Lenine ensinou aos seus pupilos uma táctica muito, digamos, subversiva: acusar o inimigo daquilo que o próprio faz. Ou seja, sentar-se diante de um espelho e, na maior safadeza (como cantava Marco Paulo), adjectivar o outro partindo do reflexo da própria imagem. Não é novidade para nenhuma alma que a escola pública é um dos palcos principais do nivelamento igualitário da esquerda (afinal de contas, eles dizem-se os donos da cultura, da saúde e da educação), sempre lutando para dar um mundo mais justo à criançada. O que não sabíamos é que o PS, com toda esta questão sobre o encerramento de escolas públicas, se revelou um aprumado pupilo leninista acusando o governo de ter um preconceito. Se não é pupilo leninista em termos de conteúdo (duvidoso, até concordo) não consegue deixar de o ser na estratégia de marketing e no uso de uma retórica sensacionalista. E mais, parece que virou moda nos partidos ditos socialistas. Mas vejamos:
1º Após quase duas décadas de expansão, o processo de reorganização da rede escolar iniciou-se no Governo de Durão Barroso, sob a tutela de David Justino. Nessa altura encerraram 472 escolas.
2.º No Governo de José Sócrates, que como todos sabemos seguia uma matriz socialista-despesista com laivos de megalomania, foram encerradas 3211 escolas, primeiro pela anfitriã da grande festa do parque escolar Maria de Lurdes Rodrigues e, depois, por Isabel Alçada.
3.º No actual Governo (PSD/CDS), Nuno Crato encerrou 811 escolas, no primeiro ano, 500 e, agora, prepara-se para fechar 311.
Conclusão: durante o (des) governo do PS foram encerradas 3211 escolas e, durante dois Governos do PSD/CDS foram encerradas 1283 escolas. Feitas as contas, o que dizer quanto ao preconceito socialista contra a escola pública?
Todo este processo faz parte de um ajustamento à realidade do nosso país (demográfica, económica, social) ninguém espera que o PS, na oposição, compreenda a sua necessidade. Bem vistas as coisas, realidade e socialismo só rimam quando os cofres ficam vazios. Por outro lado, duplos padrões morais, simulações de espanto, falsos moralismos e vitimizações sempre fizeram parte da cartilha socialista. Portanto, nada de novo no Largo do Rato.
Estão a esquecer que quando o PS fecha escolas é com a melhor das intenções.
Já a “direita”, fecha-as com maldade…
Já agora, e estando totalmente de acordo, acrescento um desabafo que se enquadra na frase que aqui transcrevo “Todo este processo faz parte de um ajustamento à realidade do nosso país (demográfica, económica, social) ” e que reflete a minha não compreenção dos critérios de otimização dos recursos do estado (nossos): Não entendo como é possivel que num raio de 10Km (por exemplo) possa haver três cameras municipais, todas elas com presidente, vice-presidente, vereadores, diretores, etc….Não se poderia agregar algumas cameras? Certamente se pouparia bem mais do que com a agregação das freguesias. Não percebo, por exemplo, porque preciso de três vereadores do ambiente num espaço de 10Km…..
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, criticou hoje o encerramento de escolas com menos de 20 alunos, questionando o Governo sobre o número de institutos públicos que vai encerrar.
“O encerramento de escolas com poucos alunos é uma exigência pedagógica e uma exigência financeira e a gente pergunta: quantos institutos públicos decidiu o Governo encerrar em Portugal?”, questionou.
“Quantos lugares de assessores e adjuntos vai o Governo declarar que vai pôr fim nos próprios gabinetes do Governo?”, acrescentou.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1586930&page=-1
Bom, desde a citação de Lenine, até à forma de abordar o encerramento das escolas, tudo parace algo ligeiro neste post. Para as populações do interior do país, pouco importa se as escolas (e os restantes serviços) são encerradas pelo PS, pelo PSD ou pelo Benfica. O que interessa é que ninguém (PS, PSD e afins) responde a uma simples pergunta: o interior é para abandonar, assumindo-se o desperdício de todo o seu potencial, ou o seu despovoamento é para ser contrariado? Porque é muito fácil aderir a este processo, quando vivemos em Lisboa, Porto ou Coimbra. Aí, o transtorno limita-se a mudar de linha de autocarro ou de metro. No “país profundo”, o encerramento dos serviços transmite uma mensagem clara: “ponham-se a andar daqui para fora”.
