Segundo o Financial Times, a parte da PT na fusão com a Oi passará de 39,6% para 25,6% devido à exposição à Rioforte. Ou seja, uma desvalorização da empresa de cerca de 35% (na realidade mais do que isso porque a nova empresa também vale menos agora). Luis Pacheco de Melo, CFO da Portugal Telecom que trabalhou 7 anos no BES antes de ser contratado, é responsável por uma perda de cerca de 40% de valor accionista. A perda de apenas uma fracção deste valor justificaria o despedimento, mas Pacheco de Melo mantém-se agarrado à cadeira. Das duas uma: ou a decisão não foi dele ou existem considerações para além da competência para o manter no cargo. Seja qual for a situação, se Pacheco de Melo não sair terá que sair Zeinal ou Granadeiro.
Nota adicional (por indicação do João Miranda): Um dos accionistas da PT é a Segurança Social Portuguesa que perdeu mais de 20 milhões de Euros no último mês à custa desta brincadeira. Se o estado tem feito bem em não se meter na situação do GES, como accionista da PT pedir-se-ia um pouco mais de atenção.
O administrador financeiro da PT Luís Pacheco de Melo pediu demissão da PT Portugal há 4 dias atrás. Fica no entanto na Holding de forma a ultimar a fusão. Ainda assim o importante é qeu deixou de ser CFO e Administrador. Convém investigar um pouco mais antes de dizer que está agarrado à cadeira.
O Carlos veja lá a quem chama incometente…:
Em 2011 Luis Pacheco de Melo foi distinguido pela Institutional Investor como o terceiro melhor CFO europeu no setor das telecomunicações e o melhor CFO em Portugal.
Eu não sei quando é que a PT emprestou dinheiro à Rioforte, mas pergunto, será que, nesse tempo, presumivelmente algo longínquo, Pacheco de Melo deveria ter razões para suspeitar da solidez da Rioforte? Eu creio que não. Até há bem pouco tempo, o Grupo Espírito Santo era (creio) muito bem visto no mercado. Por que é que Pacheco de Melo deveria desconfiar?
Paulo,
Luis Pacheco de Melo demitiu-se apenas da PT Portugal mas mantém-se como CFO do grupo. Está aqui o comunicado da PT http://www.telecom.pt/InternetResource/PTSite/PT/Canais/Investidores/Pressrel/Noticias/2014/COM11JUL14.htm
Luis Lavoura,
Independentemente da confiança na Rioforte (ele porventura teria melhores informações do que qualquer um de nós), não faz sentido colocar 40% do valor da empresa em risco num só instrumento. Faz parte das boas práticas a diversificação.
O CFO não podia fazer uma marosca destas sem o aval do conselho de administração inteiro, ou pelo menos uma parte significativa.
Portanto das duas uma:
– Este senhor é um “bode expiatório”, e faltam mais cabeças no rol (nomeadamente a do Henrique Granadeiro, enquanto responsável máximo)
– Este senhor cometeu um crime, e tem de ser preso.
a um post com todo o sentido de oportunidade, pedir-se-ia um pouco mais de atenção ao português.
Lembram-se da OPA da Sonae? 🙂
Por que é que a Sonae não servia? Hein? Porquê?
K., bem observado.
Pedro Azevedo, esse comentário seria válido em todos os meus posts. Ando há 7 anos a escrever sem corrector ortográfico. Isso devia dar direito a uma medalha qualquer.
Independentemente da demissão (ou não) do CFO, um hecatombe deste nível implicaria, numa empresa séria, a demissão de pelo menos o CEO.
E agora a fusão “de sonho” (para alguns políticos portugueses) se tornou num pesadelo.
Carlos,
não faz sentido colocar 40% do valor da empresa em risco num só instrumento
Depende de como você definir “o valor da empresa”. Se se trata do seu valor subjetivo, então Pacheco de Melo dificilmente o pode conhecer. Pacheco de Melo dificilmente pode saber que, se a Rioforte fizer default, o valor percecionado pelo mercado da Portugal Telecom cairá 40% (ele poderá só cair 20%, ou poderá só cair 10%). Pacheco de Melo dificilmente poderia adivinhar que o default da Rioforte faria a PT perder tanto poder negocial no seu negócio com a Oi.
Se por outro lado aquilo de que Você está a falar é de um valor objetivo da PT, como seja o dinheiro que ela tem em caixa, então eu concordo consigo. Se as minhas poupanças forem 100.000 euros, eu serei parvo se investir 40% desse valor num só empréstimo.
“Eu não sei quando é que a PT emprestou dinheiro à Rioforte, mas pergunto, será que, nesse tempo, presumivelmente algo longínquo, Pacheco de Melo deveria ter razões para suspeitar da solidez da Rioforte? Eu creio que não.”
Diz o Público:
“Não só o valor é relevante como a decisão de financiar a Rioforte foi tomada em Abril quando já se sabia que o grupo tinha problemas.”
http://www.publico.pt/economia/noticia/grandes-empresas-portuguesas-com-exposicao-de-5000-milhoes-ao-ges-1663057
Acerca de “valor objectivo” e “valor subjectivo” – a situação líquida (ativos menos passivos) da PT anda (ou andava…) por volta dos 2 mil milhoes de euros (mais coisa menos coisa), logo uma aplicação de 897 milhões corresponderá a cerca de 45% do patrimonio da empresa.
Rui Carlos Gonçalves & Miguel Madeira,
obrigado a ambos.
Concedo, nestas condições, que de facto Pacheco de Melo fez asneira da grossa.
O Luís Lavoura anda aqui a fazer de advogado do Diabo. Estamos perante o “B A BA” da gestão prudencial. Mesmo que a Rio Forte fosse a melhor empresa do mundo, nunca a PT deveria ter aplicado +/- 900 milhões de EUR num único instrumento de uma única empresa. Esta aplicação só se justifica pelas relações existentes entre o GES e a PT. Isto configura gestão danosa e a Administração devia-se demitir em bloco, mas como estamos numa Républica das Bananas, nada acontece. Ainda estamos à espera de uma declaração do Granadeiro, coisa impensável num qualquer outro país dito desenvolvido, enfim …
O Luís Lavoura anda aqui a fazer de advogado do Diabo.
Pois ando. É uma figura útil, o advogado do diabo…