Como dizia o Lord Goring, a única coisa sensata a fazer com um bom conselho é passá-lo a outra pessoa. Ora qualquer conselho meu seria inevitavelmente bom, pelo evito dá-los, sabe-se lá onde vão parar. Mas abro aqui uma exceção, que se tratam de coisas importantes. Vale a pena irem ler o que a Graça tem escrito no Rua Direita. Aqui têm uns mimos sobre o P. G. Wodehouse – e é condição necessária para entrar na sociedade secreta insurgente uma leve obsessão pelos livros de P.G. Wodehouse, somos obrigados a revelar quais os títulos preferidos de cada um (os meus são Aunts Aren´t Gentlemen e The Mating Season), está em avaliação a criação entre os insurgentes de um banco de segredos semelhante ao do sindicato dos mordomos, e já enviámos para os vários grupos parlamentares uma proposta de lei de criminalização das traduções de P.G. Wodehouse e para o internamento compulsivo de qualquer pessoa que leia o autor noutra língua que não a original. E já que estou em maré de dar conselhos, recomendo vivamente que se adquiram as novas edições da Everyman, que são lindas (está um exemplo ali em cima) e têm os livros todos, Wooster & Jeeves, Blandings Castle, Psmith e muitos etc.
Para manter o nível depois do P.G. Wodehouse, de que poderia a Graça escrever de seguida? Acertaram: sobre o Colin Firth. De resto, sobre o primeiro avistamento de Colin Firth da minha vida, no Valmont, de Milos Forman (que claro que já teve direito a post meu noutros lados). E a maior evidência que alguma vez poderei apresentar de que os adolescentes são parvos é a minha preferência, nesses anos felizmente já ultrapassados, pelo Vicomte de Valmont de John Malkovich em vez do de Colin Firth. Quanto à cena do lago que a Graça refere: caros leitores (ou, pelo menos, leitoras) dirijam-se a este post aqui da sociedade secreta.
*(que estou certa que a Daniela e a Elisabete estão inteiramente de acordo com a Graça e comigo).
Muito bom e muito melhor que aventais e outros ritos iniciáticos.
Só não acho necessária a criminalizarão da leitura em tradução. Os tradutores às vezes fazem milagres.
Claro que não sei se será o caso, porque não fiz outra coisa que não fosse ler no original, claro.
Good heavens! The idea of Wodehouse translated rattles the old bean even more that the idea of being hitched to Madeline Bassett. Toodle-oo!
A assumida preferência por Valmont é escandalosa para uma mãe de família.
Mas o que seria a vida sem sal e pimenta?
Eheheh. Não sei sei se Roderick Spode apreciaria esse teu comentário, Miguel 🙂
“Mas o que seria a vida sem sal e pimenta?”
sem(n) sabor(ona)
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Cara Maria João,
a propósito de Valmont e da troca de cumprimentos da Graça para consigo, permita-me que lhe ofereça a transcrição de duas cartas, quais blogues do século XVIII (o francês do texto é coevo, podendo haver ainda uma ou outra gralha):
«Lettre XII
Cécile Volanges à marquise de Merteuil
Maman est incomodée, madame; elle ne sortira point, & il faut que je lui tienne compagnie: ainsi je n’aurai pas l’honneur de vous accompagner à l’opéra. Je vous assure regrette bien plus de ne pas être avec vous que le spectacle. Je vous prie d’en être persuade. Je vous aime tant! Voudriez-vous bien dire à M. le chevalier Danceny que je n’ai point le recueil dont il m’a parle, & que s’il peut me lapporter demain, il me fera grand plaisir? S’il ient aujourd’hui, on lui dira que nous n’y sommes pas; mais c’est que maman ne eut recevoir personne. J’espere qu’elle se portea mieux demain.
J’ai l’honneur d’être, &c.
De … ce 13 août 17…
Lettre XIII
La marquise de Merteuil à Cécile Volanges
Je suis très-fâchée, ma belle, & d’être privée du plisir de vous voir, & de la cause de cette privation. J’espere que cette occasion se retrouvera. Je m’acquitterai de votre commission aiprés du cevalier Danceny, qui sera sûrement três-fâche de savoir cotre maman malade. Si elle veut me recevoir demain, j’irai lui tenir compagnie. Nous attaquerons, elle & moi, le chevalier le Belleroche [(aparece em nota) C’est le même dont il est question dans les lettres de madame de Merteuil] au piquet; & en lui gagnat son argent, nous aurons, pour surcoît de plaisir, celui de vous entendre chanter avec votre aimable maître, à qui j ele proposerai. Si cela convient à votre maman & à vous, je réponds de moi & de mês deux chevaliers. Adieu, ma belle; mês compliments à ma chere madame de Vounges. Je vous embrasse bien tendrement.
De … ce 13 août 17…»
In: Les liaisons dangereuse ou letters…, par M. C. de L, Tome I, A Geneve, 1784, p. 35,36