Problemas de procura – uma perspectiva keynesiana

Ouve-se com alguma insistência a defesa de estímulos à procura interna como forma de ultrapassar crises económicas, mais especificamente no caso português. É um argumento de base Keynesiana, embora Keynes também defendesse o oposto em períodos de expansão e nunca se viu um economista Keynesiano a defender a retracção da procura interna ou austeridade em períodos de expansão. Diz o argumento que é devido à falta de procura que não há investimento e por isso a economia não cresce. A procura de uns é o rendimento de outros, segue o argumento, pelo que aumentando a procura interna o rendimento crescerá, o que fará aumentar ainda mais a procura, numa espiral virtuosa de crescimento. Isso é, parcialmente, verdade, mas tal não significa que estimular a procura interna seja a resposta para o problema do crescimento, mesmo que ofereça alívio no curto prazo. De facto, estimular a procura interna pode colocar em risco a sustentabilidade do crescimento e causar uma queda futura superior ao crescimento atingido.

Para entendermos a resposta a este problema, podemos começar por ver em baixo a ilustração simplificada da situação económica portuguesa até 2007.

situ1

A vermelho está representada a procura interna correspondente aos gastos do estado e dos consumidores. Neste exemplo a procura interna (Pi) é de 24, que se reparte entre 12 de Procura do sector A (50%), 6 de procura do sector B (25%) e 6 de procura de bens de importação (25%). A azul temos a procura externa. Na verdade, para um pequeno país aberto, a procura externa é infinita. Por muitos recursos que aloquemos à exportação nunca conseguiriamos produzir tudo o que americanos e chineses consomem. O montante das exportações é apenas limitado pela nossa capacidade de investir e competir nos mercados internacionais. Procura externa neste caso é mais a parcela da procura externa total que nós temos a capacidade de satisfazer. Os círculos marcados com D e R correspondem a Despesa e Rendimento dos agentes dentro do país. No caso dos sectores A e B, despesa e rendimento são iguais. Importações são apenas despesa e Exportações apenas receita1). A verde está a capacidade de produção em cada sector que corresponde à quantidade de produto dado o número de trabalhadores e capitalalocados ao sector2).

Nesta situação inicial, os sectores A e B dedicados à procura interna têm a capacidade de produção ajustada à procura. Mas o nível de procura que corresponde à capacidade instalada gera um nível de importação, 6, superior às exportações, 4. A diferença tem que ser compensada por endividamento externo.3) Ou seja, aquele nível de procura interna só pode ser atingido porque alguém empresta 2 ao país (estado e particulares). O que acontece quando esse 2 desaparece, ou seja, quando deixamos de poder pedir emprestado para compensar o défice comercial? Podemos ver no quadro abaixo:

situ2

Como apenas um quarto da procura interna vai para importações, para se eliminar um défice de 2, a procura interna teve que cair 8 4). Isto assume que a queda da procura interna se distribui na mesma proporção inicial, o que acontece quando não existe moeda própria. Com moeda própria, um desequilíbrio como na situação 1 faria desvalorizar a moeda o que diminuiria a preferência por bens importados. Os efeitos no bem-estar também existiriam, mas seria mais complicados de medir.

É nesta situação que normalmente se identifica um problema de procura. E ele existe. Se nesta altura se perguntar aos empresários qual o seu principal problema, a resposta será, sem dúvida, a procura. Os sectores A e B têm capacidade para produzir bastante mais do que é procurado. Provavelmente haverá desemprego e equipamento parado. Alguns economistas keynesianos dirão que esta é a altura para estimular a procura interna de forma a aproveitar a capacidade produtiva não utilizada. Eles dirão, com razão, que aumentando a procura aumentar-se-ia o rendimento. Se o país se conseguisse endividar em 2 para aumentar a procura interna, o rendimento, neste caso, aumentaria 8 por via do multiplicador. Há apenas um problema: aumentos da procura interna geram sempre por definição um aumento de despesa maior do que de rendimento. Os rendimentos dos sectores A e B são exactamente iguais à despesa, mas no caso dos bens importados, existe apenas despesa. Ou seja, um estímulo à procura interna teria sempre que ser feito com base em dívida.
A questão é: existe alguma alternativa? Sem a possibilidade de se endividar, o país estaria para sempre preso neste nível de rendimento e subutilização de capacidade? A resposta é não. Existe uma segunda possibilidade que consiste em estimular a procura, começando pelo aumento de rendimento. Isto consegue-se ao realocar capacidade produtiva dos sectores A e B para o sector exportador. Pelo mesmo multiplicador, por cada unidade de capacidade produtiva transferida para o sector exportador, o rendimento do país cresceria 4, estimulando também a procura interna dos sectores A e B. Veja-se abaixo:

situ3

Note-se como o rendimento e o consumo subiram em todos os sectores, mas desta vez sem criar endividamento externo. O que isto prova é que se a procura é um problema, o melhor é mudar a alocação da oferta.

