A tese do suicídio, na queda do avião da GermanWings, vai ganhando consistência e, a confirmar-se, a seguinte conclusão é inevitável: um mecanismo de segurança, implementado após os atentados de 11 de Setembro de 2001, frustrou qualquer tentativa de impedir o desastre. Há sempre gente disposta a trocar qualquer coisa por segurança, até a liberdade e a dignidade, e os voos comerciais são o laboratório perfeito para se estudar até que ponto os seres humanos aceitam submeter-se a todo o tipo de procedimentos invasivos quando aliciados pelo logro securitário. Não será este um caso claro de violação da liberdade individual, mas fica a lição: não há almoços grátis.
“um mecanismo de segurança, implementado após os atentados de 11 de Setembro de 2001, frustrou qualquer tentativa de impedir o desastre”
Não percebo esta frase. De que mecanismo de segurança está a falar?
Deve estar a referir-se à “liberdade e dignidade” de um piloto poder ir ao wc e voltar tranquilamente ao seu lugar sem ser impedido por uma porta blindada que visa “apenas” impedir que eventuais terroristas suicidas possam entrar na cabine de pilotagem e utilizar o avião como uma bomba voadora ?!…
Alguns sindicalistas já avançaram com uma solução baratinha e com risco zero que não passa por retirar a porta : colocar um 3° piloto na cabine !… (mas porquê piloto ?!!…)
Atenção : a “segurança” não é um “logro” … é uma garantia de defesa da liberdade e do direito à vida contra aqueles que não as respeitam !
Esta tese do suicídio parece-me um logro, inventado para desviar as atenções do público da verdadeira causa do acidente, qualquer que ela tenha sido (possível defeito do avião e/ou do software que o governa).
Só um maluco escolheria aquela forma de se suicidar, cruel para todas as outras pessoas que iam a bordo, e difícil, pois que dependia do co-piloto eventualmente decidir sair do cockpit. Se o co-piloto não tivesse saído, não teria havido suicídio?
Luis Lavoura,
Qual é a racionalidade de um “maluco” ??
(tanto quanto percebi a investigação ainda está em curso e a hipotese do suicidio ainda não está confirmada)
Os Lock-outs serão sempre circundados porque se o Homem tem a capacidade de os inventar, também tem a capacidade de os evitar.
Basta impôr que sempre que um dos pilotos se ausente do cockpit devam permanecer sempre 2 pessoas. No caso dos aviões maiores o co-piloto e o engenheiro de bordo, no caso de aviões menores o co-piloto e uma hospedeira ou um membro do pessoal de cabine. Simples e eficaz.
“Simples e eficaz.”
Bom, “simples” é mesmo o que existe …
“Eficaz” ?… Pode ser “circundado” … A parada milagrosa não existe.
Mas pode ser uma pista … Existirão outras que vão provavelmente ser agora ponderadas.
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4477902&page=-1
Se os Finlandeses o fazem… é porque de facto é o mais simples e eficaz. Não são conhecidos por ser um povo de extravagâncias.
Agora a sério, a única maneira de ser circundado este procedimento é se um potencial suicida manietar / neutralizar a 2ª pessoa. Acho difícil que consiga sem recurso a uma arma – e isso parece-me quase impossível de levar a bordo – ou que num confronto físico, a 2ª pessoa não consiga abrir a porta e pedir socorro.
À medida que o homem vai sendo cada vez mais “aliviado” de trabalho e sobrecarregado por rotinas e montes de computadores nos quais pode brincar com os dedos a arrastar coisas bonitas no ecrã, vai-se estupidificando. A questão dos pagamentos só com NIB escrito num papel (enquanto nas outras operações se utilizam múltiplos mecanismos de alta tecnologia, incluindo autenticação biométrica), é outro exemplo acabado do caminho que a humanidade leva.
Diogo Cordeiro,
Essa medida já há muito que era equacionada e ponderada. Mas averdade é que, pelo menos até agora, não foi considerada indispensável.
A unica companhia que já a aplicava era efectivamente a Finnair.
Hoje mesmo mais 3 companhias anunciaram adoptar a medida a partir de amanhã : Norwegian Air Shuttle, Air Transat e Icelandair.
Provávelmente muitas outras se seguirão nos proximos dias.
E é até possivel que a as autoridades a venham a tornar obrigatoria.
Mas não se pense que esta e outras eventuais medidas acabarão com a possibilidade de situações anomalas e incontroláveis.
O risco zero não existe !
Claro que não!
Só disse que era a mais simples e eficaz. Isto refere-se em termos de recursos envolvidos. O risco zero não existe, de facto!
Quando se tornar evidente que mesmo este lock-o
Publiquei sem querer. Quando se tornar evidente que mesmo esta opção não for a mais eficaz, vamo-nos lembrar de outra.
Há vinte anos tentei contratar um homem para cavar um pedaço de terra de um monte que comprei no Alentejo. Apareceu-me um velho com quem combinei o preço e a execução para o dia seguinte. O velho pareceu-me muito enfraquecido, mas com os meus problemas de trabalho nem pensei na questão. No dia seguinte alguém (o velho) tinha cavado pouco mais de um metro de terra…e nunca mais o vi. Ainda hoje lamento a minha falta de sensibilidade.
