SOARES VAI SAIR MAL DESTAS ELEIÇÕES. Mais do que uma dúvida, parece-me uma quase certeza. Soares está a fazer tudo para sair muito mal de uma eventual derrota eleitoral. Está a conduzir uma campanha agressiva, ressabiada, sem dimensão de qualquer tipo, nem de Estado, nem política, nem pessoal. Se perder, será uma derrota entendida como humilhante, que ensombrará o fim da sua carreira política.
Mas, a prazo, talvez a derrota que parecerá humilhante agora possa vir a dar uma dimensão trágica à sua vida política. Como Churchill, Soares concorreu à eleição fatal que o fará passar à história com uma imagem de perda e não de glória. No entanto, como Churchill, a prazo, é o seu perfil de político compulsivo, de “animal político” que ganhará uma luz mais humana, mais apaziguada e compreensiva. Os seus muitos defeitos, o muito de negativo que indubitavelmente mostra nesta campanha será episódico, face à imagem que entrará na história, onde ele tem um lugar garantido. Porque esta campanha eleitoral é o fim da carreira política de Mário Soares com uma dimensão de inevitabilidade que nenhum sonoro (e falso) “basta” teria capacidade para dar.
José Pacheco Pereira, no Público, Janeiro de 2006 (via Abrupto)
“Está a conduzir uma campanha agressiva, ressabiada, sem dimensão de qualquer tipo, nem de Estado, nem política, nem pessoal.”
típico da esquerda, unem-se nas suas falhas de carácter.
Fica a faltar a explicação sobre a (in)coerência. Está onde? Porque criticou Mário Soares nas eleições de 2006, não pode concordar com ele em relação à incompetência deste governo em 2013?
Ricardo Monteiro, para quem vaticinou em 2006 o fim político de Mário Soares, estranha-se que agora lhe dê a legitimidade de liderar a “revolta”. Mas a grande incoerência é que agora considere adequada a “campanha agressiva, ressabiada, sem dimensão de qualquer tipo, nem de Estado, nem política, nem pessoal” protagonizada por Mário Soares. A grande incoerência é essa.
Mas quem acha que as intervenções de Mário Soares são agressivas, ressabiadas, sem dimensão de qualquer tipo, nem de Estado, nem política, nem pessoal, é o Rodrigo. Está a comparar o que PP escreveu sobre a campanha de Mário Soares em 2006 com a sua opinião sobre o que Mário Soares diz em 2013.
Claro, Ricardo Monteiro, quando se anda há um ano a apelar á violência, quando se pede a demissão do PR(!), certamente que sou eu quem está a ver mal a coisa. Haja paciência.
Não tomo mais o seu tempo. Reitero o que disse em cima: está a comparar a opinião de Pacheco Pereira com a sua para tentar demonstrar uma (in)coerência. Não me parece que resulte bem.