mas ficaria com a dívida de mil milhões nas suas mãos. No jargão que alguns gostam de usar, privatizaria os lucros e ficaria com os prejuízos. Ficando com a TAP, SA e tentando vender o resto, então nesse caso ainda teria de pagar para se ver livre da SPdH, SA e da manutenção do Brasil, que dão prejuízos crónicos.

Gráfico3

4. Havia outras alternativas

Há sempre, são é piores.

— A recapitalização que a TAP necessita em muito excede o necessário para suprir os capitais próprios negativos. A TAP precisa de uma nova frota e de capital para novos investimentos. E precisa de economias de escala, algo que só conseguirá aliando-se a outra companhia aérea. Para além disto, uma recapitalização implicaria desviar 2 a 3 mil milhões de Euros de uma outra rubrica do Orçamento do Estado. Da saúde? Da educação?

— A liquidação implicaria pagar a dívida remanescente e vender todos os activos. Feito isso, ainda seriam necessários 500 milhões de Euros extra, dado que a venda dos activos não cobriria todo o passivo da TAP SGPS, SA.

5. Mas o Governo disse que a dívida pode reverter para o Estado (Parpública) em condições especiais

Isso poderá acontecer em dois cenários: 1) se o contrato for revertido porque o comprador foi incapaz de liquidar ou reestruturar a dívida bancária; 2) se alguém, como o PS ameaça, reverter o negócio.

6. Se a VEM dá prejuízos crónicos, porque não assumi-lo e liquidá-la?

A operação de manutenção terrestre do Brasil (Varig Engenharia e Manutenção) tem dívida e prejuízos acumulados. Liquidá-la custaria sempre dinheiro. Ora, o objectivo do Estado era livrar-se de encargos futuros com a TAP. Neste caso, ainda conseguiu um encaixe positivo. Acresce ainda que a TAP e a própria VEM beneficiarão de economias de escala que ganharão aliando-se a outra empresa de aviação (alguns aviões da Azul poderão ser servidos pelo VEM). Permanecendo no Estado, tal seria menos provável.

7. Qual é a importância estratégica da TAP para o Estado?

Esta questão talvez seja melhor respondida por quem jura que a TAP é estratégica para o Estado. Seja como for, aqui fica uma análise pessoal, logo subjectiva, do assunto. O Estado moderno, por natureza, é um provedor de bens públicos, bens não-rivais e não-exclusivos que o sector privado não tem interesse em prover. Ora, o serviço de transporte aéreo de passageiros não é um bem público. Existem centenas de companhias aéreas privadas que operam num mercado concorrencial e que oferecem ligações aéreas que a TAP não oferecia. Por exemplo, quem faz a ligação aérea Porto – Faro é a Ryanair, e não a TAP. Unir o país não é estratégico para o Estado? De forma análoga, foi preciso a vinda de uma empresa britânica (a Easyjet) para termos uma ligação aérea para os Açores a preços muito competitivos. Isso é uma democratização efectiva do transporte aéreo — pessoas pobres que não tinham capacidade de pagar 200€ por um bilhete podem agora viajar para os Açores por 39€.

Outro argumento usado é que a TAP garante a ligação com a lusofonia, com os PALOPs. Não sei se isto será uma visão neocolonialista do assunto, mas sei que, mesmo sem TAP, existem muitas companhias a assegurar a ligação a esses países, até porque o interesse estratégico não será certamente só nosso. A Iberia faz a ligação para toda a América Latina, por exemplo. Sim, são vôos indirectos que implicam uma escala breve em Madrid. Será que uma escala em Madrid é contra o interesse estratégico nacional?

Seja como for, vamos fazer tábua-rasa dessas considerações, e idealizar algumas circunstâncias em que faz sentido o Estado investir numa transportadora aérea. Imaginemos que o país vem de um pós-guerra, e o privado não tem capital suficiente para investir porque as suas poupanças e capital foram dizimados na guerra. Nesse caso, a entidade capaz de agregar os recursos necessários para um investimento avultado (coercivamente através de impostos ou através de IOUs – dívida) é o Estado. Dado que Portugal não participou na última grande guerra, e que na primeira não houve grande destruição de capital, é curioso que seja dos poucos países da União Europeia com uma empresa de transporte aéreo totalmente pública.

Notas: 1) questões que não estejam aqui respondidas poderão deixá-las na caixa dos comentários, e logo que possível serão acrescentadas. 2) podem linkar directamente para uma das questões colocando #q e o número da questão a seguir ao URL. Exemplo: https://oinsurgente.org/2015/06/12/faq-sobre-a-tap#q3. 3) imagens retiradas deste instrutivo artigo de Sérgio Palma Brito e validadas pelos dados dos Relatórios de Contas e Demonstração de Resultados da TAP, SGPS.

88 pensamentos sobre “FAQ sobre a TAP

  1. Luís Lavoura

    o Estado liberta-se também dos mil milhões de dívida

    Liberta-se? Tem a certeza?

    Eu já vi, em jornais, diversas dúvidas sobre este ponto. O comprador da TAP assume na totalidade as dívidas, ou não as assume? Esse é um ponto delicado, que depende do acordo de venda que tenha sido feito.

    Creio que é perfeitamente possível que o comprador da TAP se recuse a assumir a dívida da empresa na sua totalidade.

  2. TS

    Já agora gostava de saber porquê que a Manutenção no Brasil foi comprada e porquê que dá sempre prejuízo? A compra esteve relacionada com o facto do Fernando Pinto também ser brasileiro?

    TS

  3. Carlos Miguel Sousa

    O estado liberta-se da divida ? Sob circunstâncias muito especiais ?

    Talvez quando vender a TAP a 100% se conseguir vender os 39% que faltam com a divida.

