Dias contados, a crónica de Alberto Gonçalves no DN.
Acabou a pouca-vergonha. Até agora, em qualquer lugar do país, qualquer meliante à frente de uma confeitaria vendia falsos pastéis de Chaves( R ) ao cliente sem escrúpulos que os requisitasse, colocando em risco a saúde pública e a própria coesão social. Mas a infâmia não se repetirá: a Comissão Europeia, que não dorme, concedeu ao dito folhado o estatuto de produto com indicação geográfica protegida. Daqui em diante, pastéis de Chaves( TM ) só fabricados em Chaves ou vendidos em Chaves. O crápula que, sem autorização, distribua a guloseima em Moimenta da Beira ou em Vieira do Minho terá as autoridades à perna e, desejo sinceramente, um futuro no calabouço ou nas galés. Não admira que o autarca e os comerciantes da cidade transmontana vivam desde há dias em pronunciado júbilo, a fazer as contas às exportações (de pastéis congelados) e ao turismo (em busca dos pastéis fresquinhos). Só falta criar uma confraria e duas fundações alusivas aos pastéis de Chaves( C ) e a Comissão Europeia alargar a justiça às iguarias de outras paragens, incluindo a fêvera de Alpiarça e o bacalhau de Sacavém. E esperar que ninguém repare no vazio legal que envolve as bolas-de-berlim. Nunca é boa ideia irritar os alemães.
Ai dos pastéis de Belem que forem produzidos e vendidos na Ajuda! É só atravessar a rua!
Isto é um bocado parvo…
Há ANOS que (por exemplo) os ovos moles de Aveiro têm IGP; pasteis de Tentúgal, idem. E não me deixem ir para as carnes e enchidos, que nunca mais daqui saio…