Ao fim de mais de quatro meses de governação e após as inúmeras reuniões e negociações com os parceiros e credores, o discurso do Alexis Tsipras ontem no parlamento Grego pode ser resumido em cinco pontos:
- A Grécia não irá ceder ao FMI, ao BCE e à União Europeia, mesmo que o tempo seja cada vez mais escasso para alcançar um acordo antes que o programa de ajustamento expire no dia 30 de Junho.
- A Grécia mantém as suas “linhas vermelhas” e quer um acordo que inclua alívio da dívida; saldos primários baixos; protecção dos pensionistas; o retorno da negociação colectiva; e a redistribuição do rendimento dos ricos para os pobres.
- Apesar desta posição firme, um acordo está iminente – para que tal aconteça, alguém tem que ceder, e não será a Grécia.
- A Grécia irá permanecer no Euro, mas os credores têm que chegar a um compromisso de modo a que os receios de um Grexit terminem.
- Todos os partidos da oposição são desafiados a suportar os esforços do governo do Syriza.
Por seu lado, as propostas dos credores são “absurdas” e a única proposta credível é a da Grécia. Boa Sorte lá com isso, Tsipras!
O Insurgente 
O que eu prevejo é o seguinte:
1- O Eurogrupo não vai ceder porque são os ministros das finanças de cada país e estes não podem dar melhores condições para os gregos do que para os seus próprios habitantes. Especialmente agora que se percebe que os gregos são caloteiros e que muito possivelmente o dinheiro vai ser “emprestadado”.
2- A Grécia vai chegar ao ponto de ter dificuldade em pagar salários. Ao primeiro atraso, os funcionários públicos vão encher as ruas a pedir a demissão de Tsipras.
3- Seguem-se eleições, etc, etc.
É o que faz partir para uma negociação sem se saber o que se quer. Querem o euro e não querem o euro, são contra novos empréstimos mas querem novos empréstimos, são contra o FMI mas querem pagar ao FMI, são contra a UE mas querem continuar na UE. Não sei como alguém ainda tem paciência para negociar com estes tipos. É uma pura perda de tempo. Só sabemos que isto vai acabar muito mal e já não falta muito.
Nuno,
Sabem o que querem : querem mama, querem o impossivel ! (slogan escrito numa parede pelos estudantes contestatarios durante a agitação de Maio de 1968 em Paris : “Soyons realistes, demandons l’impossible !”)
– “Querem o euro e não querem o euro”
Querem os Euros dos outros europeus em troca de nada, querem continuar a utilizar uma moeda forte sem terem de se sujeitar à disciplina e às exigencias de uma moeda forte.
– “são contra novos empréstimos mas querem novos empréstimos”
Querem “empréstimos” … com juros hipotéticos e para pagar daqui a 100 anos !… Nas calendas gregas !
– “são contra o FMI mas querem pagar ao FMI”
Querem pagar ao FMI com o dinheiro que contam receber da UE até 31 de Junho … e que não é para pagar !
Parece que afinal a dívida da Grécia não era sustentável. O falhanço não é só grego. A troika que andou a vender uma solução que só piorou o problema também não fica bem na fotografia.
Daqui a uns meses os nossos comentadores vão voltar ao mantra “não somos a Grécia”.
jo,
Quando se faz tudo para a aumentar e nada para a pagar, nenhuma dívida é sustentável.
Proponho um referendo simultâneo aos habitantes de todos os países do Eurogrupo com uma única pergunta: “quer a Grécia na zona do euro?” e depois agir em conformidade!
A Europa continua a borrar-se com a Rússia. De resto, está tudo como no dia a seguir às eleições. A única coisa que varia de facto é a sexta-feira em que anunciam que na semana seguinte é que vai ser.
Não dá para acreditar mas os gregos querem declarar que o resgaste de 2010 foi ilegalmente contratado para não terem de o pagar!…. Que gente odiosa este Syriza. Corram com eles de uma vez para sempre!
“Zoe Konstantopoulou, the speaker of parliament, is technically there to chair proceedings.
But while Tsipras, Yanis Varoufakis and their negotiators have been trying to get the country’s debt reduced via the IMF and ECB, Ms Konstantopoulou has been working to get it declared invalid = “Odious Debt” .
Ms Konstantopoulou’s debt truth committee, set to report on 18 June, is said to be on the point of finding some of Greece’s original bailout debt, from either 2010 or 2011, was unlawfully contracted. In addition, Ms Konstantopoulou is armed with a finding from experts that Germany owes Greece €350bn in war reparations – more than the whole of its debt to Europe.
As I’ve said before, those who think the debt truth and reparations processes in Greece are “for show” are mistaken. Ms Konstantopoulou is piling up, effectively, a mega legal claim amounting to hundreds of billions that would be lodged in Europe’s various international courts.
In recent days her efforts have been boosted by a finding by a United Nations expert on human rights that Greeks’ “economic and social rights” had been undermined by the IMF/EU imposed austerity.”
A coisa mais estúpida seria resgatá-los outra vez sabendo que mais tarde eles poderiam vir a dizer que tinha sido ilegal e que não tinham de pagar nada!…
Gostava de saber o que os dois que (até ao momento) votaram negativamente o comentário da tina acham que pode ser mais estúpido do que resgatar outra vez a Grécia sabendo que mais tarde eles poderão vir a dizer (na minha opinião é mais “virão a dizer”) que tinha sido ilegal e que não tinham de pagar nada.
Na última fase de uma qualquer tragédia grega, o espectador espera tristemente o fim da peça. para truncar o sofrimento.