O fecho das escolas com menos de 20 alunos é um exemplo de como o governo corta na despesa sem que apresente soluções alternativas. Debaixo do contínuo vício mental de que tudo deve ser decidido na 5 de Outubro, não se deixa qualquer possibilidade às comunidades locais para que apresentem uma solução que impeça o encerramento dos ditos estabelecimentos de ensino. Não se confia nas comunidades, nem nas autarquias para que assumam a direcção e gestão das escolas. Prefere-se cortar o problema pela raiz, apesar do custo pessoal que representa para os alunos o serem enfiados em camionetas e fazerem, por dia, uma hora ou hora e meia de viagem para um local onde devem aprender a ler, a escrever, fazer contas e saber um pouco de história e outro tanto de geografia.
A regionalização de que tanto se fala, vai esquecendo pormenores como este.
André Abrantes Amaral
https://oinsurgente.org/2010/06/07/centralismo-vs-comunidades-locais/
O interior está a ficar deserto porque as pessoas saíram de lá, ou porque lhes fecharam as escolas? dizer que fechar escolas no interior é promover o abandono dessas regiões, é mais um mito da demagogia barata. Apesar de tudo, as escolas são as últimas instituições públicas a fechar no interior abandonado pelas suas populações; parece que viver ao pé do mar é mais saudável…
Porque é que as pessoas sairam de lá, Alexnadre Carvalho da Silveira? Não estamos a falar dos EUA com grandes distâncias de costa a costa. Estamos a falar de um país que pouco mais é (em tamanho) do que o litoral de Espanha. Agora, limitaram-lhes a facilidade de circulação com portagens numa espécie de auto-estradas para que, muitas vezes, não há alternativas. Dificultaram a prestação dos diversos serviços, quando não mesmo os encerraram. Claro que isto é mais do que um convite para a saída- é uma imposição. Mais: agora, quando o despovoamento é brutal, é que a UE percebeu a importância de apoiar essas localidades e conceder incentivos ao desenvolvimento de atividades que a política anterior ignorou (quando não mesmo destruiu). A verdade é só uma: o ordenamento do território é uma lástima em Portugal. Os responsáveis por isso, são os que já passaram pelo governo (é dele, mais do que das autarquias, que depende a definição estratégica do ordenamento).
Já agora, Alexandre Silveira: as pessoas não vão viver para “ao pé do mar”. Vão viver para as Reboleiras, Brandoas e diversas áreas suburbanas que constituem o grosso das nossas mal organizadas cidades.
Quem é que quer viver na paravalheira? E os mais infelizes ainda são as crianças, que se aborrecem de morte em sítios desses. Se lhes for dada a oportunidade de estudar num sítio maior, ainda melhor.
Ó Tina:
Leia umas coisas, senhora! Conhece a localização das cidades portuguesas? Sabe qual o tempo que leva a percorrer entre, por exemplo, o interior do distrito de Viseu e a cidade de Viseu, Aveiro, Coimbra ou Porto? Sabe, por acaso, que vive no país em que os pais estão menos tempo com os filhos e em que as crianças passam mais tempo à frente de um ecrã? Sabe, por acaso, o que é poder brincar na rua? Tem alguma ideia do que seja espaço livre? “Parvalheira” é aquilo a que estamos a condenar todos aqueles que são obrigados a viver nas zonas suburbanas que, como já disse, são a grande área do que por cá se chama de cidades.
Gil
Tenha juízo .
E já agora tenha vergonha .
Apesar de ser de Lisboa há 3 gerações vivo metade do mês no distrito de Viseu há mais de 20 anos (e a outra metade do mês no centro de Lisboa e não nesses arrabaldes suburbanos em que muitos dos que cagam sentenças sobre o país vegetam).
Chegar de algures no interior de Viseu até Viseu sei muito bem quanto demora mas V. pelos vistos não sabe e não faz a ponta de um corno de ideia , não há sítio nenhum que demore mais de 30 a 40 minutos , quase tanto como os meus netos aqui em Lisboa demoram a chegar à escola .
