Não, o título deste artigo não é da autoria de um gangster neoliberal de direita, cuja profissão de fé passa por liquidar Sócrates na praça pública. É do Libération, esse mesmo, de Jean-Paul Sartre. A sublime ironia disto tudo é impossível de ser quantificada.
Com os dedos dormentes de tanto teclar agora só isto: Então deixarem agora este preso falar com rodadas de amigos e companheiros não pode constituir forte contributo para perturbar e contaminar a investigação?
Ena! Ao que isto chegou. O Insugente a publicar as manchetes do Liberation.
É a “campanha da direita” em pleno.
Parabéns à Dona Estrela, de quem dizem ser a responsável por “trazer” ao PS esta pérola.
Um político “duvidoso”, “sempre borderline”, “sanguinário, autoritário e de estilo cintilante à la Sarkosy”. É assim que o jornal francês “Libération” descreve José Sócrates, num artigo, publicado esta quinta-feira, sobre a detenção do ex-primeiro ministro português.
O caso Sócrates, diz o jornal, “corresponde a um novo degrau de imoralidade na vida pública”. No artigo, assinado pelo correspondente do “Libération” em Madrid, descreve-se as suspeitas que levaram à acusação do ex-governante por fraude fiscal, corrupção e branqueamento de capital. Explica-se como “o modo de vida em Paris chamou a atenção da brigada financeira portuguesa”, como o seu motorista “fazia regulares viagens Lisboa-Paris para lhe entregar grandes quantidades de dinheiro em cash” e como o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva serviu como pivô num esquema de transferencias financeiras. O “apartamento no valor de 2,8 milhões de euros, a frequência de restaurantes de luxo e as escutas telefónicas fizeram o resto”.
E o resto é muito. Desde logo, o escândalo desmontou a imagem do “antigo líder socialista que, em maio de 2011 se demitiu, enquanto o seu país estava à beira da falência”. Sócrates queimou o seu “retrato político bem merecido, de um cidadão honesto que serviu o seu país o melhor possível” e que “no final do seu primeiro mandato obteve resultados visíveis na mudança de uma administração pública anquilosada”. Passou a ser “o líder duvidoso, esse produto mediático ou o politico Armani (citando o ‘Público’, que sublinhava o seu lado esquerda-caviar) envolvido em vários escândalos dos quais conseguiu, de cada vez, escapar às garras da justiça”.
O texto do “Libération” termina com uma análise de Fernando Rosas, apresentado como historiador. “Desde o princípio, ele foi esse jovem lobo, oportunista, sem ideologia, obcecado por escalar todos os degraus até ao poder supremo, sempre borderline”. Apresentado como “antigo militante do partido de direita, o PSD, passou para os socialistas em 1981” e acrescenta-se à biografia de Sócrates ter sido “admirador de Tony Blair” mas que “sempre conheceu um percurso pouco claro”. “Há mesmo fortes hipóteses do seu diploma de engenheiro civil, obtido em 1980, ser falso”, conclui o artigo.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/liberation-arrasa-jose-socrates=f900090#ixzz3KHQADsBo
Lucas Galuxo, estamos a cumprir as quotas de pluralidade. Amanhã citaremos Hoxha.
Escrevam para não se esquecerem: rastejando, isto vai acabar muito mal.
Antes fosse, Mário Lopes. Estão a confirmar o que já aqui vos disse. O esvaziamento do espaço político que JS representa irá beneficiar os extremos. Sobretudo à esquerda, mas pode ser que também sobrem umas migalhas para vocês.
“O esvaziamento do espaço político que JS representa irá beneficiar os extremos. ”
Se beneficiar os extremos em detrimento do PS então beneficia a direita, claro. É preciso eu tirar da minha calculadora?
Pois, essa é a parte que o Lucas parece não compreender. Nós queremos é que nos deixem em paz. Embora não seja pedir muito, parece ser uma tarefa hercúlea num país socialista que julga que se deve imiscuir na vida de toda a gente.
Não,Mário. Ele tem razão. Da mesma forma que os processos contra militantes do PSD e CDS têm como objectivo o “esvaziamento do espaço político” respectivo. Isto é uma cabala de proporções titânicas.
“(…) gangster neoliberal de direita”? Olhe que sempre houve muita gente de esquerda, que nunca gramou o Sócrates. Recordo-me, até, de ter sido dito que o Sócrates era, na altura, o melhor dirigente que a direita podia ter 🙂 (Jerónimo? Louçã? Já não me lembro).
A questão do almoço parece-me dos pontos mais graves em toda esta história, mas quando se lhe adiciona as declarações atribuídas pela TSF a Cândida Almeida, então aí, juntas as coisas, ultrapassa todos os limites da ficção cinematográfica.
Às vezes quem está de fora vê melhor.
Não é por nada mas o título que mostram deixa bem claro que a expressão “oportunista sem ideologia” é uma citação, não é uma opinião do jornal.
Sem ideologia e sem quaisquer princípios éticos.
Caro Miguel Pires, se ler o artigo perceberá que é um artigo de opinião do jornal, e que Libération usou a citação do Fernando Rosas, como a de outros, para resumir a sua posição. Nenhuma posição abonatória é citada ou referida.
Um Dâmaso Salcede dos nossos dias sob os holofotes do Libération !!!
Chic a valer…
É o esperado vindo do Liberation, quando corre mal já não é de Esquerda.
Para esses a União Soviética afinal também não era Comunista, apesar do Comunismo ser Totalitário por natureza e todas as aventuras Totalitárias acabam mal.
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