Via Paulo Guinote, tomei conhecimento deste estudo da Universidade Nova de Lisboa em que se decompõem os resultados no testes de PISA de 2006, 2009 e 2012. A boa notícia é que a melhoria entre 2006 e 2012 aconteceu de facto. A má notícia é que, pouco surpreendentemente, os números de 2006 e 2009 foram revistos em baixa por problemas de amostra. Ao contrário do que indicavam os números oficiais existiu uma evolução positiva contínua entre 2006 e 2012.
Sobre isto convém recordar o que escreveu na altura Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da Educação do governo do Partido Socialista, sobre os resultados de PISA 2012:
(…)Porém, uma análise pormenorizada dos resultados revela que as melhorias ocorreram sobretudo entre 2003 e 2009. Daí para cá, ou seja, entre 2009 e 2012, os resultados mantêm-se, registando-se uma estagnação, sobretudo em ciências. Podemos e devemos perguntar-nos porquê. O que deixámos de fazer? Ou o que fizemos de errado?
Em primeiro lugar, os programas de ensino da matemática que estavam em vigor foram substituídos por outros, à pressa e contra os pareceres das associações de professores. Segundo, o Governo terminou com todos os programas de apoio à melhoria da qualidade do ensino e das aprendizagens, como o Plano de Ação para a Matemática e os planos de recuperação, entre outros, sem os ter substituído por outros. Há pois más razões para olhar com preocupação para o relatório do PISA 2012.
Afinal não foi bem assim. A melhoria iniciada em 2009 foi mais baixa do que o inicialmente calculado, e estendeu-se a 2012. Procura-se nova narrativa.
Pois, mas eu é que andei a pregar quase sozinho que a amostra tinha sido “moldada” em 2009. Muita gente, assobiou para o lado e aplaudiu a firmeza anti-corporativa da MLR.
Paulo Guinote, nesta questão, excepcionalmente, estivemos de acordo. https://oinsurgente.org/2013/12/18/pisa-separar-o-bebe-da-agua-do-banho/. Mas, mérito lhe seja dado, falou disso bem mais cedo.
A explicação da Lurdes Rodrigues implicaria que meio ano lectivo de más medidas seriam suficientes para fazer baixar os resultados.
não deixa de ser irónico que os autores dos estudos PISA sofram de falta de literacia “estatística”…
Tem razão Paulo Guinote. E merece apreço que O Insurgente, na pena de CGPinto, o reconheça.
Para lá das diferenças nas posições, aprende-se seguindo esta discussão.
Saudações,
LV
Não brinquem com as cedilhas, eheheheh
Filipe,
Aqui em portugal brinca-se com as vírgulas. Consta que uma delas valia cento e vinte mil contos.
Paulo Guinote,
Li o seu artigo, e mereceu-me a melhor atenção. Para já, agradeço-lhe os factos. Destoo das suas conclusões. Para mim, Nuno Crato é o melhor ministro da educação que tivemos em quarenta e tal anos, embora deixe muito por fazer e ainda mais por cortar.
O problema do ensino profissional é que não foi universal e já foi desvirtuado. Ficou uma espécie de ensino recorrente, para calhaus com olhos, onde todos passam e ninguém aprende. Tenho um filho num curso profissional pela atribuição de uma profissão de recurso e felizmente tenho meios de lhe suplementar o ensino pessoalmente, preparando-o em matemática, física e química. Não creio que a dita via profissionalizante tivesse em vista enganar PISA, mas pode ser um efeito colateral.
Espero que o Paulo Guinote vá levantando essas lebres. Temos três anos para corrigir a situação, por forma a que o ensino profissional seja o ensino de elite em Portugal.
Dou-lhe uma pista de como o ensino profissional deve ser: Escola Profissional da Guarda. (Não trabalho lá) Ensinam matemática A (não A1 transformada em A-), e o mesmo para as outras disciplinas. Os alunos fazem normalmente as provas de acesso à universidade sem CET. E tem fila de espera: todos os anos a procura duplica a oferta.