Público: Portugal entre os quatro países com mais desemprego jovem na OCDE
The minimum wage and youth unemployment across the European Union
European nations with the highest minimum wages have unemployment rates that are twice as high, on average, as those with no minimum wages. Especially hard hit by minimum wages is youth employment, which averages more than 25% in these countries.
A esquerda diz sempre que a Suécia é o modelo a seguir…
Tem que se facilitar os despedimentos, despedir os velhos, contratar jovens para o lugar (a metade do preço) e o desemprego jovem deixa de ser um problema.
Estou a ver que já descobriu a solução.
Pequeno passatempo:
Olhando apenas para o gráfico seguinte e sem usar outra fonte de dados tente ordenar os países por ordem crescente de salário mínimo.
http://www.statista.com/statistics/266228/youth-unemployment-rate-in-eu-countries/
Fascismo fiscal, ASAEs da vida, paranóia com os diplomas do Superior, desvalorização social do trabalho e valorização do ócio, condenação social do individualismo, da iniciativa individual…
Eu concordo com tese da correlação positiva salário mínimo-desemprego.
Mas comparado só assim, pode estar a enviesar e a esconder situações não tão idílicas assim… Qual o salário mínimo pago realmente? Qual o médio do percentil 10? Quantas das pessoas empregadas não ganham o suficiente para pagar a renda de um quarto?
Não tou a dizer que há, mas que pode haver. E sem dúvida que trabalhar a receber é melhor do que não trabalhar, por pouco que seja, mas isso deve garantir um minimo de possibilidade de sobrevivência. Garante? (atlvez a resposta seja sim, mas não está reflectida nesses números)
A taxa de desemprego entre os mais jovens (entre os 15 e os 24 anos)
Isto parece-me a modos que um contrassenso. Em Portugal é proibido trabalhar com menos de 16 anos mas a escolaridade é obrigatória até ao 12º ano, pelo que dificilmente um jovem com menos de 18 anos pode estar na força de trabalho. Em face disto, pergunto que sentido faz calcular uma taxa de desemprego a partir dos 15 anos?
“Quantas das pessoas empregadas não ganham o suficiente para pagar a renda de um quarto?”
Se estiverem desempregadas ainda ganham menos. Aí não garantem mínimo algum.
Catarina: “Eu concordo com tese da correlação positiva salário mínimo-desemprego”.
Em teoria sim, mas não tem a importância que lhe é dada pela escola do Café Hayek, como parece resultar dos dados que apresento neste meu post: http://marques-mendes.blogspot.pt/2015/04/o-salario-minimo-e-o-desemprego.html
Caro António,
Também não consigo fazer essa leitura dos seus dados (isto não quer dizer que ela não esteja correcta, apenas que do que lá está não decorre por A+B a conclusão que me apresenta como óbvia).
Para me provar que tem razão, tem de me dizer (a) em que medida variaram os SMN, (b) em que medida variaram os Salários medianos e (c) qual a percentagem da popuação activa que se encontra a receber o SMN em cada ano.
Porque o rácio de SMN/Sal.mediano para baixar enquanto o SMN também baixou, ou o salário mediano ficou igual, ou subiu, ou desceu numa porporção menor à do SMN. Daí que não possa concluir o movimento total para os empregados do país nem a possível causa do desemprego.
Por exemplo, no exemplo da Eslovénia, em que sobe o peso relativo do SMN 26%, tendo este subido efectivamente em quanto? Caso a mediana se tenha mantido no mesmo valor, pode significar que apenas absorveu trabalhadores que ganhavam abaixo da mediana, mas que este novo SMN mantém o status quo. Dado que o desemprego aumentou, no entanto, levaria a concluir que foram despedidas pessoas de ambos os lados da mediana. Mas se o valor mediano se tenha alterado, imaginemos que negativamente, então terá havido despedimentos e/ou cortes nas camadas superiores, não alterando possivelmente a % que ganha o SMN. A última hipótese sugeriria que aumentando o SMN a mediana se move para cima, ainda que não na mesma medida que o SMN (nem poderia, pois naturalmente a % que recebe o SMN é <100%), e então este teria contríbuido para melhorar o nível de vida de quem fica empregado, à custa de um maior desemprego.