Claro que este ajustamento é complicado e mais doloroso: os sectores A e B tenderão a ser menos eficientes porque não têm concorrência externa. A procura externa é tendencialmente infinita, mas também a concorrência por essa procura o é. Transferir capacidade produtiva para o sector exportador implica uma série de sacrifícios (incluindo salariais) para poder competir, especialmente se o país estiver descapitalizado e não puder investir em tecnologia de ponta. Mas sem moeda própria, e sem capacidade de endividamento é o único caminho possível.

1) Que não se veja aqui qualquer consideração moral sobre as exportações e as importações ou uma visão mercantilista. Todos ganham com o comércio internacional. As importações são despesa a troco de bens e serviços dos quais se retira bem estar. A única coisa a ter em conta aqui é o equilíbrio entre os dois que tem que ser atingido num período suficientemente longo de tempo
2) Por simplificação, na situação inicial a capacidade corresponde à procura. Na verdade, mesmo em equilíbrio haverá sempre capacidade excedentária por diversos motivos.
3) Diferenças entre exportações e importações podem ser compensadas de outras formas que não o endividamento directo, nomeadamente a venda de activos. Em qualquer dos casos, todos os mecanismos de compensação implicam sempre a necessidade de, no futuro consumir menos do que se produz.
4) O multiplicador tende a ser bem mais baixo porque na verdade o efeito neste quadro normalmente ocorre em simultâneo com o do próximo

28 pensamentos sobre “Problemas de procura – uma perspectiva keynesiana

  1. k.

    “Mas sem moeda própria, e sem capacidade de endividamento é o único caminho possível.”

    O seu ponto começa por ser uma qualquer espécie de critica “keynesiana*” mas acaba por validar o ponto de termos de aumentar a procura – não podemos pela parte que citei, isso não é algo “keynesiano” ou “não keynesiano”

    Com a Zona Euro a caminho da deflação (sairam hoje mais dados), não irá faltar muito até o BCE começar um programa qualquer de compra de activos, a imprimir dinheiro – isto é, a implementar uma receita “keynesiana” como fizeram os EUA e o UK (com bons resultados).

    *Os keynesianos e os monetaristas estão mais ou menos casados desde 2008, dado que se as crises do final dos anos 70 destruiram os keynesianos, a de 2008 destruiu os monetaristas, exactamente porque estão ambos certos… dependendo das circunstancias.

  2. Telmo Azevedo Fernandes

    Carlos, li com interesse o teu post e as notas de rodapé que são muito relevantes. Não me vou portanto vou deter em considerações sobre as quais já escrevi há tempos. Diria apenas que penso ser importante dizer que grande parte da procura interna (e das importações) resulta do peso muito excessivo do Estado. Se o Estado diminuir o seu âmbito de actuação e restringir o endividamento, o ajustamento da economia far-se-á de forma mais sã e sustentável, libertando meios para as empresas e os contribuintes usarem o capital disponível na criação de riqueza através suas próprias escolhas, de forma autónoma e livre.

  3. “nunca se viu um economista Keynesiano a defender a retracção da procura interna ou austeridade em períodos de expansão. ”

    Não fui à procura, mas suspeito que se fosse haveria de encontrar algum economista keynesiano, durante uma expansão económica e com o deficit a descer/superavit a crescer e com economistas e/ou politicos a dizer “com esta folga podemos baixar os impostos”, contra-argumenta-se “não vamos nada baixar impostos – é nesta altura que temos que ter um superavit orçamental”.

  4. Esta é uma análise simplista. Porque não baixar os custos da energia artificialmente protegidos pelo Estado? Outra questão relevante, é que com frequência os pequenos empresários se queixam da burocracia, de um Fisco extremamente opressivo, da falta de financiamento, etc. Não se pode fazer nada em relação a isso? Talvez um banco de Fomento ajudasse a resolver o problema injectando dinheiro directamente na economia produtiva, em vez da obsessão da banca tradicional com o imobiliário e o financeiro. E talvez estudar o problema da evasão fiscal das nossas grandes empresas, que na sua maioria não são sequer empresas exportadoras. Era interessante descriminar positivamente as empresas exportadoras, por difícil que seja. Na reforma do IRC chegou a falar-se nisso. Como se têm feito as coisas, protegendo sempre os mesmos feudos, o que se está a fazer acaba por ser uma redistribuição de poder a favor dos DDT’s deste país e que na sua maioria são os mesmos do Estadão e da economia não transacionável.