  4. Basico

    E importante perceber que o Fernando Pinto nao melhorou as resultados da TAP, so os tornou mais volateis. As perdas de 209 milhoes em 2008 (que aconteceram porque ele decidiu nao cobrir o risco de subida do preco do petroleo) excedem em muito todas as perdas acumuladas nos 10 anos precedentes…

  5. Complementando o Miguel, convirá referir que o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Costa Pina, ficou incomodado com o facto do Ministério das Finanças não ter sido consultado.

  6. darksantacruz

    Mário os meus parabens a um artigo tão bom a restante comunicação social tem a grande tendência de ocultar os pormenores. Espero que continue assim. Os meus cumprimentos. Eu como contribuinte não quero que a TAP continue no estado com uma divida de mil milhoes de euros ou se quiser com um passivo de 550 milhoes de euros pois certamente só existe uma entidade que pagaria esse bolo: Estado = contribuinte!

  7. Joao

    Quem deu a ordem, de vender pore esse preco, voce ade notare que eles tem a ganhare com isso. Seguire o dinheiro, e axareis a que ganha co issio. A custa de o povo??

  8. miguel

    aqui falam um pouco desses “complexos” mecanismos. Espero que não sobre para nós e para o nosso dinheirinho via impostos. Querem tentar dissecar o que o artigo pouco diz? Porque, na realidade, atiram “mecanismos complexos” para o ar, mas não os detalham minimamente a não ser no caso da reversão do negócio, onde a “trasladação” da dívida faz sentido: volta para o dono.

    http://auma.economico.sapo.pt/noticias/estado-pode-desfazer-negocio-da-tap-se-tiver-de-pagar-divida-bancaria_220874

  9. miguel

    E eu estou mais a falar no caso prático inverso, em que o Anafado Costa ganha hipoteticamente as eleições, não no caso a que o artigo faz menção: “estado pode desfazer negócio se tiver de pagar dívida bancária”. Aqui, parece-me óbvio: se o Estado tiver de pagar a dívida, sempre é preferível ficar também com os activos….

  10. JP-A

    A razão de ser das reuniões de desespero intituladas “o futuro do jornalismo” ou similares também assenta na falta deste tipo de trabalho, que uma parte dos ditos jornalistas já quase não faz porque não quer, não sabe, não pode, ou simplesmente porque são manhosos intervenientes políticos. Depois dizem que a culpa é da Internet. Mas não. A culpa é da aldrabice crónica na tola, que produz títulos a dizer que aquilo só custou 10 milhões e ponto final. A imbecilidade é tanta que nem se percebe como é que os gajos não pegam na pechincha. E no parlamento é a mesma porcaria. Ainda há minutos um deputado daquele partido que a gente sabe “apanhava” o Governador do BdP em mentira, porque tinha de memória que a explicação anteriormente dada à sua pergunta tinha sido outra, logo retirando conclusões de um modo nunca aplicável a filósofos, que beneficiam de enormes dúvidas e sólidas presunções democráticas de inocência. O homem em julgamento lá lhe respondeu educadamente que não havia mudança, porque o que tinha acontecido era que a tal outra explicação apresentada pelo deputado era apenas uma das duas razões então apresentadas, que incluía a referida como única. O deputado ouviu e continuou com a pergunta seguinte como se nada tivesse acontecido. E nem pareceu que o senhor Governador tenha ficado com as pernas a tremer.

  11. JS

    Bom trabalho MAL.
    A TAP (a venda da) terá sido dos temas que mais cidadãos tocou nestes últimos anos.

    Consequentemente poucas vezes se vê tanto envolvimento do cidadão comum e tanto comentário. E houve, há, de tudo: letrados, inócuos, ridículos engajados a uma linha partidária, pueris, inocentes na linha “nacionalista” (qué dela?). De tudo. Mas houve….

    Este eleitorado já não é o mesmo, o que era no 26 de Abril. O tal que votou na “mãojinha”.

    Será que nas próximas eleições haverá reflexos de este acordar para a gestão das coisas (os dinheiros) públicas?.

  12. ricciardi

    Não consegui descortinar se o endividamento da Tap está avalizado pelo estado. Deve estar, pelo menos parte dele. O ministro não esclareceu isto.
    .
    Se houver aval do estado, vender parte das acções da empresa não retira o aval prestado. Excepto se os credores com essas garantias autorizem.
    Convinha esclarecer isto. Se a Tap falir, e se houver avales do estado, o contribuinte entra pela madeira dentro.
    .
    Rb

  13. ricciardi, o que escrevi a esse respeito decorre das declarações oficiais — que o aval bancário será transferido [da Parpública] para a TAP SGPS, SA. Claro que não podemos ignorar que um dos grandes credores seja a CGD…

  14. Vitor Santos

    Pergunta: Se a VEM dá prejuízos crónicos, porque não assumi-lo, fechar a empresa, vender os ativos e assumir o restante da dívida (que seria paga nos anos seguintes com os lucros da TAP)?

  15. Ricardo

    Ao caro Basico,
    pode ver aqui um histórico de resultados da TAP SA.
    http://sergiopalmabrito.blogspot.pt/2012/09/tap-air-portugal-compreender-uma.html.
    O Fernando Pinto está lá desde final de 2000. Como pode ver, há uma melhoria consistente entre o antes (prejuizos consistentes) e o depois (alternância de lucro e prejuízo)
    Claro que isto não é uma comparação completamente honesta. Até aos meados dos anos 1990, a TAP era uma empresa de serviço público, é natural que tivesse prejuízo.

    Ao caro TS,
    a M&E Brasil foi comprada porque na altura parecia uma boa oportunidade de expandir o negócio de M&E da TAP, que dá lucro mas tem tido dificuldades de crescimento, em boa parte devido à falta de espaço na Portela.
    Claro que depois se revelou um sumidouro de dinheiro.

