Discordo da principal conclusão do Alexandre neste artigo do Observador Tsipras o inimigo da liberdade. Será o inimigo da liberdade na Grécia mas pode ser o salvador da liberdade na Europa.
Partidos como o Syriza, Podemos ou um dos 10 partidos da mesma linha em Portugal vendem fins sem explicar os meios ou as suas consequências. Vendem a ideia de que o Estado pode dar as “mais amplas liberdades” a todos sem terem de mostrar à priori que para o fazer têm de tirar as mais básicas liberdades também a todos. Certeza no meio, incerteza no resultado. E o que é que acontecerá quando os meios e as suas consequências directas, mas não explicadas, forem evidentes?
O Syriza ao chegar ao poder tem de mostrar a mão. Como é que vai conseguir o perdão e renegociação das condições de pagamento da dívida? Vai sequer cumprir as promessas eleitorais? É esta exposição, que concretizará medidas e consequências que servirá de vacina nos restantes países europeus. Quando António Costa falar de corte com austeridade, existirá um exemplo do que são políticas de corte com a austeridade e das suas consequências. Não será suficiente para o PS dizer que não fará como o governo PSD/CDS, terá de explicar como é que será diferente do governo do Syriza. Uma saída da Grécia da zona euro poderá cair bem no eleitorado do PCP ou em parte do eleitorado do BE/Livre mas não será bem visto no eleitorado base do PS.
Para mal dos gregos, o inimigo da liberdade na Grécia, poderá ser o maior amigo da liberdade na Europa. É por aqui que discordo do Alexandre. A Grécia não é a Europa.
Concordo e espero que nos restantes paises, seja possível as pessoas aprenderem com o exemplo dos outros, coisa não muito comum no ser humano. Porque se entram estes do podemos em Espanha, então o problema começa a ser sério para todos.
Percebo perfeitamente o teu ponto, Ricardo.
Vamos ver se a posição da Grécia evolui e se, de facto, Tsipras será um inimigo da liberdade. Mas a minha dúvida com essa tua argumentação é que se está a tolerar, dentro de uma comunidade que se define por valores liberais, a existência de um inimigo dessa liberdade, só porque achamos que o seu mau exemplo será dissuasor para os restantes países. Poderá até ser um mal menor, mas diz muito sobre os nossos tempos e a actual convicção dos europeus nesses valores.
Pingback: O substracto – Porque é que a Grécia sai do Euro em Fevereiro | O Insurgente