É bom recordar àqueles cujo conhecimento de economia é inversamente proporcional à forma aguerrida e proselitísta com que juravam que o yield das obrigações da dívida pública nada tinha a ver com a percepção do risco ou com os défices orçamentais, este simples gráfico. Um deles foi agora recentemente promovido ao secretariado nacional do PS, imagino que como recompensa pela sua acutilância económica.

O Galamba vai ele fazer os cálculos e confirmar a teoria que defende. Os cientistas são assim…
A realidade até é mais anti-galambista… pois ao contrário do gráfico acima, em fim de 2013 a taxa grega já era o dobro da Portuguesa… Mas com o mal dos gregos podemos nós bem…
Parece que não falta muito para o Galambinha ajudar o Costa a recuperar o atraso visível no gráfico… Alegremente até assinarem o próximo MoU com uns estrangeiros “agressores”.
Pode elaborar um pouco mais sobre o gráfico e sobre o tal efeito “draghi-dual”?
A principal razão da subida dos yelds gregos não serão as eleições que se avizinham e a instabilidade politica (Syriza…)? Não será tb previsível que os de PT subam quando se avizinharem as eleições de 2015?
Não percebo muito bem onde quer chegar com o gráfico e o raciocinio mas gostava de compreender.
Seguindo a sua teoria, parece que a instabilidade eleitoral começou em Setembro/Outubro o que é estranho dado que a decisão de as antecipar é relativamente recente.
Mas seria interessante se a sua teoria tivesse alguma aderência à realidade. Nesse caso mercado estaria a equivaler o PS ao Syriza.
“Não será tb previsível que os de PT subam quando se avizinharem as eleições de 2015?”
E nessa altura haverá mais risco não?
É interessante a resposta do Rui porque, talvez sem intenção, reconhece que a estratégia de estabilidade seguida pelo governo (excepção feita à atitude do ministro irrevogável) no fim de contas até foi benéfica.
Foi a estabilidade que não se sente na Grécia que permitiu que entretanto fossem realizadas em mercado várias operações de troca e venda de obrigações entre 5 e 10 anos, a taxas bastante competitivas – coisa que a Grécia ainda não conseguiu fazer.
@lucky luke;
“E nessa altura haverá mais risco não?”
Exatamente, já se sabe que as eleições podem resultar numa maioria/governo que dê início ao um processo de restruturação da dívida e por isso faz todo o sentido que os yelds comecem a subir assim que se preveja um evento eleitoral num futuro próximo. A relação do gráfico com o tal efeito “Draghi-dual” é que não estou a ver e gostava que o autor do post explicasse com maior detalhe.
@Nuno
“É interessante a resposta do Rui porque, talvez sem intenção, reconhece que a estratégia de estabilidade seguida pelo governo (excepção feita à atitude do ministro irrevogável) no fim de contas até foi benéfica. Foi a estabilidade que não se sente na Grécia que permitiu que entretanto fossem realizadas em mercado várias operações de troca e venda de obrigações entre 5 e 10 anos, a taxas bastante competitivas – coisa que a Grécia ainda não conseguiu fazer.”
Pelo contrário foi com toda a intenção e parece-me que esse reconhecimento é devido ao governo atual, em especial ao PPC que contra várias adversidades soube manter a estabilidade governativa mesmo tendo de “engolir muitos sapos” e para constatar isso basta ver o que o exministro da economia escreveu no seu livro. Do meu ponto de vista não faz sentido é a prioridade ser o pagamento da dívida com as taxas de emigração e desemprego que temos mas isso é uma discussão completamente diferente do ponto em questão neste post.
O que é que yields da dívida tem que ver com emigração?
Isto porque não estamos a pagar dívida nenhuma, antes pelo contrário, continuamos a endividar-nos.
Ás vezes esqueço-me de explicar coisas que para mim são evidentes, mas que posteriormente descubro que para muita gente são novidade.
> conhecimento de economia
O Prof. Francisco Louçã, portanto?
Não sei, não. Há uns que conhecem economia, mas a economia não os conhece a eles.
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Rui,
“as eleições podem resultar numa maioria/governo que dê início ao um processo de restruturação da dívida”
A dívida tem estado a ser reestruturada com sucesso desde que o Governo actual tomou posse, com prolongamento de prazos e redução das taxas. O Rui deve estar a referir-se a uma “maioria/governo que dê início ao um processo de DEFAULT da dívida”, o que teria realmente um efeito dramático nos yields. Mas isso nunca virá a acontecer.
Se António Costa continuar a insistir no default da dívida (chame-lhe o que chamar) até à campanha eleitoral, alguém será enviado para lhe explicar os factos da (dí)vida e o fazer entender que os meninos mal comportados arriscam-se a ficar sem os “brinquedos”, sendo que os “brinquedos” são o financiamento externo de que Portugal não pode abdicar.
É que, como o Surprese realçou, Portugal não está a pagar a dívida, está a aumentá-la. Aquilo a que o Rui chama “pagar a dívida” mais não é do que cumprir os compromissos assumidos de forma a que Portugal possa continuar a endividar-se, na esperança de que mais cedo ou mais tarde o Estado seja realmente reformado e deixe de ser deficitário.
Quanto à emigração e desemprego, é do interesse de Portugal que pelo menos parte dos desempregados emigre porque deixarão de representar um custo para o Estado e para as respectivas famílias e poderão passar a ser uma fonte de receita para o país, caso decidam enviar parte das suas poupanças para Portugal.
O pior que o Governo pode fazer é comprometer ainda mais a situação financeira do Estado para baixar artificialmente a taxa de desemprego.
Muitos clamarão que, com a emigração, Portugal perde mão-de-obra qualificada de que necessita. Só que isso não faz nenhum sentido. Emigra quem não arranja trabalho em Portugal.
O que Portugal precisa é de investidores e empreendedores e, para os atraír, o Estado tem que passar a pesar muito menos sobre quem produz. Isso significa menos burocracia (Estado mais pequeno), impostos mais baixos (menos receita do Estado) e estabilidade fiscal e regulamentar (Estado mais sustentável e menos vulnerável às conjunturas). Tudo isto implica gastar menos dinheiro e não mais.