  16. Tiro ao Alvo

    Escreveu que “A TAP foi vendida por 354 milhões de Euros”, mas eu penso que deveria ser mais preciso, escrevendo que “60% das acções da TAP foram vendidas por 354 milhões”.
    Este esclarecimento parece-me importante uma vez que, se as coisas correrem bem, o Estado pode, mais tarde, alienar as acções que ainda ficaram em seu poder, e embolsar mais umas massas. Ou estarei enganado?

  17. João Vasco

    uma low cost com aviões a hélice e uma empresa de camionagem compram uma companhia aérea que faz voos intercontinentais à mais de 50 anos. Será credível?

  18. miguel

    e o grupo barraqueiro dá lucro, consistentemente. Camionagem é um termo do passado, igualmente..

  19. Diogo Silva

    Boa tarde Mário,

    Excelente artigo, mas há um pormenor na analise das contas, em particular o Lucro Liquido Acumulado. As contas que apresentam incluem a SPdH (empresa de Handling mais conhecida como Groundfource) e se vir os gráficos a SPdH dava sempre prejuiso até ter sido comprada pela Urbanos. O ano passado já deu lucros. Isso explica-se porque havia cosmetica nas contas, na verdade a TAP, SA não pagava a grande maioria dos serviços de Handling e por isso dava lucro operacional, penalizando a operação da SPdH. Espero não me ter enganado.

    Importante: sempre que a SPdH esteve fora da esfera TAP deu lucro. Outra coisa importante discutir e que já foi previamente afirmada é o manifesto erro estratégico que foi a compra da VEM. Essa história irá ser contada no futuro com mais detalhe, seguramente.

  20. João Vasco

    Corrijo: uma low cost com 63 Airbus A330 ainda em fase de encomenda e por pagar e uma empresa de transporte urbanos compram uma companhia aérea que faz voos intercontinentais à mais de 50 anos. Será credível?

  21. Basico

    Caro Ricardo, a melhoria e infima,

    No periodo 1992 a 2001 a TAP SA perdeu 165 milhoes de euros.

    Na decada de 2001 a 2011, com o Fernando Pinto, um gajo que vem do Brasil pago a peso de ouro, a TAP SA perdeu mais ou menos 100 milhoes de euros.

    Se analisar a TAP SGPS, os numeros sao muito piores.

    Se se juntarem os dados da TAP SA ou TAP SGPS apos 2011, os numeros sao muito piores .

    Aquilo e um sorvedouro de dinheiro, uma maquina de enriquecimento do staff que para la anda a encher os bolsos.

    O Pinto foi e e um gestor de mrxda, um jogador de casino. A TAP deve ser das poucas companhias aereas que nao faz cobertura de risco do preco de petroleo. O facto do gajo ganhar 500 ou mais mil euros e apresentar resultados e uma gestao financeira deste calibre so me faz rir.

    Nao sei se o pior da TAP sera o pessimo management, ou o corporativismo do staff. Seja como for, ja quase que nos livramos do mono, demos gracas a Deus!

  22. Joao Bettencourt

    Que eu saiba o Neeleman fundou a WestJet e a JetBlue, companhias norte-americanas que utilizam jactos. A WestJet faz voos Intercontinentais.

  23. Pedro Ramalho Carlos

    Em relação à pergunta: “Mas porque raio não se livra a TAP SGPS da VEM e fecha a empresa?” , convém ter a noção de que o Brasil é um País governado pelo PT (parecido com PS em vários níveis) nomeadamente com grande intervenção na economia e com políticas protecionistas “vincadas”, to say the least .

    Dizem fontes “geralmente bem informadas” que parte significativa das rotas e slots que a TAP opera a partir do Brasil desde a compra da VEM estão garantidas pela existência dessa operação no Brasil. Assim, se é verdade que o fecho da VEM teria custos imediatos significativos com o encerramento que seriam compensados com menores prejuízos futuros, existe a forte crença que o fecho unilateral da VEM pela TAP afectaria de forma muito negativa o “carinho” do Estado brasileiro pela TAP e esta correria o risco de perder várias rotas muito rentáveis na aviação.

    O facto de parte da frota da TAP ser mantida pela VEM, e a TAP preferir valorizar o negócio mais estratégico, a aviação – leva a que muito provavelmente os preços da VEM à “TAP Aviação” estejam no limiar inferior dos preços de mercado, pelo que sem a VEM a “TAP Aviação” perderia rentabilidade adicional.

    Por último, não é de esperar que a administração da TAP SGPS assuma qualquer das suspeitas acima, na medida em que a estratégia e comunicação da TAP tem consistentemente sido de apostar na melhoria operacional da VEM, o que tem acontecido, no sentido de embelezá-la para vender logo que possível.

  24. Tiro ao Alvo

    O João Vasco escreveu: “Corrijo: uma low cost com 63 Airbus A330 ainda em fase de encomenda e por pagar e uma empresa de transporte urbanos compram uma companhia aérea que faz voos intercontinentais à mais de 50 anos”, mas corrigiu mal, pois devia escrever assim, sem erros de ortografia: “uma low cost com 63 Airbus A330 ainda em fase de encomenda e por pagar e uma empresa de transportes urbanos compram uma companhia aérea que faz voos intercontinentais há mais de 50 anos”.

  25. bino

    Mas porque não se venderam as operações no Brasil que dão prejuízo? Se não se consegue vender então fechar?
    Se essa é a componente que levou ao buraco deveria ter sido já removida, qual cancro.

    Porque raio não foi feito? Isso nunca vi ninguém explicar.

    Obrigado

  26. FA

    ”ainda teria de pagar para se ver livre da SPdH, SA e da manutenção do Brasil, que dão prejuízos crónicos.”

    A SPDH (Groundforce) teve lucro nos 2 últimos anos. Na minha opinião, a leitura das contas de lucro versus prejuízo entre empresas do mesmo grupo é sempre muito discutível, visto que basta uma pequena alteração contratual, nomeadamente ao nível do preço por serviço prestado, para uma empresa do grupo dar lucro e outra ter prejuízo.

