Os EUA Podem Entrar Em Bancarrota No Dia 17 de Outubro

Depois do governo americano ter entrado em shutdown no passado dia 1 de Outubro, os Estados Unidos arriscam-se a entrar em bancarrota já no próximo dia 17,  dia em que se estima que os EUA atingirão o límite de dívida actual.

O tecto da dívida americana tem sido constantemente aumentado (o que leva à questão: “para que serve?”), tendo sido ainda em Maio deste ano elevado para $16.7 triliões de dólares (este aumento não está reflectido no grafico abaixo).

US_Debt_Ceiling

Leitura complementar: Um tecto muito flexível.

27 pensamentos sobre “Os EUA Podem Entrar Em Bancarrota No Dia 17 de Outubro

  1. Bull

    Vai se chutando uma lata ao longo da rua, mas a cada pontapé ela fica maior até que uma dia rola pra cima de nós e Zás.
    Há uns meses atrás lembro-me de ver na Sic um tal Marques Mendes defender que os EUA estavam no caminho certo com os QE apresentado graficos que a economia dos EUA estava ja a crescer, enquanto que a Europa tinha errrado na receita para sair da crise através da austeridade.
    Políticos que não entendem patavinha de Economia, são um perigo público para a humanidade e não a solução para os problemas desta.

  2. DavC

    Não é propriamente uma bancarrota equiparável à nossa, uma vez que eles têm acesso ao dinheiro. Se não se financiarem é por causa dos maluquinhos que lá têm no congresso.

  3. Vivendi

    “Não é propriamente uma bancarrota equiparável à nossa, uma vez que eles têm acesso ao dinheiro. Se não se financiarem é por causa dos maluquinhos que lá têm no congresso.”

    Saia de lá essa nota de dólar no valor de 1 trillion.

  4. DavC

    Obviamente o debt ceiling vai ser mais uma vez alterado, nem faz qualquer sentido que exista. Se aprovam a despesa têm que aprovar a dívida que a vai financiar, simples.

  5. Miguel Alves

    A questão a meu ver não é a dívida mas sim o Dólar… até quando os países emergentes vão querer ter dólares na carteira?

  6. Bruno Grácio

    E além da situação a nível federal há Estados que individualmente têm situações potencialmente explosivas.
    Bem, pelo menos a Constituição deles permite-lhes tomar medidas…

  7. Lucklucky

    Se aprovam a despesa têm que aprovar a dívida que a vai financiar, simples.”
    Muito simples. Que tal infinita? E os EUA estão sem orçamento há 3 ou 4 anos.

    “Basta os Republicanos deixarem de ser parvos e tudo se resolve”
    É claro os Republicanos é que são parvos, ora que surpresa…
    Basta aumentar ainda mais as impressoras ainda mais do que já estão ligadas e tudo se “resolve”. Também “resolveu” na Alemanha dos anos 30…ou o Brasil das ditaduras ou a URSS e outras republicas das bananas…

    “Bem, pelo menos a Constituição deles permite-lhes tomar medidas…”
    Suspeito que “medidas” queira dizer imprimir.

  8. Francisco Colaço

    «Não é propriamente uma bancarrota equiparável à nossa, uma vez que eles têm acesso ao dinheiro. Se não se financiarem é por causa dos maluquinhos que lá têm no congresso.»

    Está a brincar comigo, não está? Acha que o dólar dura para sempre se se andar a brincar com a dívida? O que aconteceu a um país periférico como Portugal não pode acontecer nos Estados Unidos.

    Já agora, sabe os montantes exigidos aos cidadãos pelo ObamaScare? Está disposto a pagar do seu dinheiro USD 597 POR MÊS com cobertura máxima de menos de USD 14.000 por um plano Silver a quem tem diabetes tipo I ou EUR 300 por um plano Bronze (mínimas coberturas) proposto a uma pessoa saudável? Sem que tenha hipótese de recusar, à boa maneira socialista? São estes os valores que têm sido apresentados e recusados, repare nisto!, igualmente por democratas e republicanos, por esquerda e direita.

    Para quem já tinha seguro de saúde estão a ser diminuídos os preços… em USD 1 por mês. Mas as coberturas foram consideravelmente diminuídas (o que era ilimitado passou a ser deduzido, e os preços das «office calls» foram substancialmente aumentados, num caso de USD 40 ilimitado para máximo de 2 a USD 60). Quem ganha? As seguradoras, cujas acções andam no signo do touro.

    Eis o que a esperança da esquerda e o seu plano de saúde fizeram: uma canga sobre os cidadãos. Ao menos o Romney propunha um esquema igual ao que fez em Massachusetts, que tinha a aprovação de 70% das pessoas do Estado anos depois de ele sair do poder.