De resto ninguém tem que ír fazer esses percursos , as escolas que substituem as que fecham ficam a 10 ou 15 minutos .
O que pessoas como V. querem é manter uns desgraçados de uns miúdos fechados num mundo
limitadíssimo em que só conhecem outros 20 miúdos e só brincam com outros 20 miúdos .
Por trás dessa sua conversa está a vontade de deixar o máximo de gente no maior obscurantismo possível , cortando-lhe todas as perspectivas de conviver com o maior número possível de novas oportunidades .
“O que pessoas como V. querem é manter uns desgraçados de uns miúdos fechados num mundo
limitadíssimo em que só conhecem outros 20 miúdos e só brincam com outros 20 miúdos .”
Exatamente. Esse mundo acaba até por ser menos saudável do que o citadino. Por alguma razão as pessoas preferem viver nas cidades. E as crianças a partir dos 13 anos já estão fartas daquele ambiente monótono, onde não há nada para fazer.
Eu vivo numa cidade da provincia. E, ainda que mal pergunte, o Gil vive aonde?
Mas ainda não perceberam que a maioria das escolas que fecham está no… litoral?! São encerradas escolas no centro de Lisboa, no centro do Porto, camaradas, e daqui a pouco fecharão portas escolas secundárias e universidades. A questão não tem nada a ver com o interior e a vida horrível do interior. Só um palerma suburbano, ou uma Tina, pode pensar assim. A questão é outra: o índice sintético de fecundidade de Portugal em 2013 foi 1.21 e desde 1982 que está abaixo de 2.1 o valor necessário para repor as gerações, para repor, repito. Este é o probema, 30 anos de criminosas políticas antinatalistas que nos trouxeram a esta crise econômica da qual nunca sairemos, porque não há retoma sem jovens. Viver entre imbecis é muito triste.
«Não percebo, por exemplo, porque preciso de três vereadores do ambiente num espaço de 10Km…..»
Não percebe, não percebo, mas os aspirantes a vereador do ambiente percebem.
E esse é o problema.
Gil,
«esponde a uma simples pergunta: o interior é para abandonar, assumindo-se o desperdício de todo o seu potencial, ou o seu despovoamento é para ser contrariado?»
O Gil vive no interior ou é apenas mais um opinador enfusiado de Lisboa ou de litoralidades congéneres?
É fácil deitar uma lágrima pelos tipos infelizes do interior, quando nunca se intende viver lá, desde que isso dê jeito para atacar os «escroques da direita». Estranhamente as mesmas azêmolas têm vós consonante quando o parretido da ratada está no poder.
Escrito de Barco, Covilhã, Portugal.
«vós consonante» é uma gralha. Voz consonante é que é apanágio desses jericos, guerreiros de teclado, a centenas de quilómetros de distância.
Gil,
O interior desertifica-se porque as pessoas do interior pagam para manter o nível de vida e a dívida de Lisboa. As sedes de todas as grandes empresas estatais estão em Lisboa. O IVA e a derrama, o primeiro pago por consumidores de todo o país, calham na Câmara de Lisboa. Não há nenhum sinal de as grandes empresas estatais deslocalizarem as suas sedes.
O roubo do IVA é pouco maior do que o outro: dez mil milhões de euros são pagos anualmente a desfuncionais públicos que fazem a sua atividade onde? No concelho de Lisboa. Mais de metade da massa salarial da infunção impúdica (incidentalmente ou não, são os desfuncionais mais bem pagos) é paga em Lisboa. As pessoas comem e transportam-se para Lisboa. Pagos, mais uma vez, pelo resto do país.
Claro que há mais manigâncias. Por exemplo, os fundos de coesão são roubados em 2/3 das regiões onde devem ser aplicados para… Lisboa. Inventaram um tal de spill over para justificar que um investimento pode ir para Lisboa (região inelegível) porque vai afetar a região onde é contabilizado. muitas obras realizadas em Lisboa e muitas empresas lisboetas são csteadas com dinheiros que iam para o interior. São trocos, contudo, comparados com o roubo do IVA e da derrama e dos deficientes públicos.