    ”a TAP e a própria VEM beneficiarão de economias de escala que ganhará aliando-se a outra empresa de aviação (alguns aviões da Azul poderão ser servidos pelo VEM). Permanecendo no Estado, tal seria menos provável.”

    Neste momento a AZUL já é a companhia aérea principal cliente da TAP ME Brasil (Ex VEM).
    As economias de escala serão sempre importantes desde logo pela recuperação da VEM, mas principalmente pelos passageiros de ligação entre as duas companhias, que permitem maiores rentabilidades e taxas de ocupação, viabilizando muitas rotas que de outra forma dariam sempre prejuízo.

  27. Carlos Alberto Lopes

    Para quem está longe de PT e acompanha com interesse o que se passa, artigos como este ajudam-nos a “desfiar” um pouco do imenso novelo que a contrainformação cria, obrigado.

    Para quem vive no Brasil e usa a Azul todas as semanas, não poderia ter ficado mais feliz : por reconhecer um elevado padrão de qualidade no serviço e ser o Único projeto que pode integrar e manter as atuais rotas da TAP no Brasil e continuar o importante trabalho de Hubble que foi criado em Portugal para os brasileiros que viajam para a Europa e mundo em geral. Foi essa iniciativa da TAP que alterou fortemente a quantidade e qualidade dos turistas brasileiros em PT.

    Para clarificar afirmações acima se referindo à Azul como low cost, atualmente não existe em operação nenhuma operadora com esse perfil.

  28. VF

    A TAP nunca efectuou “Hedging Fuel” ou comprou “qualquer posição” pois não tinha Fundos e/ou Capital para tal… Se têm conhecimentos para tal, isso são outros 300’s!

    Relembrar ainda de que aquando a penúltima greve da TAP, os cofres da mesma empresa foram abaixo dos mínimos por forma a cobrir os custos das Operações de Wet-lease IN, bem como todos os custos associados às mesmas e ainda normativas em causa por indemenização a passageiros (EU 261/2004).

  29. carlos

    BASTA TER A TERCEIRA CLASSE PARA SALVAR A TAP – Senhores inteligentes da TAP. Não façam mais patetices. Entreguem-me 12 aviões que eu vendo-os por 100 milhões cada um no Ebay (A metade do preço!) Pagamos a divida e o estado não tem de vender a TAP por uma esmola de 10 milhões de euros. Ficam com 49 aviões e sem dívidas. Por favor parem de ser incompetentes. É tudo números. PS: Não levo comissão – porque ao contrario de vossas excelências eu quero ver o país melhorar.

    E se no Ebay vende a 100 Milhões no OLX eles “voam” por 50 Milhões. Numa semana resolve-se isso. Pronto vende-se 20 aviões a preço da chuva mas fica-se sem dívida e com uma respeitável frota de 40 máquinas. Há tanta maneira de salvar isto. Basta ter a terceira classe para salvar a TAP.

  30. Excelente artigo.
    É apenas um pequeno pormenor, mas o valor das rotas e respectivos slots só poderá ser contabilizado na sua respectiva venda, pois são valores sujeitos a leilão. De notar que não voando para JFK a TAP continua a deter direitos de aterragem e há companhias em espera que os agarrariam de mãos ambas.

  31. Pedro

    Excelente artigo. Questão: atira-se frequentemente para cima da mesa a importância estratégica da companhia aérea para o Estado. Isso já é assumir implicitamente que ela não produz um bem público. Assim, qual é essa importância estratégica para o Estado?

  32. miguel queiroz

    O artigo é tendencioso qb. Esta escrito e assumido que os compradores assumiram a divida da Tap. Qd se diz que a TAP deu 10 milhoes de euros de lucro ou deu meio jorge jesus é uma palermice, é deitar poeira para quem queira levar com ela. O negocio TAP se realmente fôr como este governo diz ter feito é um bom negócio. devia haver igual era para a metro carris e CP, acabava-se a bandalheira das greves semana sim semana não e nós a pagar. Este governo é mau, sim, mas foi eleito ou nao foi democraticamente? porque razao tenho eu que andar a contribuir para as mordomias do meninos da CP e familias? porque razão tenho eu de andar todos os anos a contribuir para o prejuizo sistematico destas empresas? deixemos de tretas e de facciosismos e hipocrisias. daqui a pouco tempo o povo poe lá outro que para ja , ja se esta a revelar,,,,,,,,,,,, mas desde que nao seja o 44 e sobretudo que este 44 fique por la ao calor muito tempo, merece!!!!!!

  33. miguel queiroz, a ideia de que os compradores assumirão a dívida da TAP foi referida pelo Sérgio Monteiro e por Pires de Lima, e é com base nessas declarações que incluí essa resposta.

  34. islander78

    A importância estratégica como foi minorada no artigo deveria ser desenvolvida de outra maneira. Por exemplo, 2 das maiores comunidades portuguesas actualmente, que tenho conhecimento: africa do sul e Venezuela.
    Actualmente para um imigrante português vir ao seu país tem de passar por uma maratona desde que por conta da star alliance se deixou esse destino para os parceiros. Um bom exemplo de que o mercado resolve pela maneira mais lucrativa e não pela mais eficiente.
    Na Venezuela qual a concorrência? A comunidade é essencialmente madeirense e só existe um voo semanal directo entre caracas e Funchal esgotado meses antes, o qual aposto será cancelado eventualmente.
    Existem dados sobre o peso económico destas comunidades que regularmente voltam ao seu país? Na minha limitada análise, penso que muito….e só não é superior pelas limitações actuais.

  35. islander78, isso significa que a TAP deverá ter um vôo directo para todos os países onde estejam emigrantes a morar? Acha que isso é «interesse estratégico»? Pergunta honesta, porque num país em que tudo é interesse estratégico, custa-me perceber o que é efectivamente interesse estratégico.

