“Há duas semanas, a propósito das europeias, aqui destaquei que entre todos os partidos portugueses era no PCP que eu depositava alguma esperança, como lebre do debate acerca do edifício institucional da zona euro, e em particular acerca da permanência de Portugal na moeda única a médio prazo. Pois bem, o repto parece ter sido acolhido, e a avaliar por uma excelente entrevista concedida por João Ferreira, o cabeça de lista do PCP, ao Expresso do passado final de semana, concluo que temos lebre!”, no meu artigo de hoje no Diário Económico.
Sair do Euro não é uma alternativa credivel, por muitas razões, sendo a maioria apontada no texto.
Por outro lado, a manutenção do status quo mantêm-nos numa situação de “debt servitude”, na melhor das hipoteses.
Portanto não há alternativas económicas. Apenas politicas – e essas, apenas a nível Europeu.
Temos ai duas possibilidades:
1. Somos o “bom aluno”, e contamos com a generosidade dos nossos parceiros para reeestruturar a dívida (mesmo, não pagarmos parte)
2. Somos o “rebelde”, e tentamos forçar os nossos parceiros a negociar para reeestruturar a dívida (mesmo, não pagarmos parte)
Creio que a opção política deste governo é a n1. Vamos ver se dá frutos – pessoalmente, não tenho grande fé na generosidade dos nossos parceiros, afinal somos apenas uns “preguiçosos do sul da europa”, estereótipo que internamente gostamos de reforçar
Podia substituir o último parágrafo do seu artigo, onde põe todas aquelas interrogações, apenas por uma: por exemplo, o que é que aconteceria a Lisboa se um dia destes sofresse um abalo com uma intensidade de nove na escala de Ritcher? Deus nos livre de tal coisa, mas a resposta é muito simples: não ficava pedra sobre pedra. Serve para responder a esta singela pergunta, e serve para responder a todas as interrogações que coloca, e muito bem ao PCP.
Essa questão dos “preguiçosos do sul da europa” é realmente um estereótipo que nos desejam vender e que muito de nós portugueses vamos aceitando angelicamente. Quaquer cidadão deste pais que se desloca frequentemente para terras alemãs e contacta com responsáveis pelo tecido empresarial alemão, sabe que a alemanha debate-se com sérias dificuldades da sua força de trabalho, e porquê? Baixa produtividade, e porquê? Indices de absentismo elevados. Solução? Os alemães estão a manter dentro das suas portas todo o sector de I&D e começam a deslocalizar massivamente os sectores produtivos para paises onde podem contar com a presença das pessoas no local de trabalho. Não acreditam? Ver para crer, já dizia S. Tomé.
A saída do euro não é uma hipótese viável, pelas razões que o Ricardo bem aponta no texto.
O que é preciso é reestruturar a dívida (fazer default), não sair do euro. É a dívida que nos tolhe, não o euro. Com o peso da dívida, andamos a trabalhar para pagar ao estrangeiro.
7anaz
Eu qaundo trabalhei na Alemanha era, sem qualquer dúvida, quem mais tempo passava a trabalhar lá no sítio. Todos os meus colegas alemães trabalhavam bem menos horas do que eu. E reparavam nisso, não passava desapercebido.
“Luís Lavoura em Março 19, 2014 às 11:55 disse: ”
.. E você fazia mal! É pago para trabalhar 8 horas, não mais. Trabalho no UK, e aqui literalmente fazem fila para sair as 1700.. ai do patrão que diga, ou mesmo insinue considerações como “horas extra não pagas”.
É uma questão cultural – o “capitalista” Português gosta muito de busy work, isso para ele é que cria riqueza! O valor acrescentado da actividade é irrelevante – ele nem se preocupa muito com isso, nem se quer preocupar, dai estar sempre a defender que Portugal tem de ser um pais de mão de obra barata.
Por aqui, trabalho não remunerado é considerado escravatura (literalmente*), para o patrão portugues, é considerado “iniciação no mercado de trabalho”.
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http://www.standard.co.uk/news/uk/graduate-wins-court-fight-that-slave-labour-at-poundland-was-unlawful-8491345.html
O euro nasceu de uma imposição feita à Alemanha, contrapartida do apoio dado, de má vontade à reunificação. O objectivo seria controlar a economia alemã, via coordenação económica na zona euro e, evidentemente rivalizar com o dolar com uma moeda importante que talvez se pudesse tornar moeda de refúgio. Nenhum dos objectivos cumprido, para desfazer o que deu os resultados que estão à vista não vejo outro caminho viável que não seja convidar (já não ér possível impor nada à Alemanha) a Alemanha a sair do euro em primeiro lugar. Cairia sem dúvida o valor do euro no mercado e o marco até se valorizaria em relação ao euro. As outras nações do euro ficariam mais competitivas. Querendo-se continuar, o segundo a sair deveria ser a França, devagarinho…