Conheço, neste Alentejo casais velhotes que vivem com menos de 400 € mês e com as suas galinhas, patos e pouco se lamentam. Mas também conheço professores que trabalham menos de vinte horas semanais, ganham muito mais que os velhotes, fazem greves e querem aumento de vencimento. E também existem pilotos que reivindicam aumentos salariais.
No meio desta miséria toda (por excesso e por falta) aparecem os sindicatos e os partidos a convencer que “podemos” e a confundir o Zé.
E nos Zés também há copilotos e outros irresponsáveis desiludidos com a “miserável” vida.
Desiludidos ou baralhados…
De facto, a “segurança” não é um “logro” … “é uma garantia de defesa da liberdade” … e também um magnífico negócio para aqueles que estão por detrás desse ror de empresas de segurança que por aí andam.
Esta questão das medidas de segurança dos avioes faz-me recordar o número de governantes que foram mortos pelos seus próprios guarda-costas (Senhora Ghandi, Presidnte Kabila, etc.).
“a “segurança”… e também um magnífico negócio para aqueles que estão por detrás desse ror de empresas de segurança que por aí andam.”
Alguém tem de fazer o trabalho e fornecer os serviços de segurança que são procurados.
E como ninguém (ou quase) trabalha de graça, tem mesmo de ser um “negocio”.
A concorrencia no sector é grande pelo que singram sobretudo os mais eficientes e com a melhor relação qualidade/preço.
“Esta questão das medidas de segurança dos avioes faz-me recordar o número de governantes que foram mortos pelos seus próprios guarda-costas”
O que não significa que os guarda-costas não sejam necessários e que os governantes deixaram de os utilizar !…
Significa apenas que há sistemas que falham e, de um modo geral, que a perfeição não existe … mesmo em matéria de segurança !
Nem todas as ocorrências humanas são válidas na defesa das “liberdades individuais”… No caso deste texto, construído em torno duma tragédia, a asserção é manifestamente forçada e incongruente… Por outro lado, perante a necessidade de partilha de um espaço comum sujeito a elevado nível de ameaças, como um avião, mais do que efeitos demagógicos em torno das “liberdades”, são necessárias soluções e nunca floreados estilísticos do planeta utopia.
Mas concretizemos, quando se fala em “logro securitário” qual a solução coerente com as “boas práticas” da liberdade individual?! Cabine aberta e todos os passageiros com autorização de uso e porte de arma de fogo?… Tenho dúvidas e muita curiosidade em conhecer a solução mais apropriada…
O que está em causa, muitas vezes, não é a segurança mas o sentimento de segurança. No pós 11 de Setembro isso ficou perfeitamente claro na aviação: os talheres de metal foram substituídos por talheres de plástico, mas ninguém retirou as garrafinhas de vinho de vidro que com toda a facilidade podem ser transformadas numa arma letal.
Esta manhã, na Antena 1, ouvi o anterior presidente do INAC dando conta que a solução para situações como o do desafortunado voo da Germanwings seria a presença a bordo de um segurança armado – o que só não teria sido implementado “porque custava muito dinheiro às companhias aéreas que estão nas lonas”. Portanto, para este funcionário superior, a solução para prevenir a possibilidade de um profissional altamente escrutinado poder ser maluco, e deitar um avião abaixo, seria meter a bordo um profissional muitíssimo menos escrutinado (certamente contratado em outsourcing a um empresa de segurança) e dar-lhe uma arma. E depois há que ache estranho que uns cromos deste género se se tenham lembrado de resolver o problema da violação do sigilo fiscal criando uma lista VIP.
JPT,
São dois assuntos diferentes … Não é correcto estar a ligá-los … As questões que se colocam a respeito da segurança num avião são muito diferentes das questões que se lentam a proposito do sigilo fiscal.
A unica coisa que é comum, a estes como a praticamente todos os assuntos, é que não há soluções milagrosas e definitivas contra todas as ameaças, não há risco zero.
Quanto à segurança nos aviões, eu também tendo a ter algumas duvidas quanto à presença a bordo de um homem armado. Pode justificar-se perante as ameaças terroristas actuais. Mas pode também criar outros problemas. Este tipo de medida deve ser equacionado em cada momento e em cada caso em função da avaliação que se faz dos diferentes tipos de risco e dos protagonistas. Não é fácil. Por sinal, actualmente, há paises (por exemplo, os EUA) que autorizam (mas não obrigam) que os pilotos possam ter uma arma no cockpit. Mas as opiniões e as práticas a este respeito são variadas…
Quanto ao sigilo fiscal, o que é de bom senso é que este exista em geral (com excepções devidamente regulamentadas para procedimentos juridicos) e para todos os cidadãos. Para o efeito, são naturalmente necessários mecanismos de protecção adequados. Ou seja, que protejam todos os cidadãos, sem excepção. E “sem excepção” significa também que devem ser protegidos aqueles cidadãos que tendem a estar mais expostos, figuras publicas, responsáveis politicos, etc … digamos “VIPs” !… O que, na prática, pode perfeitamente implicar que sejam elaboradas listas de pessoas cujos processos sejam mais especificamente vigiados e sujeitos a maiores controles de acesso. Este tipo de aparente “discriminação” não tem nada de imoral ou anti-constitucional. Acontece hoje em muitas e muitas situações. Por exemplo, a protecção policial individualizada e reforçada de figuras publicas e politicas consideradas de maior risco. A policia deve proteger todos os cidadãos mas nem todos os cidadãos podem ter um policia à porta de casa !