  36. Pingback: Some say it´s a T(r)AP | As Opiniões da Lu

  37. j. manuel cordeiro

    A não ser que tenha tido acesso aos documentos da privatização, dizer que o privado vai assumir a dívida é uma assumpção. Não é a primeira vez que as privatizações não foram o que pareciam e cá estaremos todos ver o desenrolar do processo.

  38. caro j. manuel cordeiro, estas foram as palavras do ministro e do secretário de Estado. Dado que ninguém consultou o contrato, só teremos certeza quando este for tornado público.

  39. islander78, isso significa que a TAP deverá ter um vôo directo para todos os países onde estejam emigrantes a morar?

    A TAP tem que ter voos para onde haja passageiros que queiram ir ou vir.
    Na Venezuela há (segundo dizem) meio milhão de portugueses, parece-me que seria uma mercado bom. Acontece é que as receitas ficam lá congeladas e a frota não aguenta.
    Nesta passada semana no mesmo dia chegaram e partiram três voos de São Paulo.

  40. Nuno Gomes

    Ponto 2 – Fernando Pinto melhorou os capitais próprios da TAP e acrescentou-lhe a VEM. Qual a lógica de gestão
    Ponto 6 – A economia de escala deverá funcionar sem a Azul a qual, segundo li na imprensa, já é um grande cliente da VEM

  41. Pedro Gonçalves, sim, claro, obrigado pela nota, mas não implicou destruição de capital físico, como com Londres ou Berlim pós 2ª Guerra, que ficaram delapidadas. Era esse o ponto.

  42. FA

    Nuno Gomes, a lógica de compra da VEM na altura era outra, era comprar a VARIG TODA antes de FALIR e gerir as duas. Devido a problemas vários, principalmente desentendimentos e conhecimento de dividas “ocultas”, acabou por comprar apenas a VARIG LOG (cargueiros) e VEM (manutenção), que na altura, devido a falta de espaço na Portela e sustentado em estudos por entidades independentes, seria um bom negocio. Acabou por ser um mau negocio, devido ao fim completo e não esperado do principal cliente, e a uma grande valorização não prevista do real. Depois da reestruturação feita com a diminuição de trabalhadores de 4000 para 2000, e as dividas quase pagas, fica mais caro fechar.
    Em relação a economias de escala, a Azul e importantíssima, não só pela VEM mas principalmente porque a TAM saiu da Star Alliance aquando da fusão com a LAN Chilena. Os acordos em code share actuais com a Azul e Gol são ainda pouco expressivos em numero de passageiros em ligação no Brasil Star Alliance. E a Avianca Brasil, apesar de entrar brevemente na Star Alliance, ainda tem uma dimensão/oferta muito pequena.

  43. Vitor Rochete

    Sendo provável o chumbo da EU ao negócio, revertendo a TAP para o Governo, e mantendo-se a proibição do seu financiamento por parte do Estado, qual a solução?

  44. Caro Vitor Rochete, responder a isso implicaria um exercício de futurologia, que sinceramente não me sinto qualificado para o fazer. A minha convicção pessoal é que a UE não vai chumbar o negócio. Parece-me óbvio que a UE foi consultada sobre a viabilidade de vender a TAP ao consórcio de Neelman.

  45. j. manuel cordeiro

    “estas foram as palavras do ministro e do secretário de Estado”

    Ao ler de corrida, por momentos até tive a impressão estar perante uma atribuição de credibilidade.

    Depois tive em conta que conhecerá as palavras de Pires de Lima “Não lançaremos a privatização da TAP a poucos meses das eleições” e que também não lhe será desconhecido o percurso de Sérgio Monteiro, campeão das PPP ruinosas para o Estado enquanto gestor e depois representante do Estado nas negociações dessas mesmas PPP.

  46. Caro j. manuel cordeiro, o Sérgio Monteiro «ser o campeão das PPP ruinosas para o Estado» é discurso panfletário que poderia figurar numa página do Esquerda.net. Curiosamente, figura. Se Sérgio Monteiro tiver mentido e se a dívida avalizada for transferida para a Parpública ou para qualquer outro veículo que onere o contribuinte pode ter a certeza que rectificarei esse ponto, e duramente o criticarei. Até lá, vale mais do que os disparates que para aí têm sido proferidos.

  47. j. manuel cordeiro

    Sem lhe querer monopolizar o post, permita-me uma nota. Não tem nada de curioso nem de panfletário. Enquanto representante de um consórcio privado, Sérgio Monteiro assinou um contrato de swap que depois foi resgatado com enorme prejuízo pelo estado, através da negociação de Sérgio Monteiro mas, agora, como representante do estado. É uma informação que consta no esquerda.net e é também notícia nesse perigoso baluarte da esquerda que é o Observador (http://observador.pt/2015/01/15/swap-ps-quer-demissao-de-sergio-monteiro).

  48. Caro j. manuel cordeiro, o que o Sérgio Monteiro fez ou deixou de fazer não me parece relevante para o artigo. Eu elenquei uma série de pontos que são conhecidos sobre a TAP. A privatização ocorre para desonerar o contribuinte, também, da dívida da TAP. Se existe dolo no negócio, não me compete a mim ajuizar.

  49. Rafael Pinto

    A minha questão é a seguinte, então porque raio um empresário da área da aviação e com reconhecido sucesso nessa área estaria interessado numa companhia supostamente falida, com prejuízo constantes e com uma divida astronomica? Quero acreditar que alguém que faz esta compra tenciona lucrar algo com isto? e se um privado o tenciona fazer, porque não o faria o estado? Tendo em conta o sucesso economico dos compradores contra os erros sucessivos do governo e respectiva gestão ruinosa que temos visto nos ultimos anos parece-me que alguém aqui fez um mau negócio!

  50. Eduardo Silva

    Um artigo cheio de números e certezas…excepto no ponto mais importante.