As possibilidades de interpretação das consequências e vantagens são muitas com a sua análise, não me permite constatar nada. É necessário entender quem faz parte dos afectados pelo desemprego, em que medida estão melhor (ou pior) que a média e que anteriormente (e para isso são necessários (c), (b) e (a), respectivamente)
Dito isto, naturalmente que o SMN nao e o unico indicador com influência nos números do desemprego, mas continuo a ser da opinião que não se deveria tomar de ânimo leve a decisão do seu aumento.
O problema das rendas foi criado há mais de 100 anos. Foram congeladas logo no início da Primeira República. Ajustar as rendas à realidade salarial de Portugal será um processo muito moroso. Justificar um aumento do SMN por causa do custo de vida é demagogia.
A República Checa tem um PIB per capita superior ao nosso e o salário mínimo rondará os 400 euros. Vamos sim falar de produtividade, PIB, quallidade da formação profissional…
«Dito isto, naturalmente que o SMN nao e o unico indicador com influência nos números do desemprego, mas continuo a ser da opinião que não se deveria tomar de ânimo leve a decisão do seu aumento.»
Além do valor do SMN, que não deveria existir ou deveria ser bem mais baixo (400 euros, na minha opinião), há o problema do esforço fiscal e ainda o excesso de regulamentação que as PMEs enfrentam. além da morosidade e ineficiência da Justiça portuguesa.
Acredito que se houver vontade política o desemprego descerá rapidamente. Muitas PMEs querem contratar mas não podem por causa da carga fiscal e do valor do SMN.
Sabem quanto custa um empregado? Salário, mais Medicina no Trabalho, subsídios de férias, Natal, alimentação, formação profissional, seguros, contratos, compensações por não renovação de contratos a prazo, segurança social, etc. Somem tudo, somem.
Talvez queiram verificar os factos antes de partilharem a informacao! Esses paises tem salarios minimos, sendo que alguns deles (como a Austria, por exemplo) tem o salario minimo imposto pelo estado como se faz em Portugal, e outros paises, como a Suecia, a Suica ou Dinamarca (ou a Italia, que por razoes evidentes nao consta na tabela), o estado apenas impoe que os sindicatos e as associacoes de empregadores tem de discutir o salario minimo dos respectivos sectores. Se o vosso argumento e’ que deviamos mudar o esquema como implementamos os salarios minimos nesse sentido, eu estarei plenamente de acordo. Afinal de contas, eles conseguem salarios minimos muito superiores (mesmo na comparacao do custo de vida nas capitais).
O problema do desemprego jovem (ou o desemprego em geral) tem evidentemente outras causas.
A fonte é muito fraquinha, o raciocínio está gasto, o Reino Unido desgraça a “lógica”, e esta questão está para o liberalismo como a “cassete” esteve para o comunismo. Não resolve nada nem chega a lugar nenhum.
Se pretende uma fonte mais credível que aponta para os mesmos resultados pode ver aqui: http://www.nipe.eeg.uminho.pt/Uploads/NIPE_PP_01_2011.pdf
Miguel. agradeço, mas não perca o seu tempo… O assunto está tratado, documentado e a “inconclusividade” aferida por técnicos e pensadores bem mais consensualmente aceites do que nós os dois… Não obstante, o “bom senso” também pode dar uma ajudinha. O “efeito” do SMN em Portugal é certamente diferente do que teria em outra economia. Talvez por isso os empresários portugueses se mostrem menos interessados no assunto do que os liberais teóricos. Por fim. as conclusões da “fonte mais credível” deixam o assunto pouco esclarecido, são hesitantes, e inserem-se no montão de papéis que afirmam “a verdade” e o seu contrário. É como as cores. Se todos gostássemos de amarelo não existiria nada azul…
Alguns comentários.
1. O estudo que lhe apresentei não é teórico. Embora corrobore a teoria, o que pelos vistos para si é uma desvantagem
2. O consenso dos técnicos é que o SMN causa desemprego e afecta em especial as chamadas “classes menos favorecidas”. Especialmente aquelas que se diz querer proteger. Aliás, é essa a conclusão do estudo. É sempre possível ignorar a realidade e invocar outras quaisquer vantagens. É lícito e discutível. O que não se pode é dizer que não existe evidência da ligação entre o SMN e o desemprego.