Os privados perceberam, e toca a criar empresas de serviços cuja sede no interior se resume a um escritório, usado para captar fundos europeus, enquanto a atividade e a massa salarial estão onde o poder está, em Lisboa. Quer nomes?
Gil, as pessoas saem do interior porque os que fingem chorar por elas são os que lhes causaram as lágrimas. O distrito da Guarda tem menos população hoje que em 1854, quando a população portuguesa era 8 milhões. Se saem, tem mais a ver com o centralismo bacoco em Portugal, neo-socialista, que com qualquer desejo inato de ir ver a praia ou cheirar o mar.
Fale do que sabe. O PS não sabe do que fala, e é burro que se farta! ou sabe bem, e a fibra moral dos pê-esse-istas é verificada por aquele primeiro ministro que, perguntado porque havia tanto investimento em Lisboa, disse, com todos os dentes da sua boca: «o investimento faz-se onde estão as pessoas».
Hajapachorra,
«Viver entre imbecis é muito triste.»
Ser governado por eles é escabroso.
Tina há pessoas diferentes.
E há crianças diferentes.
Mas pelos vistos nem uma certa direta compreende a diferença.
As populações movem-se para onde houver bons empregos, litoral ou interior. Infelizmente são também obrigadas a mover-se … por causa do desemprego.
RMG:
Para manter o seu elevado estilo, digo-lhe já que você é burro todos os dias. Não intervala. Se soubesse ler, teria visto que dava exemplos de percurso entre algumas localidades do interior do distrito de Viseu e cidades como Viseu, Aveiro, etc. Isto porque, se quiser percorrer distâncias entre Alcofra e Vouzela (sede do concelho) ou Covas do Monte e São Pedro do Sul (sede de concelho), sobretudo no inverno, encontra tempos de viagem comparáveis aos que leva a chegar a esses centros. Você que diz conhecer tão bem a região, devia sabê-lo. Claro que, para além disto, falar-lhe em desenraizamento e perda das redes de suporte, deve ser inútil para os seus parâmetros. Mas posso deixar uma pista para reflexão: http://pasteldevouzela.blogspot.pt/2014/06/poupancas-que-nos-vao-custar-muito-caro.html
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Francisco Miguel Colaço:
Fiz a pergunta que se mantém. Qual é a resposta? Quanto ao resto que diz, apenas reforça a necessidade de responder.
“Tina há pessoas diferentes.
E há crianças diferentes”
Estas férias vou ter minha casa duas crianças de acolhimento que vivem na parvalheira e estão desejosas de sair de lá. Tenho tanta pena delas, pensar que estão condenadas ao marasmo a vida inteira se ninguém fizer nada por elas. A parvalheira é boa para pessoas mais velhas, que já viveram a vida, não apara aquelas que estão a começar.
O Hajapachorra tem razão
A questão não se encerra toda na anti-natalidade, mas boa parte do problema está aí.Qualquer nação que não aspire a ser um cemitério, ou onde os nacionais não queiram ser um minoria, precisa ter um índice de natalidade igual ou acima de 2,1.
E note-se que em situações normais, isto tende a acontecer. Há um conjunto de instituições, cultura institucional, e ambiente cultural e social especifico que leva o índice de natalidade a cair abaixo disto. Eu tenho um filho apenas, e minha esposa teme ter mais um. Ela acredita que o mundo é tão mal, que e difícil o suficiente criar apenas um, de forma responsável. Aqui no Brasil, ninguém que tenha condições de pagar uma escola privada coloca um filho numa escola estatal. E mesmo entre as privadas, há de se escolher muito bem. Ninguém que possa pagar um plano de saúde privado, arrisca a deixar sua família exposta à “saúde” estatal. Há que se atentar cuidadosamente às influências nefastas sobre os filhos, sejam drogas, amigos delinqüentes, excesso de internet, pornografia, abusadores infantis e, entre as piores influências, professores que parecem ter ser formado na URSS. Se você não for lacaio da igreja do “politicamente correto”, será agredido e humilhado, suas palavras serão distorcidas, será acusado de ser mau, vendido, idiota e insensível. Seu filho também, se não for cafajeste nem idiota (e ninguém quer que seu filho seja assim) sofrerá esse mesmo tipo de pressão constantemente. Você tentará adiar o máximo esse tipo de situação, tentará evitar que seu filho sofra ‘bullying’ por parte de professores cafajestes, pelo simples fato de não ser um fã de Che Guevara ou Mao ou Lênin ou Pol Pot. Para isto, terá de pagar uma escola privada. Mesmo porque, é muito difícil se tornar uma pessoa alfabetizada numa escola pública…
E depois disso tudo, você sabe que ele crescerá num país onde acontecem 60.000 assassinatos por ano (e as cifras reais devem ser ainda maiores). Imagine qual deve ser o ambiente de desrespeito, agressão e violência para se chegar às taxas de assassinatos do Brasil. E o governo não se contenta com isso, querem que nos tornemos uma outra Venezuela.