    “A operação de manutenção terrestre do Brasil (Varig Engenharia e Manutenção) tem dívida e prejuízos acumulados. Liquidá-la custaria sempre dinheiro.”

    Quanto?
    Compensaria em troca de passar a ter uma TAP SA com lucro?
    Compensaria mantendo a TAP SA, nos próximos anos? (com o preço do petroleo baixo e euro em queda…tudo aponta para anos de muito dinheiro nos transporte aéreos)

    É estranho que o ponto 6 tenha apenas 6 linhas vazias…pois aí reside o busílis da questão.

    Depois existe uma pequena coisa…
    Daqui a 10 ANOS, quando a TAP mudar de sede, e começar a pagar impostos na Irlanda ou na Holanda…quanto vamos perder anualmente em receitas?…

  51. Eduardo Silva, acho interessante que se preocupe com quanto vamos perder daqui a 10 anos quando a TAP mudar de sede fiscal. E que tal preocupar-se com os últimos 20 anos em que a TAP deu sempre prejuízo e acumulou dívida?

  52. thegrumbler

    Ponto 1- Por mais voltas que se dê e muitas contas que se apresente, o encaixe que o estado vai ter são de 10 milhões de euros. Estar a meter ao barulho os 344 milhões de euros de investimento que o comprador se compromete a injectar para capitalizar a empresa é o mesmo que eu vender-lhe um carro por 10 euros e você investir 344 euros no mesmo e eu dizer que o vendi por 354 euros.
    Pode-se argumentar que tem vantagens porque o estado não vai ter que desembolsar os 344 milhões de euros para capitalizar a empresa, mas se vamos por esse caminho também não deixa de ser verdade que existiriam outras formas de capitalização da mesma que não implicaria injecção de dinheiro estatal (coisa que como sabe também é complexa devido às restrições da UE) como aliás aquela que os compradores actuais já disseram que vão fazer, ou seja, utilizarem os aviões que são propriedade da TAP para obterem 100 milhões de euros através ou de hipoteca ou de venda e leaseback.
    Por outro lado, e a menos que exista algum acordo já prévio com as entidades credoras, afirmar que a venda retira o ónus do aval ao contribuinte é no mínimo wishfull thinking porque ambos sabemos que a coisa não funciona assim. Se por algum razão as entidades credoras não estiverem de acordo com essa mudança de avalista, azaralho e o estado fica a arcar com responsabilidades sobre uma empresa que passa a ser detida maioritariamente por uma entidade privada.
    Além disso, como o seu gráfico demonstra de uma forma interessante, o capital próprio da empresa apenas começou a entrar nos terrenos do negativo em 2008, curiosamente a seguir à compra da VEM, que é mais que sabido ser um negócio desastroso e que tem acumulado prejuizos gigantescos.
    Finalmente seria interessante ver o que está contabilizado nessa dívida, porque como muito bem sabemos vários dos aviões estão em contrato de leasing e é no mínimo discutível que essa seja contabilizada da mesma maneira que outro tipo de dívida.

    Ponto 2- Sobre outras formas de financiamento, para além da que já referi mais atrás, também não vejo porque não poderia a TAP fazer o spinoff da Portugália e vender a mesma, sabendo-se que foi adquiria em 2006 (curiosamente ao grupo Espirito Santo) por 140 milhões de euros.

    Ponto 3- sobre a alienação da VEM, se a mesma tem de facto assim tanto beneficio de efeito de escala porque não fazer então uma joint venture com outras companhias áreas ou mesmo alienar a VEM a outras companhias que tivessem mais proveito, e ai não me chocaria que a mesma fosse vendida por 1 euro.

    Ponto 4- Sobre a importância estratégica ou ausência da mesma, tudo se prende sobre se existe ou não vantagens em ter mais rotas directas de e para Portugal mesmo se dando prejuízo e se as mesmas valem a penam serem sustentadas à custa de outras rotas mais lucrativas que permitam manter o equilíbrio financeiro da empresa. Tal aumenta ou não o turismo e as trocas económicas?

  53. Eduardo Silva

    Presumo então, que para o insurgente, a possibilidade de perder as receitas vindo dos impostos da TAP não é de grande importância, mesmo que essa receita seja mais de 400 milhões por ano (quase metade de todo o passivo) ..desde que essa perda seja suportada pelos nossos filhos.

    Ou seja, perder mil milhões uma vez é muito dinheiro… Perder daqui a 10 anos mil milhões de receitas de 2 em 2 anos já não há problema??

  54. Quais receitas, Eduardo Silva? A TAP dá prejuízos há 20 anos, tirando meia dúzia de anos de lucros residuais. Se privatizar e der lucros então, aí sim, começará a pagar IRC.

  55. Eduardo Silva

    Refiro-me as receitas dos impostos…
    O grupo TAP dà prejuízo (a TAP SA não) , mas paga impostos.
    O valor desses impostos anualmente é quase metade desse passivo.

    Daqui a 10 anos, segundo o contracto que foi feito por este governo. .. Se os novos donos assim quiserem, podem mudar a sede da empresa para a Irlanda ou Holanda. .. Passando a pagar impostos nesses países.

    Resultado, para poupar 600 milhões (ou seja o passivo que passa para os novos donos da TAP) abre-se a porta para daqui a 10 anos, perdermos 400 milhões de receitas nos impostos todos os anos.

  56. Pingback: Perguntas e respostas sobre a privatização da TAP | O Insurgente

  57. Eduardo Silva

    Mario Amorim Lopes…não me refiro ao IRC (muito embora o IRC seja por empresa e não por grupo, e algumas empresa do grupo TAP dão lucro)…mas ao IVA (voos domésticos), IVA no duty free dentro da UE, IVA na área de serviços do grupo TAP (manutenção handling), TSU dos trabalhadores (8.000 trabalhadores), etc etc…que no caso da ryanair (por exemplo) está sediado na Irlanda.
    Esse valor que o estado recebe todos os anos, é sempre acima do prejuízo da TAP.
    E no caso de Lucro, com IRC pode ascender acima dos 400 milhões.

