“Mais um grande cérebro que nos deixou” de José Mendonça da Cruz (Corta-Fitas)
Ontem, ainda, no programa Quadratura do Círculo, pela boca material de Pacheco Pereira, o fantasma de Cunhal zurziu o PS por ter celebrado um acordo com o governo de direita a propósito do IRC. Não só insuflou alento num moribundo, dizia Cunhal, como subscreveu mais uma manobra deste governo para favorecer os poderosos e privar os trabalhadores.(…)
O próprio António Costa estava perplexo (António Lobo Xavier, ça va de soi, estava gelado). Mas eu, humilde espectador, eu não. Eu sabia que era Cunhal a falar. Já o intuía há muito tempo, não julgando inteiramente irrazoável que a concentração na escrita de uma biografia notável possa ter efeitos secundários paranormais.
Eu cá vi o Lobo Xavier a discordar se o desenho fosse em relação ao IRC e a concordar se o desenho fosse em relação ao “ajustamento”, aliás, o próprio Lobo Xavier diz taxativamente que o “ajustamento” promove o aumento das desigualdades sociais.
Era assim que Pereira falava sobre os impostos em 2008:
“A carga fiscal sobre os portugueses (soma da taxa máxima de IRS + taxa standard de IRC + taxa standard de IVA + contribuições para a segurança social de empregadores e empregados) ultrapassou em 2005 a média da UE e manteve-se muito acima com os aumentos de todos os 9 impostos desde Fevereiro de 2005.”
É muito divertido ler o que Pereira dizia antes, neste caso em 2009:
“O pai e a mãe do nosso descalabro foram Guterres e Pina Moura, algo que não podemos esquecer com a tendência que o actual Primeiro-ministro tem em começar tudo em 2005. Barroso e Santana pecaram por falta de coragem em ir mais longe nas duras medidas restritivas necessárias…” ahahahaha!
Era assim que falava sobre os impostos das empresas:
“Entre duas medidas possíveis Sócrates escolhe sempre aquela que maior controlo dá ao estado, logo ao governo e aquela que menos conta com a liberdade e a individualidade de pessoas e empresas. Recusa-se por isso a fazer aquilo que melhor, mais imediata e menos burocraticamente daria resultados em melhorar a situação de pessoas e empresas – baixar os impostos – a favor do subsídio e do apoio directo do estado, logo do governo.”
Aqui era quando elogiava MFL por ter sugerido baixar os impostos às empresas:
“Quem propôs medidas que iam noutro sentido – por exemplo, em vez de incentivos a novos empréstimos às pequenas e medias empresas, já muito endividadas, sugeriu que o estado pagasse as dívidas e baixasse os impostos?”
É um caso curioso. Pergunto-me o que está por detrás deste comportamento.
A mim parece-me que Pacheco Pereira tresleu. Espero que não seja irreversível. Isto de passar de um universo para outro não deve ser nada fácil. Com a agravante de ter recentemente revisitado o Universo anterior através da biografia. Foi um exercício muito violento e terá
recaído. E estas coisas podem deixar sequelas.
Reparem por exemplo nos graves erros primários da representação gráfica: onde está uma bola grande (a) deveriam estar duas pequenas. Quanto à duplicação que se verifica em (b) e (c), não deveria existir.
“Reparem por exemplo nos graves erros primários da representação gráfica:..”
outro professor que não passaria na prova de avaliação de conhecimentos.
Ó Tina Você não percebeu ? Ou fui eu que não percebi o seu comentário ?
Rui, estava a referir-me ao professor do ISCTE.
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