A proposta de Varoufakis ao Eurogrupo contem 7 reformas, a saber:
- Criação de um conselho fiscal
- Melhorias no processo de criação do orçamento de estado
- Agentes à paisana para combater a evasão fiscal (mais sobre este ponto abaixo)
- Melhoria na legislação sobre dívidas fiscais
- Aumento de receitas sobre o jogo online
- Implementação de medidas anti-burocráticas
- Adopção de medidas imediatas para endereçar a crise humanitária
Sobre o ponto 3 referido acima, nada como os leitores lerem por si próprios na imagem abaixo. Essencialmente, Varoufakis propõe contratar estudantes, turistas e donas de casa para se fazerem passar por clientes ao mesmo tempo que são equipados com escutas (equipamento de registo àudio e vídeo escondidos) para detectarem e denunciarem infractores.
O que eu não entendo é como é que o Maduro (sim, o dos passarinhos) não teve uma ideia tão brilhante como esta…
Definitivamente, a estirpe mais vermelha do vírus Venezuelano chegou à Europa.
Só para ver se percebi bem, o problema na usa opinião é apenas o uso de mecanismos de registo?
A probabilidade e facilidade da medida gerar corrupção, não?
Fora isso, até acho a medida cost-efficient e acho interessante a tentativa de shift da mentalidade… mas não chega.
Afinal a pide até era fixe
endereçar para onde?
A contratação de turistas para espiarem e denunciarem os infractores fiscais gregos, é curiosa e original mas levanta à partida um problema: que salário vai ser proposto aos turistas? Quer dizer, vão propor a um(a) sueco(a) um salário igual a um(a) português(a), isto no caso de os portugueses serem admitidos para o desempenho de tão nobres funções? O salário médio na Suécia é superior a 3000 euros, em Portugal não chega a 1000 euros e pode criar-se aqui uma discriminação que não fica bem a um regime como o que o Syrisa quer implantar na Grécia e no resto da Europa se a coisa por lá resultar.
Este Varoufakis não pára de nos surpreender.
P.S. Por acaso alguém sabe se já abriram as inscrições?
É a bufaria da esquerda no seu esplendor: isto só na RDA e no PCP do barreirinhas. Em cada esquina um bufo!
Isto é uma mão cheia de nada: mesmo à Costa
Conheço a situação do jogo online na Grécia.
O Governo anterior preparou o arranjinho para manter o monopólio estatal da OPAP. Devido a este monopólio no jogo online e nas apostas desportivas a corrupção de resultados desportivos é enorme e caso único na Europa. As empresas europeias estão bloqueadas e o Governo grego está a perder cerca de 50 milhões por ano em impostos. Em Chipre só se pode jogar ou apostar na OPAP. A Grécia está mais próxima do Terceiro Mundo que da Europa Ocidental.
Felizmente graças a Adolfo Mesquita Nunes Portugal seguirá outro caminho, o do Reino Unido: liberdade, concorrência, transparência.
O mercado grego valia 10% dos lucros da Betfair e a empresa de exchange não fazia concorrência à OPAP. Os mercados de exchange em apostas desportivas só são viáveis com liquidez internacional, europeia, e funcionam de modo similar aos mercados financeiros. Só há duas empresas de apostas de renome, a Betfair e a Betdaq, ambas do Reino Unido. Pois nem essas, que não fariam qualquer concorrência à OPAP, pois para a empresa grega seria inviável oferecer exchange, nem essas, dizia eu, conseguiram licença na Grécia.
No jogo online e apostas desportivas o Governo grego prescindiu de receita fiscal e destruiu um mercado que criaria emprego (caso dos traders em mercado exchange de apostas, e na Grécia havia muitos) para proteger meia dúzia de oligarcas instalados na corrupta OPAP.
Na Grécia aconteceu algo impensável e sobretudo inadmissível para os profetas da austeridade.
Por isso, aqui, digam ou façam os gregos o mesmo e o seu contrário, estarão sempre condenados ao fracasso e ao ridículo.
Que pena os insurgentes não fazerem jus ao nome relativamente a toda e qualquer espécie de ditadura ideológica.
João de Brito,
O impensável é haver quem ainda olhe para o novo Governo grego e não veja ridículo e atitude suicidária.
Sinceramente fico triste com tais propostas para a grecia , pois para mim os gregos assim como os portugueses mereciam propostas crediveis que estabelecessem as bases para a recuperação economica , do emprego e da prosperidade .
Os gregos , tal como os portugueses nunca irão pagar a dívida e também nunca irão recuperar economicamente com o nível de impostos que têm e com a maneira como são cobrados . É tudo uma questão de tempo para o estoiro , anda é tudo distraido.
Os governos e os estados viram-se contra os seus cidadãos caçando-os como coelhos com impostos , com taxas , com multas e coimas de todo o genero , virando-os de cabeça para baixo e abanando-os por mais uma moeda perdida . Estão de cabeça perdida . É a austeridade dizem.
“Na Grécia aconteceu algo impensável e sobretudo inadmissível para os profetas da austeridade.”
João de Brito,
O problema na Grécia foi que, estando mais cedo e à partida pior do que qualquer outro pais, deveria ter aplicado um programa de austeridade (associado a reformas estruturais) mais cedo e mais drastico.
Não o fez logo, os gregos não se conscencializaram para a necessidade de mudar, viveram ao ritmo de greves e manifestações quotidianas, instalou-se uma grande instabilidade politica, com governos breves e fracos. A situação agravou-se, foi necessário um segundo resgate, mais dinheiro e mais tempo.