    Resumindo…existe algo no contracto de venda que impeça a TAP de passar a pagar impostos na Irlanda daqui a 10 anos?

  58. Luís

    Parece que o ilustre Prof. Mart(c)elo ululou umas asneiras sobre a TAP. E ninguém o confrontou com números. Um iluminado. Mais valia ter sido Papa ou Buda.

  59. FA

    Eduardo Silva, na minha opinião teremos harmonização fiscal daqui a dez anos. Essas situações de dumping fiscal estão a criar problemas na Europa, basta olhar para o PIB do Luxemburgo e quantas empresas la estão sediadas. Quando começar a afectar um pais grande a serio, vão obriga-los a “entrar nos eixos” tal como acontece agora com a Grécia.

  60. Claudio

    Desde já parabéns pelo artigo.
    Tenho uma dúvida devido às noticias publicadas hoje em que os novos compradores iriam vender os aviões e depois alugar os mesmos.

    tendo em conta que a dívida pode retroceder para o estado se
    1) se o contrato for revertido porque o comprador foi incapaz de liquidar ou reestruturar a dívida bancária.

    Para mim, isto é o mais certo que irá acontecer pois vai-se tornar uma bola de neve, em que vendeu os aviões, e depois ainda vai pagar mais para os alugar. O dinheiro da venda vai ser inferior ao do aluguer.

    O estado vai pegar na dívida já sem os aviões pois já os venderam, ou seja, fica com a dívida que caso se fosse o estado a vender tudo só tinha de pagar 500 milhões, só que sem os aviões vai vender o que? a dívida não vai passar para muito mais do que os 500 milhões?

    Alguém vai ganhar com esta venda, e não vai ser o estado nem os trabalhadores nem os contribuintes que vão ter de pagar ainda muito mais.

  61. Cfe

    ” e se um privado o tenciona fazer, porque não o faria o estado?’

    Porque o estado é incompetente para tal uma vez que não existe fisicamente. E tanto é assim que o “põe e dispõe” na Tap acarretou a situação que esta vive.

  62. Eduardo Silva, não existe nem poderia existir. Estamos numa União Europeia, não há restrições à livre circulação de pessoas, bens ou serviços. Como tal, seria vetado pelo Tribunal Europeu qualquer cláusula que proibisse a transferência de uma empresa privada para outro país europeu.

  63. PG

    @Eduardo Silva
    «Presumo então, que para o insurgente, a possibilidade de perder as receitas vindo dos impostos da TAP não é de grande importância, mesmo que essa receita seja mais de 400 milhões por ano (quase metade de todo o passivo) »

    Perder receitas dos impostos? IRC já a TAP não pagava por culpa dos sucessivos prejuizos.
    Os outros impostos de que fala vão continuar a ser cobrados, ou a TAP e o aeroporto estão fechados e foi tudo posto na rua?
    E pelo que sei, o acordo de venda não supõe isenção de IVA, IRS, TSU, etc..

  64. santos

    A venda da tap
    É um insulto à TAP
    E um elogio à estupidez dos portugueses

    As contas estão mal feitas !… Apenas se fala da divida da TAP i.e.de um PASSIVO ,“grosso modo” ,de mil milhões de euros e que a SITUAÇÃO LIQUIDA é negativa com o valor de 500 milhões de euros . E então o ACTIVO ? Ninguém fala !…
    A TAP tem um PATRIMÓNIO físico e humano de valor incalculável . E uma invejável imagem de MARCA . Inquestionável o seu valor no Mundo da Lusofonia.
    E ainda valorizado o património não contabilizado
    se conclui que a TAP foi vendida a “patacos” !…
    Tudo por 10 milhões de euros !…Em vez de mil milhões , nunca menos de 500 milhões de euros .
    A divida será paga com o pelo do mesmo cão !…O que este incompetente Governo não soube fazer !…
    E se o cão morre paga o contribuinte !…
    Apresentam o argumento que a TAP está tecnicamente falida . Argumento de um Governo mentiroso e sem credibilidade (a não ser para alguns papalvos portugueses…) .Já vimos muitos ricos sem dinheiro para pagar o IMI e alguns até não terem dinheiro para comer .
    Este Governo faz-nos lembrar as Comissões de Trabalhadores “abrilistas” que agrediam os patrões das empresas que apresentavam lucros mas não tinham dinheiro no cofre …
    A TAP tem uma divida de mil milhões de euros . Os
    Compradores não deram uma garantia do pagamento desta divida . Riscos ? Apenas prometem investir entre 250 a 500 milhões …E se não investirem ?
    Juntaram documentação técnica que justificasse a eficácia destes desconhecidos investimentos .
    Este Governo não é credível . Qual a credibilidade dos compradores que aparecem com esquemas financeiros para iludir a lei ?
    A venda da TAP apenas comprova a incompetência e irresponsabilidade deste Governo .
    E nesta febre vendedora deste incompetente Governo
    (CIMPOR , EDP , REN , GALP , CTT , AGUAS , ANA ,
    TAP , para alem do IVA da restauração e do caso BES …) .
    Do mesmo modo que não se pediu responsabilidades ao Governador do Banco de Portugal ,
    também tal não acontecerá com o Presidente do Conselho de Administração da TAP .
    Só nos resta esperar pelo dia em que Passos Coelho apareça a vender a sua 2ª mulher …
    ADENDA
    Passos Coelho gaba-se de nos salvar da bancarrota
    da divida de Sócrates ! Mas Portugal tem hoje uma Divida Publica muito maior do que aquela de Sócrates ? E quando chegar a hora de a pagar não teremos uma bancarrota de Passos Coelho ?

  65. Hugo

    Quando se fala que não há interesse estratégico na TAP e depois ficamos a saber que o maior accionista da TAP vai acabar por ser o Estado Brasileiro através de um banco, está tudo dito!