Num ambiente assim, as pessoas tenderão a ter menos filhos.
Gil,
Depois de tanta peroração sua, falha-me a dita pergnta. Suponho que, e a fazendo, não aceite nenhuma resposta que se desencontre do seu queridíssimo modelo mental de bondosíssimo escabrume.
«E depois disso tudo, você sabe que ele crescerá num país onde acontecem 60.000 assassinatos por ano (e as cifras reais devem ser ainda maiores). Imagine qual deve ser o ambiente de desrespeito, agressão e violência para se chegar às taxas de assassinatos do Brasil. E o governo não se contenta com isso, querem que nos tornemos uma outra Venezuela.
Num ambiente assim, as pessoas tenderão a ter menos filhos.»
Não creio haver uma correlação nesse sentido, Renato. O Brasil, mesmo contando com os seus pequenos e poucos percalços, está em qualidade de vida uma ordem de grandeza acima do Zaire (República Democrática do Congo), onde já vivi. E os congoleses têm mais filhos.
Francisco Colaço:
O cenário que descreveu sobre o interior e que conheço bem, é real mas não inevitável. Para tal, é preciso pensar o território, tal como faz grande parte (a maior parte) dos países europeus, cuja necessodade é reconhecida pela UE, mas que nunca teve tradução na prática dos nossos governos. Claro que há os que pensam em transformar 2/3 do território em reserva natural para o repovoamento de espécies em risco. É uma opção que respeito, mas não é a minha. Por outro lado, há quem se recuse a responder à pergunta que fiz, porque, embora reconheça, o perigo da situação, não encontra solução para ela. Ora, num país tão pequeno, com as facilidades existentes ao nível de todos os meios de comunicação, com a reconhecida necessidade de se investir mais na reorganização dos processos produtivos (mais tecnologia, mais inovação) e com a existência de mercado para nichos de qualidade ao nível da produção alimentar, não me parece que seja inevitável a condenação do interior. Apenas é necessários que os governos não estorvem, como tem acontecido.
As minhas desculpas pelas gralhas e erros de pontuação, mas não tive oportunidade de rever antes de publicar.
Gil
Antes burro todos os dias que burro de nascença porque , como dizía Churchill noutro contexto, isto passa-me enquanto que a si não lhe vai passar .
Portanto embrulhe e desembrulhe lá esses percursos estúpidos que trouxe agora aqui para impressionar gente que não sai das grandes urbes nem imagina o que é viver fora delas (e nos 20 anos anteriores vivi metade do mês no interior do Alentejo) .
Nos intervalos vivo em Lisboa , onde nasci e tenho vários filhos quarentões e vários netos adolescentes .
Para ser sincero nunca imaginei que o Gil viesse para aqui dar exemplos fora do contexto do post e do que estávamos a discutir nele e portanto respondi cândidamente (e estúpidamente , sou mais estúpido que burro , pelos vistos) .
E não , não levo mais tempo nem no Inverno .
E sim , vivo metade do mês há mais de 20 anos no distrito de Viseu e – azar dos azares – como não sou um desgraçadinho tenho meios de fazer milhares de quilómetros por ano lá só porque me apetece ír almoçar aqui ou ali todos os dias .
Continuo à espera que me responda porque é que acha que as crianças que podem frequentar os centros escolares com 200 ou mais alunos nas sedes de concelho – onde a maior parte das vezes os pais trabalham nas indústrias localizadas nos parques industriais ou no comércio ou serviços locais – hão-de ficar limitadas à escola da aldeia onde convivem com os mesmos 20 colegas com que convivem o resto do dia e da semana e do ano todo .