O ultimo governo, de coligação entre a Nova Democracia e o Pasok com Samaras como PM, em cerca de 2 anos conseguiu aplicar uma série de medidas previstas pelo programa da Troika e começava a obter alguns resultados positivos no final de 2014 : um saldo orçamental primário positivo, uma descida progressiva das taxas de juro no mercado secundário, o regresso do crescimento economico a taxas superiores à média europeia. Ainda era pouco, sobretudo tendo em conta o tempo perdido, mas era o começo de uma evolução positiva, no sentido do que era e é já uma realidade noutros paises que também aplicaram programas de ajustamento do mesmo tipo : Irlanda, Portugal, Espanha. Com estes resultados o governo grego não teria dificuldade em obter um prolongamento da assistencia financeira da Troika e, provavelmente, condições ainda mais favoráveis.
Infelizmente, os vendedores de ilusões levaram a melhor e a extrema-esquerda, com a ajuda de um partido de extrema direita, chegou ao poder.
Apenas apos 1 mes de irresponsabilidade e desgoverno, a Grécia já está a andar para traz.
Nada de “impensávél” para “os profetas da austeridade” !…
Antes pelo contrário, tudo muito previsivel.
E ainda a procissão vai no adro !!…
castanheira antigo :
“as bases para a recuperação economica , do emprego e da prosperidade.”
Mas é o que está a acontecer em Portugal, graças à austeridade !!..
– “recuperação economica” : taxa de crescimento do Pib em 2014 de 0,9%, previsão de 1,5% em 2015 ;
– “recuperação do emprego” : em cerca de 1 ano a taxa de desemprego baixou 4,4 pontos, de 17,7% para 13,3% ;
– “recuperação da prosperidade” : o consumo tem vindo a subir desde meados de 2014.
Como toda a gente sabe, o problema da Grécia foi não ter aplicado o programa de austeridade desde o principio e sem hesitações.
Com a chegada do Syriza ao poder está a ser muito pior a emenda do que o soneto !
Comparar 1 mes com 2 anos ou 20 de centrão é anedótico.
(associado a reformas estruturais)
Pois, pois, e alguma vez quem criou o monstro, em beneficio dos seus lobies e eleitores, será capaz de o domar ??? Lá ou cá?.
JS,
Não comparei coisa nenhuma … Disse o obvio : 1 mes de Syriza foi suficiente para fazer com que a Grécia passasse do crescimento para a recessão, de um saldo primario positivo para negativo, de taxas de juro a descer para taxas de juro a subir …
Não acredito que o Syriza aguente 2 anos …
Mas se conseguisse e ficasse 20 anos … seria então o primeiro caso de regresso ao comunismo !
O “monstro” foi criado por todos aqueles que defenderam e defendem mais Estado, mais despesa, mais endividamento … Como o JS !!
Fernando S.,
Concordo. É verdade o que diz, a curtíssimo prazo.
Já quanto a defender “mais estado”, será outro JS…
Cordialmente.
Caro JS,
Poderei ter percebido mal a sua posição e, se é o caso, as minhas desculpas.
Se diz não defender “mais Estado” tomo nota e folgo com isso !
Dito isto, a minha dedução quanto à sua posição explica-se porque me pareceu pelo seu comentário que o JS acredita que uma estratégia de anulação ou suspensão politica da divida, como aquela que é defendida pelo Syriza, é desejável, permitiria dispensar a austeridade, e teria no final, “no longo prazo”, melhores resultados. Ora, acontece que a visão do Syriza e da generalidade dos que a partilham, implica necessáriamente “mais Estado”, exclui reformas estruturais de cariz liberal, e tem como consequencia a prazo ainda mais austeridade.
Quanto às reformas estruturais, que são desejáveis, terão de ser feitas por quem naturalmente tenha alguma consciencia da necessidade de reduzir o peso do Estado na economia. Mas não basta ter esta consciencia. Para se poder passar das ideias aos actos é indispensável ter alguma vez responsabilidades efectivas de governação. A partir daqui, pouco importa se são os mesmos que criaram “o monstro” ou outros. O que me parece certo é que é muito mais provável que eventuais “reformistas” possam vir dos partidos que nos ultimos tempos apoiaram os governos que tiveram a coragem de aplicar politicas de ajustamento, naturalmente impopulares, do que de forças politicas que, tal como o Syriza na Grécia, se opuseram a essas politicas e prometem acabar com a austeridade.
Bom Domingo !
Fernando S.
Cumprimento-o pela forma cortês como comentou o meu pouco cordial comentário.
Concordo também com estas suas últimas observações.
Entretanto avaliemos o Syriza pelo que for, ou conseguir ir, fazendo. Mesmo pouco. O possível. O espartilho foi muito bem apertado e durante muitos anos….
Lembremo-nos que até j.Sócrates e PP Coelho nos primeiros momentos dos seus mandatos até tiveram ilusões, quiçá, justicialistas.
Para já constatamos que na própria hierarquia europeia, ao mais alto nível, exitem posições díspares, brechas de políticos oportunistas(?), quanto às austeridades.
Não creio que o eleitorado grego tenha “maioritáriamente” votado Syriza. Terão apenas votado contra a austeridade, os que mais a sentem. A coragem do desespero?. A respeitar. Cordialmente e com o devido respeito pelo coordenador do blog.
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