  5. Carlos Guimarães Pinto

    É evidente que é uma visão simplista. Não seria possível representar todas as variáveis que indica, e com as quais concordo, nesta análise. O objectivo da análise é simples: demonstrar que problemas de procura não se resolvem estimulando a procura interna. Pelo menos não de forma definitiva.

  6. Esta “carta aberta” de 1999 contará?

    http://listserv.unl.edu/cgi-bin/wa?A3=ind9902&L=AFEEMAIL&E=7bit&P=130452&B=————–6C8CBCCCE912D94A2F9A3176&T=message%2Frfc822&header=1

    Eu não sei se a maioria dos subscritores eram keynesianos, mas suspeito que sejam (até pelos nomes reconheciveis).

    Também é verdade que eles não estão a defender austeridade, como reduções da despesa e aumentos de impostos, mas apenas que não se baixe os impostos ou que se aumente as despesas (ou seja, estão apenas a defender a “austeridade automática” que surge durante uma expansão económica), e, talvez mais importante, o argumento usado não é o argumento de “poupar na expansão para gastar quando vier uma recessão” (ainda que suspeite que esteja implicito nas entrelinhas); e claro, pode ser dito que um texto que só se encontra online algures numa troca de mensagens num URL esquisitissimo será uma caso exatamente de ser “preciso procurar muito bem”

  7. Carlos

    Comer mais também emagrece.
    Ao comer, gasto energias. Portanto, se eu comer mais, gasto mais energias. Gastando mais energias, tenho de comer mais (o apetite aumenta), logo gera-se aqui uma espiral de emagrecimento. Como é que ninguém tinha pensado nisto antes?

  8. k.

    Carlos em Julho 31, 2014 às 15:50 disse:

    Analogia mais correcta é:
    Você tem fome e precisa de comida;
    Não a pode cultivar (“fazer moeda”)
    Não pode endividar-se para a comprar (já tem um stock de divida grande demais)
    Só lhe resta trabalhar para comer.

  9. joao

    Não se preocupem que o futuro ministério da cultura vai resolver o problema da falta de procura interna. subsídios para cada família para a compra de 3 livros e 3 DVD pelo menos, por mês.

  10. Carlos, esqueça. Não vale a pena argumentar racionalmente com factos e números com pessoas que não querem ser convencidas, nem sequer pensar.

    O progressivo ateísmo das nossas sociedades leva a que muita gente passe a encarar a política económica como Teologia.

    É irónico, pois foi assim que começou: os primeiros economistas foram os Xamans e Feiticeiros tribais, que previam as próximas colheitas (o PIB numa sociedade agrícola), e os sacrifícios que eram necessários para as conseguir (normalmente sob a forma de comidinha da boa entregue no altar, o qual era controlado pelos feiticeiros).

    Quando havia uma má colheita, a culpa nunca era das más técnicas agrícolas, falta de cuidado com as terras, ou mesmo más condições meteorológicas, mas sim de um rival facínora, um bruxo ou uma bruxa que tinham lançado um mau-olhado (o neo-liberal e os mercados).

  11. Pedro Cruz

    Isto é mais ou menos como escrever um post com o título: “Navegações – uma perspectiva da flat earth society”.
    Não me vou alongar. Já aqui foi citado o John Cochrane, permitam-me indicar um outro texto:
    http://faculty.chicagobooth.edu/john.cochrane/research/papers/stimulus_rip.html

    O Keynesianismo deve existir só já na cabeça do Krugman (aka krugton, the invencible) e alguma esquerdalhada europeia. Mais uma década e o pessoal que aprendeu economia em livros que previam que a URSS seria a maior potência económica mundial em 84 já terá desaparecido. (já agora: http://marginalrevolution.com/marginalrevolution/2010/01/soviet-growth-american-textbooks.html). Mas bem vistas as coisas os Marxistas ainda andam aí…

  12. HO

    “Com a Zona Euro a caminho da deflação (sairam hoje mais dados), não irá faltar muito até o BCE começar um programa qualquer de compra de activos, a imprimir dinheiro – isto é, a implementar uma receita “keynesiana” como fizeram os EUA e o UK (com bons resultados).”