  66. Luís

    «Eduardo Silva, na minha opinião teremos harmonização fiscal daqui a dez anos. Essas situações de dumping fiscal estão a criar problemas na Europa, basta olhar para o PIB do Luxemburgo e quantas empresas la estão sediadas. Quando começar a afectar um pais grande a serio, vão obriga-los a “entrar nos eixos” tal como acontece agora com a Grécia.»

    Essa harmonização fiscal nunca ocorrerá e não faz qualquer sentido para países como Portugal ou Irlanda.

    Nós sendo um país tão periférico e com um atraso de décadas na modernização da agricultura e da indústria, se quisermos agora apanhar o barco da próxima revolução tecnológica temos de ter uma baixa carga fiscal e pouco regulamentação. Não basta o sol, não basta o clima e a gastronomia, se assim fosse já estaríamos a atrair empreendedores há décadas.

    Vou vendo que os EUA ou o Reino Unido atraem cérebros de todo o mundo, Portugal não, tal como a Europa Continental.

    A nossa dívida privada é brutal, das mais altas do mundo, as nossas empresas estão endividadas, não há capital em Portugal para crescermos. Resta o investimento estrangeiro. Mas nesse campo estamos a competir com países da Ásia e da América Latina.

    Se a Grécia regressar ao dracma não nos afectará muito. No Reino Unido os gregos são conhecidos por ser uns trafulhas e os empreendedores não confiam naquele país. Há mais confiança, muito mais confiança em Portugal ou em Espanha.

    Em suma, uma harmonização fiscal não é do interesse de vários países, incluindo Portugal, por isso acredito que nunca ocorrerá. Antes disso o Reino Unido abandonaria a UE, seguido talvez da Dinamarca, Holanda, Irlanda e quem sabe Portugal.

    Aprofundar a UE no sentido de uma Federação vai matá-la.

  67. pemides

    Caro thegrumbler:

    “Por mais voltas que se dê e muitas contas que se apresente, o encaixe que o estado vai ter são de 10 milhões de euros. Estar a meter ao barulho os 344 milhões de euros de investimento que o comprador se compromete a injectar para capitalizar a empresa é o mesmo que eu vender-lhe um carro por 10 euros e você investir 344 euros no mesmo e eu dizer que o vendi por 354 euros.”

    Acabou de tocar no busílis da questão. Se você tem um carro que, dada a sua idade/quilometragem vale 3500€, mas tem o motor avariado, e o comprador tem que investir 3440€ para comprar um motor novo se o quiser meter a andar, é um mau negócio vendê-lo por 100€? Se calhar era melhor negócio arranjar você o carro, pagar os 3440€ e vendê-lo por 3540€? Pelo menos não vinham para a comunicação social notícias de que o thegrumbler vendeu o carro por 100€…

    A única falhar nesta comparação é mesmo que um carro você pode sempre vendê-lo à sucata por 500€. Já no caso da TAP teria que pagar 500€ para a mandar para a sucata…

  68. FA

    Luís, quando falo em harmonização fiscal, falo em tornar o sistema fiscal mais ou menos homogéneo de acordo com a economia de cada pais. E não uma harmonização fiscal onde os impostos e as regras tributarias são iguais para todos. Seria impossível, pelo menos no contexto actual. Estou apenas a falar dos países que assumem regras fiscais radicais no sentido de atrair empresas e capitais de fora, tal como os paraísos fiscais. Em países em que não temos controlo, tudo bem, mas fazer isso dentro da UE, obtendo beneficio em prejuízo directo de outros países não me parece ser muito saudável.

  69. santos

    O MEU POST DE ONTEM FOI CENSURADO
    e o de HOJE ?

    MAL & TIRO AO ALVO
    O Estado vendeu 61% da TAP SGPS que é dona da TAP (doravante TAB) , não por 10 nem por 354 , mas sim por 10 + 39% de 344 milhões …
    Note-se que o tão falado Activo da TAP é diferente daquele duma Liquidação ou do Venal(contratual) .
    A TAP dá lucro e pode dar lucro . (ou então os compradores são aldrabões) . A TAP podia ser capitalizada . É mais fácil vender …
    Havia outras alternativas . É necessário aprender com os compradores ???
    A TAP foi vendida na “totalidade” , ou melhor , foram vendidos 61% da empresa que é dona da TAP que até agora tem sido assim indirectamente da PARPUBLICA(Estado) .
    Não tive a oportunidade de bisbilhotar a CR mas se possível deveria ser feito um referendo nesta questão que tão divide os portugueses e pior anestesiados por uma vergonhosa propaganda politica que os portugueses (“para-analfabetos”?) não conseguem dissecar … Uma censura dos primórdios salazaristas que regressou à Lusitânia …
    É inegável que quando entramos num avião da TAP é como se já tivéssemos chegado à nossa Aldeia . E certamente é mais fácil fazer um testamento ou um casamento a bordo de um avião da TAP do que a bordo de um avião dos Emirados …
    A alternativa moral passa pela venda do departamento brasileiro até também por 10 milhões de euros , meter o gestor brasileiro na prisão , que tal como o então Ministro das Obras Publicas Ferreira do Amaral(que fez um contrato ruinoso com a Lusoponte) e que hoje é Presidente da Lusoponte , vai ser o CEO do grupo comprador , e até deu parecer favorável à venda .
    A lógica das privatizações revela-nos que teremos mais uma “vigarice” . Já há imensos motivos para chorar . Resta-nos rir .
    Castigat ridendo mores
    ADENDA
    Não nego elogios à vossa preciosa contribuição para um melhor entendimento desta questão . Mas não podemos negar a propaganda politica que para justificar (o injustificável) apenas (até o ignorante PR…) falam da divida (para assustar o contribuinte) . E quanto à responsabilidade pelo pagamento da divida , ver para crer , é este o conselho de São Tomé .

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