Artigo de António Costa no Diário Económico
António Costa quer falar da agenda da década, não quer falar da agenda deste ano e do próximo. Diz generalidades com as quais todos concordam, da Esquerda do PS à Direita do PSD, defende uma terceira via para resolver os problemas da dívida e do défice. Nem corte de despesa, nem aumento de impostos, o crescimento económico resolve o problema. De que forma? Como afirmou na entrevista a Vítor Gonçalves na RTP, é preciso investir na educação e na ciência, criar emprego qualificado e o resto aparece. Já o programa de Governo, só em Maio ou Junho do próximo ano. Esperemos.
Entretanto, António Costa continua presidente da Câmara Municipal de Lisboa e, nessa qualidade, a agenda da década não chega, é preciso resolver os problemas já no próximo ano. De que forma? Com mais taxas e impostos, claro. Numa coisa, este Costa é coerente, o corte de despesa também não aparece.
António Costa lamenta que Lisboa apresente em 2014 uma receita fiscal inferior à de 2010 em cerca de 154 milhões de euros. E, em termos acumulados, a perda é superior a 392 milhões de euros. Uma quebra de receita estrutural, que Costa, o presidente, resolve de forma bem diferente daquela que Costa, o candidato do PS, resolveria. Com mais impostos ou, talvez, com a simpatia do Governo, que deveria estar disponível para partilhar parte da receita do IVA. Mantendo todas as outras transferências, presume-se. E admite também transformar a taxa de conservação de esgotos numa taxa de protecção municipal.
É claro que o presidente António Costa está a fazer em Lisboa a ginástica que o Governo faz no País. O problema está no que o candidato Costa não nos diz sobre a forma como vai continuar a reduzir o défice e a dívida pública. Mas, não nos iludamos, à Esquerda ou à Direita, fica claro que há ‘uma’ diferença entre ser candidato e exercer o poder.
Já está a passar de dedo levantado na TV: se eu mandar, reponho os cortes.
Ao mesmo tempo critica a subida da dívida.
É simples. É só fazer de conta que se está a dirigir a atrasados mentais.
No fim recebe palmas.
Lembro-me muito bem de que, quando criticavam Soares de despesismo, ele respondia que não fazia contas de merceeiro.
Diz-se agora que Costa é preferível, porque mais capaz de decidir, mais ousado, ao passo que Seguro será mais limitado, mais timorato.
Por que será que algo me diz que é verdade, que Costa é mais capaz, mais decidido a gastar e a distribuir pelos apaniguados, à boa maneira de Soares e Sócrates, reenviando-nos rapidamente para o caminho do endividamento galopante e suicida?!…