    O keynesianismo é o novo monetarismo e Milton Friedman o seu profeta. Alguém tem de explicar aos críticos keynesianos do Cameron/Osborne e do Congresso norte-americano que estão equivocados.

    Uma receita keynesiana – no sentido em que ‘keynesiano” é utilizado no post, e que é o mais comum no jargão político-económico – seria recorrer a uma política fiscal expansionista para suprir o tal gap na procura agregada. Seja em qualquer cenário de deficiência da procura, como defenderiam velhos keynesianos, seja apenas em cenários de Zero Lower Bound, como defenderiam os novos keynesianos. O que nunca vi foi alguém que defende que a política monetária é suficiente mesmo em ZLB ser apelidado de ‘keynesiano”.

    O que os EUA e o UK fizeram -e, neste ponto concordo, com bons, ou pelo menos aceitáveis, resultados, foi adoptarem uma política fiscal contracionária. Em 2013, no “ano da austeridade” nos EUA, com o sequestro e aumento de impostos, o crescimento homólogo do PIB Q4:Q4 foi de 3.13%, o mais alto em 10 anos. Apesar das previsões catastróficas dos keynesianos, novos e velhos. Um deles até afirmou que 2013 seria um teste para a tese monetarista: http://krugman.blogs.nytimes.com/2013/04/28/monetarism-falls-short-somewhat-wonkish/?_r=0

    “Também é verdade que eles não estão a defender austeridade, como reduções da despesa e aumentos de impostos, mas apenas que não se baixe os impostos ou que se aumente as despesas (ou seja, estão apenas a defender a “austeridade automática” que surge durante uma expansão económica)”

    Miguel Madeira,

    Sem querer tirar mérito ao achado, as propostas orçamentais da Administração Clinton nessa altura previam aumentos na despesa e créditos fiscais a grupos específicos – os superavits reais eram gastos quase todos nisso sobrando um bocadinho para “poupanças”, sendo estas complementadas pelos superavits a prazo criados por projecções fantasiosas.

  13. k.

    “HO em Agosto 5, 2014 às 10:49 disse: ”

    Tanto o UK com o US viram os seus défices cair exactamente porque tiveram uma politica monetária expansionária, e uma politica fiscal tentativamente expansionária (mesmo quando não diziam):
    http://mainlymacro.blogspot.co.uk/2013/12/osbornes-plan-b.html

    A “sequestração” nos EUA roubou mais de 1pt ao crescimento do PIB, foi contraproducente.
    http://www.cbo.gov/publication/43961

    Os EUA tiveram uma politica expansionista no lado fiscal – o TARP, enquanto que o FED continua a comprar activos no lado monetário mesmo hoje.

    http://www.federalreserve.gov/faqs/what-are-the-federal-reserves-large-scale-asset-purchases.htm

    Creio que em lado nenhum irá encontrar a palavra “austeridade” no discurso do governo dos EUA – aliás, irá sim encontrar criticas à ausencia desta.

  14. “Tanto o UK com o US viram os seus défices cair exactamente porque tiveram uma politica monetária expansionária, e uma politica fiscal tentativamente expansionária (mesmo quando não diziam):”

    Nem os keynesianos mais hardcore afirmariam tal coisa. Se consultar papers recentes de DeLong ou Simon Wren-Lewis, saberá que política monetária é ineficaz na ZLB (jargão recente para a liquidity trap que Keynes referia). Já quanto à política fiscal, é também curioso que o afirme, dado que o próprio Krugman afirma que tal não aconteceu (que seria precisos vários Tris e não os “míseros” 800 bis de “estímulo”).

    A política fiscal é apenas relevante quando se trata de choques do lado da procura. A contração da procura foi uma consequência (e não a causa) desta crise, pelo que tentar resolver esse problema primeiro é como tentar substituir a bateria do carro quando o motor está gripado.

  15. k.

    “Mário Amorim Lopes em Agosto 5, 2014 às 11:29 disse: ”

    Não, o que eles defendem é que a politica monetária só é eficaz se o banco central se comprometer com taxas de crescimento nominais altas – sinalizadas através de politica monetária expansionista.
    Tecnicamente, apenas uma politica monetária expansionista, sem nuances, é defendido por monetaristas.

    Relativamente a politica fiscal, os monetaristas são fáceis de “arrumar” – não tem efeito por equivalencia ricardiana (e no pior, tem um efeito negativo por distorção de incentivos /misalocation of resources)
    Os keynesianos têm uma abordagem diferente, pretendendo que o estado substitua a falta de investimento privadao por investimento público – isto para complementar a falta de procura.

