Podem encontrar o meu artigo completo, no site do Instituto Ludwig von Mises Portugal.
O momento em que o aluno decide o seu próprio rumo escolar é um dos mais determinantes para a sua vida e não é vantajoso para ninguém que essa decisão seja tomada de forma leviana ou desinformada. Contudo, se um excesso de cautela leva a que se subestime a autonomia dos indivíduos, abre-se caminho a uma intromissão política crescente que irá transformar as salas de aulas em espaços de nivelamento na mediocridade e de escassez de criatividade, forçando os alunos a seguirem um ensino obrigatório, alargado a longo prazo, e uniforme a nível programático.
Se a ânsia de prosseguir políticas educativas racionalistas acaba por fazer vergar a vontade dos alunos e passa a invadir um espaço de influência que deveria estar reservado essencialmente ao indivíduo e à família, essa tendência política irá infantilizar a capacidade de escolha dos alunos e poderá dar azo ao estabelecimento de metas irrealistas a nível económico, político e social. Uma meta irrealista nesta matéria será, por exemplo, – e porque os objectivos vocacionais não se livram do risco de incorrer em racionalismo planificado – almejar que seja atingido um determinado número de inscrições em cursos técnico-profissionais pela modalidade de ensino dual, e não ter em conta a capacidade de absorção do tecido empresarial nacional. No caso português, recorde-se que predomina uma racionalização das políticas planificadas centralmente, o que prejudica ainda mais a persecução de objectivos educacionais que devem ser geridos de acordo com as especificidades e oportunidades regionais.
Sob a justificação de igualdade de oportunidades, sacrificam-se, muitas vezes, a liberdade e a responsabilidade; nomeadamente, a liberdade de não gastar tempo inútil (12 anos de escolaridade obrigatório, no caso português) em programas escolares generalistas quando não há intenção de prosseguimento de estudos, e a responsabilidade de, mediante as reconhecidas capacidades pessoais, verificar as possibilidades reais do mercado de trabalho. As oportunidades vão estando previstas e têm sido dados passos positivos desde os anos 80, passada a fase de extinção do ensino comercial e técnico que aconteceu a partir de Junho de 1975, pelo desejo de combate à perpetuação das desigualdades sociais. Um golpe ideológico que muito terá contribuído para desprestigiar as profissões técnicas. Este espírito revolucionário cunhado nas decisões políticas, indiferente às necessidades de mão-de-obra qualificada e de diversidade de competências, levou a que fosse tentada uma reinvenção do ensino profissional, em 1983, por José Augusto Seabra, mas que não alcançaria sucesso devido à falta de adesão dos alunos, já pendendo preferencialmente para o continuação dos estudos. Só em 1989 é que viria a arrancar a reforma do ensino secundário que, entre outros objectivos, procurava promover a multiplicação da oferta formativa profissionalizante.(5)
As palavras de Merkel, já aqui referidas, causaram escândalo porque tem vindo a persistir um problema grave de expectativas entre os licenciados. A maioria das pessoas é atingida, directa ou indirectamente, quando confrontada com esta desagradável realidade (alunos, familiares de alunos, docentes, etc.). Mais do que um problema de massificação e de mediocridade no ensino superior, sofre-se pelo problema inevitável da falta de credibilidade (naturalmente, em consequência dos dois anteriores).
A Escola é um depósito de crianças. É esse o objectivo. Já satisfazer os clientes com saberes e a diferentes velocidades é que não.
O ensino técnico começou a ser desmantelado cm a reforma Veiga Simão no Estado Novo.
Também penso que os filhos de famílias pobres deveriam ter o direito de ajudar as famílias a partir do 10. Já os filhos-família são sempre mais inteligentes.
Excelente artigo.
Senhora Daniela Silva:
Disse, «passada a fase de extinção do ensino comercial e técnico que aconteceu a partir de Junho de 1975, pelo desejo de combate à perpetuação das desigualdades sociais. Um golpe ideológico que muito terá contribuído para desprestigiar as profissões técnicas.»
E se se informasse melhor quando se iniciou o percurso que havia de levar ao fim do ensino técnico, através da unificação das 2 vias, antes de fazer afirmações infundadas, baseadas apenas em convicções ideológicas ou em lugares comuns?
Agora para o senhor JO: foi muito antes, meu caro, coitado do Veiga Simão, apanhou o comboio já em andamento e quase a chegar à estação.
Se quiserem eu deixo-vos os dados irrefutáveis.
Até a declaraçãoo do último Director-Geral do Ensino Técnico e Profissional entre 1945 e 1971, Carlos Proença.
Só que para se perceber bem todas as fases do extenso percurso de unificação do ensino o texto é grandote.