3. O estudo é sobre Portugal. Mas, ceteris paribus, se fosse sobre outro país não se esperaria um resultado muito diverso.
4. Se quiser mais estudos sobre o efeito do SMN em Portugal eu posso indicar as referências. Mas se não quiser perder o seu tempo com minudências eu compreendo.
Miguel, respeitosamente discordo das suas “certezas” e da bondade “técnica” de certos estudos e muito particularmente dos “não teóricos” como afirma ser este. Porém, ele próprio, também baseado aqui e ali em apreciações empíricas. Muito embora as experiências pessoais não sejam para aqui chamadas, tenho a dizer-lhe que no contexto profissional em que actuo, o SMN (presente numa parcela de colaboradores) nunca limitou a quantidade de admissões. Estas, são determinadas pela necessidade emergente do volume de produção. Na “economia real” o que conta mesmo são os “euros”, e neste caso, o SMN ter mais 20 ou menos 20 não aquece nem arrefece, dado que o “peso final” é composto por um conjunto mais alargado de custos É claro que esta “lógica” seria completamente diferente se o SMN passasse para € 600,-… Se assim fosse, o efeito sobre o emprego ocorreria, mas não pela contracção da necessidade de pessoas (pois uma “boa gestão” deve sempre mitigar a necessidade destes e outros recursos, e não ser “perdulária” pelo facto deles serem “baratos”…), mas antes pela “perda de encomendas” por via da redução da competitividade… Daí que no horizonte das preocupações do gestor faça muito mais mossa o excesso de regulamentação, os impostos, o custo das energias e da “logística” portuária. e outros, do que ter um SMN de € 485 ou € 505.
Acerca desta questão concluo dizendo que compreendo que o principio “teórico” faça sentido numa ótica liberal, porém na prática (e é aí que o meu contributo pretende ajudar), não é relevante neste momento em Portugal. Se houver alguém “do terreno” com opinião contrária terei muito gosto em a ouvir…
Leia o estudo. É capaz de lhe dissipar algumas dúvidas e pressupostos que incorrectamente faz sobre ele. É tudo.
Caro Miguel, parece-me que se esquece que a realidade política económica e social de países como a Finlândia, Suécia ou Áustria é completamente diferente da realidade portuguesa. A inexistência de um salário mínimo em Portugal traduzir-se-ia, muito provavelmente, numa diminuição do salário médio mensal, diminuição da produtividade e num aumento da emigração (os baixos salários praticados em portugal já justificam a saída de trabalhadores portugueses para o estrangeiro, imagine o que se sucederia perante uma diminuição desses valores). Por outro lado, não existe no nosso país uma cultura de reciprocidade de interesses entre entidades patronais e trabalhadores, pelo que as primeiras, legitimadas pelo contexto da crise económica, certamente se aproveitariam da inexistência de um salário mínimo nacional para oferecer salários mais baixos, o que se traduziria numa degradação das condições dos trabalhadores assalariados. Se em países como Suécia, Finlândia, ou Alemanha a ausência de um salário mínimo pode até revelar-se positiva (permitindo a diminuição da contratação a ”negro”), no nosso caso, dadas as especificidades da realidade social e económica portuguesa, não me parece que se revele positivo.
Somos sempre um caso especial. Nunca nada se aplica à nossa realidade.
Miguel, não vale a pena ler mais estudos porque a cada um que se refira aparecerão outros tantos a evidenciar o contrário… Não obstante, começa a notar-se alguma linha de consenso quanto a desmontagem do mito de que o salário mínimo tem um efeito considerável no desemprego.
Por exemplo é o que afirma este estudo:
Click to access min-wage-2013-02.pdf
Diz-se por exemplo: “Economists have conducted hundreds of studies of the employment impact of the minimum wage. Summarizing those studies is a daunting task, but two recent meta-studies analyzing the research conducted since the early 1990s concludes that the minimum wage has little or no discernible effect on the employment prospects of low-wage workers.”