    Ora aqui chegamos ao problema mais básico – eu considero esta crise uma clara crise de Procura (excesso de endividamento), não existe nenhuma estagnação ou bloqueio fundamental na economia.
    Suponho que discorde, e a considere uma crise de oferta, mas se não concordamos na causa, dificilmente concordamos com soluções.

  16. HO

    K.

    Confesso que estou com sérias dificuldades em sequer perceber qual a sua confusão. Eu não quero perder tempo a debater realidades alternativas e esquizofrenias. Há coisas que não são matéria de opinião: a orientação da política fiscal passada é um dado empírico, uma entidade da contabilidade pública que é estimada e terá alguma incerteza nas margens, mas não indeterminada ou subjectiva. Debater as consequências da orientação da política fiscal é normal; não faz muito sentido estar a discordar sobre dados históricos.

    Vamos tentar simplificar as coisas: qual é a métrica que o K. utiliza para medir a orientação da política fiscal discricionária?

    Eu utilizo a que é geralmente aceite por economistas -keynesianos, monetaristas, etc- como a melhor: o CAPB, cyclically adjusted primary balance, saldo orçamental ajustado para o ciclo, medido em % do GDP.

    Na página 80 deste pdf http://www.imf.org/external/pubs/ft/fm/2013/02/pdf/fm1302.pdf tem os dados para as economias da OCDE.

    Se não utiliza o CAPB, qual a métrica a que recorre? Por favor responda a isto de forma clara para que eu possa perceber o que estamos a debater.

    “Creio que em lado nenhum irá encontrar a palavra “austeridade” no discurso do governo dos EUA – aliás, irá sim encontrar criticas à ausencia desta.”

    Asseguro-lhe que não é assim. Ainda há meses o Presidente dos EUA apresentou um orçamento para por termo à “era de austeridade”:
    http://www.washingtonpost.com/business/economy/with-2015-budget-request-obama-will-call-for-an-end-to-era-of-austerity/2014/02/20/332808c2-9a6e-11e3-b931-0204122c514b_story.html

    Como acho que já lhe disse várias vezes, os EUA fizeram mais austeridade que a Europa:
    http://www.aei-ideas.org/2013/05/the-us-has-more-austerity-than-europe-so-why-is-america-doing-ok/

  17. HO

    “Se consultar papers recentes de DeLong ou Simon Wren-Lewis, saberá que política monetária é ineficaz na ZLB (jargão recente para a liquidity trap que Keynes referia).”

    Permito-me adicionar: saberá que o DeLong e o SWL -como qualquer keynesiano não paleolítico- acreditam nisso (o que não implica que, fora do domínio académico, alguns não deixem de defender estímulos fiscais mesmo fora da ZLB). Acho que os últimos anos sugerem que eles estão enganados.

    (parece que o meu comentário anterior ficou retido)

  18. Miguel Noronha

    “(parece que o meu comentário anterior ficou retido)”
    Não consigo encontrar qualquer comentário retido.

  19. k.

    “HO em Agosto 5, 2014 às 13:09 disse: ”

    Uh não há confusão – a redução do défice dos EUA não sucedeu por haver austeridade, sucedeu porque investimentos público maciço aumentou o produto. Poderia ter aumentado ainda mais, não fosse oposição a ele, que reduziu o seu tamanho (para os biliões que o Mário referiu)

    http://www.cbo.gov/publication/41147

    Isto é, não estou a discutir consigo que o défice dos EUA se reduziu, estou a discutir o que trouxe essa redução – afinal o défice de Portugal continua excessivamente alto, mas ninguém diz que por aqui, não há austeridade.
    E apesar do noss governo continuar a afirmar que esta existe, o facto é que os sucessivos investimentos que anunciam são um prenuncio do fim desta.

  20. HO

    K.,

    Que há uma confusão eu percebo; porque você parece tão reticente em livrar-se dela já não.

    Deixe lá os reports do CBO sobre o estímulo e responda ao que lhe perguntei: qual a métrica para a orientação da política fiscal discricionária que utiliza? O crescimento do produto é irrelevante, os indicadores são ajustados para isso.

    Se quiser deixar links, deixe para um artigo cujo conteúdo seja “A política fiscal dos EUA em 2013 foi expansionista e eis porquê”.

    A minha pergunta é honesta: entre leituras e conversas, devo ter tido conhecimento da opinião de umas largas centenas de pessoas sobre este assunto e nunca encontrei uma que afirmasse que a política fiscal norte-americana nos últimos anos fosse expansionista. Não foi, basta ler os dados.

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