Um “regime sacrificial” (2)

No seguimento do post anterior, “Números de um desequilíbrio” de José Carlos Alexandre

Os dois regimes dos funcionários públicos (CGA e ADSE) são ambos deficitários. No orçamento de estado de 2013, está previsto o pagamento de 8 000 milhões de euros em pensões dos funcionários do estado. Todavia, as contribuições são apenas de 4 100 milhões. A diferença é coberta essencialmente pelo orçamento de estado.

O regime de pensões da CGA representa 15% do total dos reformados portugueses, mas estes recebem 35% do total das pensões pagas em Portugal. A pensão média da CGA é de 1146 euros por mês, enquanto a pensão média do Regime Geral da Segurança Social é de 394 euros.

Não faço ideia se o diploma do Governo de convergência da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social é ou não constitucional, mas não tenho dúvidas de que o actual sistema é insustentável e iníquo. Basta olhar para os números.

10 pensamentos sobre “Um “regime sacrificial” (2)

  1. dervich

    “O regime de pensões da CGA representa 15% do total dos reformados portugueses, mas estes recebem 35% do total das pensões pagas em Portugal. A pensão média da CGA é de 1146 euros por mês, enquanto a pensão média do Regime Geral da Segurança Social é de 394 euros.”

    E o que é que isso quer dizer exactamente?! Ou melhor, o que é que você entende por iníquo?!…

  2. Miguel Noronha

    O JCA é que pode dizer ao certo. Para mim, não faz sentido que sejam os contribuintes a suportar os sistema de pensões falido da FP. Os privados sempre foram obrigados a pagar muito mais.

  3. Surprese

    Caros,

    Estou de acordo com o tema, mas este é um mau exemplo.

    O Estado deixou de entregar dinheiro para a CGA há muitos anos, daí o que sai ser maior do que o que entra. É sabido e assumido por todos, pois o objectivo é terminar com a CGA (os novos FP pagam Seg.Social), pelo que não é segredo que existe um cash-flow negativo, que terminará quando morrer o último reformado da CGA.

    Os reformados da CGA são juízes, professores, polícias, técnicos e dirigentes da FP, que claramente tiveram uma remuneração superior à média da população. Como não sou comunista, quero que este tipo de profissões continue a ganhar mais do que a média.

    Outra questão é se num regime socialista redistributivo como o que temos, o Estado deveria pagar mais do que uma reforma equivalente ao salário mínimo a toda a gente com carreiras completas (40 ou 50 anos).

  4. PedroS

    “Os reformados da CGA são juízes, professores, polícias, técnicos e dirigentes da FP, que claramente tiveram uma remuneração superior à média da população. ” …. e por isso terão tido muito mais possibilidades do que a população normal para poupar par a sua reforma. Logicamente, a sua necessidade de apoio na velhice é à partida inferior à do comum dos mortais, certo?

  5. cf

    Efectivamente, o estado, em vez de entregar a sua parte, como qualquer empregador, decidiu gastar esse (e outro) dinheiro em rotundas e aeroportos e ppps. Agora temos que pagar as tais pensões com os nossos impostos e ainda as rotundas, aeroportos e demais. É pague dois e não leve nenhum, em economês, ajustamento.
    CF

  6. dervich

    “e por isso terão tido muito mais possibilidades do que a população normal para poupar par a sua reforma. Logicamente, a sua necessidade de apoio na velhice é à partida inferior à do comum dos mortais, certo?”
    Eheheheh, que pérola!!……Portanto, esses indíviduos descontam o dobro e o triplo da população que você diz “normal” e no fim que se lixem e paguem a sua própria reforma porque sim, porque podem: Digamos que é assim a modos como “os ricos que paguem a crise” mas desta vez que paguem as reformas – a sua e a dos outros! Isto deve ser uma espécie de liberalismo que se aplica só a alguns!

  7. lucklucky

    “Os reformados da CGA são juízes, professores, polícias, técnicos e dirigentes da FP, que claramente tiveram uma remuneração superior à média da população. Como não sou comunista, quero que este tipo de profissões continue a ganhar mais do que a média.”

    Talvez não seja Comunista mas é certamente Aristocrata, é o mercado que define o que cada um deve ganhar não um título. Se só houver uma pessoa disposta limpar latrinas esta irá ganhar bom dinheiro.

  8. José Silva vaz

    Isto vai de mal a pior! Afinal há
    Aqui uma extraordinária mistura de comunismo(os que ganham mais devem pagar mais e ter menos reformas porque ganharam mais e não pouparam para a velhice… Isto é vivem acima das possibilidades! ) com um liberalismo de terceira classe aprendido com os badalhocos que todos os dias destilam um ódio visceral aos mais fracos e pobres misturado também com uma lógica de mercado aprendida anteontem , conforme exemplo do tipo disposto a limpar latrinas que ganhará bom dinheiro …ora porque só é um ou talvez porque a merda a limpar seja muita ..

  9. PedroS

    dervich disse “Portanto, esses indíviduos descontam o dobro e o triplo da população que você diz “normal” e no fim que se lixem e paguem a sua própria reforma porque sim, porque podem”..

    Não é isso: o que se passa é que niguém desconta ao longo da sua vida activa o suficiente para receber sequer 10 ou 15 anos em reformas equivalentes ao seu último salário. Se é necessário cortar as reformas, isso deve ser feito preferencialmente nas maiores reformas (p.ex., descendo-as até ao nível correspondente ao conjunto das suas contribuições totais para o sistema)

  10. Surprese

    Lucklucky: talvez não seja aristocrata, mas devo ser burro.

    Qual é o mercado e a concorrência que um agente da PSP e um juíz têm?

    Por enquanto ainda não vivemos em Anarco-Capitalismo, quando estivermos nesse regime, de acordo.

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