Apesar do interesse dos “estudos”, se nos abstrairmos de considerações ideológicas a questão resolve-se facilmente. O emprego é condicionado essencialmente pela necessidade decorrente da dinâmica económica e a valorização do trabalho pelas leis “universais” da oferta e da procura… Se num dado contexto existissem exageradamente mais dentistas do que eletricistas face à respetiva procura, você pagaria muito mais por resolver um curto circuito do que tratar um dente…
Como você próprio reconhece o salário oferecido para cada função é afectado pela procura relativa. Não é muito difícil perceber que quanto mais próximo o SMN estiver do salário médio maior o impacto no desemprego. Como acontece no caso português.
Quanto ao estudo que apresenta, embora se possa inferir nas conclusões, os autores não se dizem que o pouco impacto do SM nos custos pode ter a ver com a pouca representatividade deste na economia americana. Para além disso o maior efeito do SM tem a ver com a não criação de emprego (como está a acontecer em Portugal desde que foi alterado o SM).
Quando ao caso português, mais dois estudo sobre o impacto do mesmo: https://oinsurgente.org/2013/03/07/a-sensatez-fica-para-um-destes-dias-2/
Mas se não quiser ler está à vontade.
O Miguel é pródigo em mandar ler estudos mas talvez seja justo que leia também os comentários. É para isso que eles servem, certo? Já afirmei, e não pode contestar, que existem estudos para todos os gostos e conclusões. Portanto acabemos com o empurra para o estudo A ou B. Tem direito à teimosia como eu tenho também.
Mas veja um caso interessante: já deu conta do possível efeito da inexistência de SM nas empresas portuguesas em consequência, lá está, dos mecanismos da oferta e procura? – Imagine que o SM acaba, e que, acentuando-se a “pressão” no abaixamento dos salários mínimos (a), estes reduzem para níveis de absoluta insustentabilidade humana… Efeito: a massa de gente sujeita a essas circunstancias adversas faz pela vidinha, pira-se, embarca para outras paragens… Em consequência, tornando-se o recurso escasso, em breve as empresas carentes de mão de obra, teriam de disparar salários. Teríamos assim uma economia débil ainda mais enfraquecida por salários excessivamente altos…
(a) – … que na verdade não existe nem é reclamada por quem gere empresas. Os empresários pedem outras coisas, como muito bem sabe… No entanto, e para finalizar com graça, conhece algum estudo, relatório ou similar, em que o patronato português reclame o fim do salário mínimo? Se o enviar prometo que não abro mais a boca… Have a nice day!…
O estudos “não são para todos os gostos”. Existem pressupostos metodológicos e questões de amostra que podem e devem ser discutidos.
Li os seus comentários e o estudo que indicou. Você parece não ter lido os que indiquei. E não consegue apresentar nenhum estudo sobre a realidade portuguesa que os contradiga. Se existem tanto não deve ser difícil encontrá-los.
Segundo o exemplo que dá (baseado em pressupostos seus) o SMN tem de facto impacto significativo o que parece contrariar o estudo que indicou anteriormente e a sua afirmação que os salários estão dependentes da oferta e da procura.
Se não quer discutir mais não precisava inventar motivo. Basta deixar de comentar
Não indicou o estudo do patronato… O seu comentário demonstra que não entendeu o exemplo.
E não vale a pena ser “naif”. Existem estudos para todos os gostos, e existem até estudos por encomenda. E é legítimo que assim seja. Compete ao individuo filtrar ou ser penalizado pela falta de esclarecimento.
Bom, Miguel, neste assunto não chegamos a pontos de convergência. Ninguém convence ninguém… Paciência, outros existirão em que o resultado poderá ser diferente… Por fim, não seja “truculento”! Não merece a pena, nem lhe fica bem… O “fair play”, mesmo nas diferenças. é mais bonito. civilizado. democrático e liberal.
“Não indicou o estudo do patronato…”
Não indico estudos que não conheço. Fico à espera que me o indique.
” Existem estudos para todos os gostos, e existem até estudos por encomenda.”
Os estudos normalmente não se fazem por “gostos” ou então terão pouca validade. Não sei se quer discutir a competência e idoneidade dos autores dos que indiquei. Por encomenda, no caso em concreto não conheço nenhum. Mas também aguardo que me indique algum
De resto não me interessa vencer o prémio de miss simpatia. Prefiro discutir factos.
Confesso que também não percebo onde nesse contexto entra o “liberalismo” e a “democracia”.
Este seu último comentário basta-me. É esclarecedor.
Ora bem.