As suas pistas para reflexão são as habituais , as dos pequenos interesses instalados a nível local , conheço de gingeira essa conversa mole , já lhe disse que vivo lá e não falo porque ouvi dizer , dos miúdos limitadíssimos nas suas perspectivas ninguém quer saber .
Mesmo a nível da sede de concelho a gente sabe como por vezes as limitações são grandes …
Que perspectivas têm essas crianças quando se virem forçadas a passar para o nível superior ?
Nenhumas ou muito poucas , como é evidente para quem tem netos hoje e eu tenho , o Gil ou não tem ou escolhe este caminho , que sempre tira uns concorrentes futuros no emprego aos seus netos .
Uma boa noite para si
PS – Como é que o Gil pode afirmar que eu não intervalo se há cerca de 3 meses que eu não punha aqui qualquer comentário ?
E o burro sou eu !
Gil,
Quanto à sua pergunta: quem é que o Gil vai mandar para o interior? Vai fazer como o Rei D. Afonso III, que fez de Idanha-a-Velha uma vila franca, onde mercados não pagavam licença e os criminosos eram perdoados se lá se estabelecessem?
Já foi a Idanha-a-Velha? Não funcionou. Morreu assim a Egitânia, já nos tempos de Portugal, cidade romana gloseada aqui e ali, sem que ninguém soubesse realmente o que aconteceu.
Se o Interior é para povoar ou não, depende se si. Se vive em Lisboa e está de malas feitas para o Interior, então tem estômago e fala pela boca. Senão, tem flato e sofre de inversão recto-cervical.
Mandar os outros é apanágio de socialistas. Se quer que o Interior se povoe, DEIXE DE FANAR O SEU DINHEIRO PARA AS LAPAS DE LISBOA VIVEREM A VIDA SANTA. Pelos mecanismos que já expus.
Como disse uma vez a um general que defendia que Portugal era um país bem defendido, uma bomba suja em Lisboa decapitava o Estado, se deflagrasse num dia de emprego (não falamos de trabalho por esses mentistérios e serralharias de ratados). Neste momento estou ambivalente quanto aos malefícios e benefícios de um tal ataque. Se isto continua assim, terei de resistir por princípio cristão a desejá-lo ardentemente.
Mais uma vez, vivo no Interior. A menos que o Concelho da Covilhã seja litoral. Daqui escrevo.
Prezado Colaço
Não, a relação não é tão direta assim. O instinto humano é de preservação da espécie, o instinto é para se reproduzir. As instituições tradicionais refletem esse instinto. Nós brasileiros somos nisso, em grande parte, como os europeus, matamos o instinto natural pela nossa racionalidade, ou talvez seria mais certo dizer, pelo nosso conforto e pelo nosso medo. E racionalmente também, muitas garotas de pouca renda engravidam (muitas delas tem vários filhos de vários país) para viverem penduradas no governo e nas pensões dos tolos pais dessas crianças. Uma racionalidade pervertida, mas uma racionalidade… Como diria o bardo, há método nessa loucura.
Noto que as populações mais tradicionais, aplicando também, ao seu modo, a racionalidade, chegam a outras conclusões. Eles são mais estóicos, me parece. Veem o sofrimento como algo inevitável, um dado da natureza. A perspectiva do sofrimento não os faz negar a preservação da espécie. Parece que eles não se imaginam numa situação de não sofrimento. Minha avó paterna teve 15 filhos, e todos chegaram à idade adulta. Eu sinto que o povo mais tradicional é mais forte, não desiste, não se amedronta.
Mas penso que aquilo que eu disse é válido. Nós, eu e minha esposa, tememos termos mais um filho, porque existe a perspectiva real de que nós possamos, com nossos recursos, guardar este que temos de certos males, pelo menos na sua infância. Se tivéssemos outro filho, isso seria bem mais difícil, talvez impossível (mas Deus é quem sabe). Muitos pensam assim, limitaram a quantidade de filhos, em parte, por quererem que eles tenham uma “educação melhor”, entenda-se: guardar a criança dos males da escola estatal e da “saúde” pública.