  9. Jaques Towakí

    Concordo com a abolição do “debt ceiling”, olhando para o gráfico vê-se a sua clara ineficácia. Se fosse um tecto de betão ainda vá que não vá, mas parece mais ser um tecto feita do mesmo material daquelas tendas…do circo…

    Eu propunha um “spending ceiling”, sendo uma percentagem do PIB, que teria que cobrir TODA a despesa incluindo “servicing the debt”. Assim, a despesa teria que estar “pegged” ao crescimento económico e quanto mais se gastava em juros da dívida, menos haveria para as outras “necessidades”. Assim, haveria um verdadeiro “debt ceiling”.

    Não sendo economista, não sei qual seria o valor ideal, mas palpita-me que seria na ordem dos 25% do PIB, ou eventualmente, no famoso valor máximo da curva de Laffer. Agora, é evidente que teria que se fazer o “roll back” para este valor, uma vez que tem que se “servir” esta dívida megalomaníaca durante as próximas décadas…

    …just saying…

  10. Br

    O que um pais deve é tao relevante quanto aquilo que ele tem a haver. No caso dos EUA a PII (posicao de inv. Internacional) está em -20%. Portugal tem uma PII de -120%.
    .
    Rb

  11. Francisco Colaço

    Rb,

    Não se esqueça que a dívida pública dos Estados Unidos não é só federal. É também estadual, dos condados e das cidades e das empresas públicas, como o Post Office ou a NPB. A dívida dos Estados Unidos, tal como a Rússia para Churchill, é uma incógnita dentro de um desconhecido dentro de um enigma.

    Há quem estime a dívida total pública dos Estados Unidos em 70 triliões (escala curta), quase 5 vezes o PIB americano. A dívida portuguesa, ao menos, foi consolidada, ao que li. E essa é a principal razão pela qual está tão alta.

  12. Francisco Colaço

    Rb,

    É injusto que, pertinente como foi o seu comentário, lhe tenham dado uma avaliação negativa. Eu, apesar de discordar de si, tive o cuidado de lhe dar uma avaliação positiva.

    Vozes discordantes suscitam dúvidas. No meu caso, eu não teria deixado à colação o facto de a dívida americana não ter sido nunca consolidada, caso não tivesse o Rb falado (e bem) das posições líquidas internacionais.

    Já agora, essas posições nos Estados Unidos incluem o ouro alemão que tarda em aparecer? 😉

  13. tina

    “Há uns meses atrás lembro-me de ver na Sic um tal Marques Mendes defender que os EUA estavam no caminho certo com os QE apresentado graficos que a economia dos EUA estava ja a crescer, enquanto que a Europa tinha errrado na receita para sair da crise através da austeridade”

    E até revistas como o Economist tinham artigos semelhantes. Merkel deu uma boa lição a esta gente toda. A economia na Europa está agora a crescer enquanto a dos US só consegue à custa de muito financiamento, o que explica o crescimento exponencial da sua dívida.

  14. HO

    Os EUA não vão entrar em bancarrota no dia 17 de Outubro, aconteça o que acontecer. Nem no dia 17, nem em momento algum, seja o debt ceiling aumentado ou não. E isso não implica cunhar moedas de platina. As receitas fiscais do governo federal são de $2.4T anuais; os juros da dívida de $240B para o mesmo período. Há receita fiscal suficiente para pagar os juros (e muito mais) – a primeira é mais de 5 vezes superior; e o tesouro pode continuar a fazer roll-outs da dívida. E a Administração está sob obrigação constitucional de dar prioridade ao serviço da dívida. Em teoria, até pode não o fazer, mas, nesse domínio, isso também pode acontecer dentro do tecto da dívida.

    O artigo linkado é alarmista e falacioso. O nervosismo dos mercados não se explica pela perspectiva de um default à dívida, mas pela possibilidade de uma diminuição abrupta dos gastos fiscais. O fantasma do default é um strawman conveniente.

    Vivendi – “Saia de lá essa nota de dólar no valor de 1 trillion”

    Não pode ser uma nota, o Tesouro não o poderia fazer. Teria de ser uma moeda, recorrendo à Secção 31. § 5112 do USC:
    http://www.law.cornell.edu/uscode/text/31/5112

    DavC – “Se aprovam a despesa têm que aprovar a dívida que a vai financiar, simples.”

    Ou aprovam diferentes níveis de despesa. Fazem-o constantemente para a subir. Um orçamento promete e planifica despesa, não a efectiva.

    Jacques Towaki – “Concordo com a abolição do “debt ceiling”, olhando para o gráfico vê-se a sua clara ineficácia. Se fosse um tecto de betão ainda vá que não vá, mas parece mais ser um tecto feita do mesmo material daquelas tendas…do circo…”

    A ineficácia depende da função que atribuir ao debt ceiling. Mesmo em termos formais, não é a de congelar ad aeternum a dívida do governo federal, muito menos nominalmente.

    A importância do debt ceiling é mais facilmente identificável se o analisarmos como um mecanismo de uma perspectiva de escolha pública. O debt ceiling obriga os políticos e o público a confrontarem a questão da dívida e é uma boa arma de arremesso para os membros do congresso fiscalmente responsáveis (ou menos irresponsáveis). Em regra, quando há contencioso sobre o aumento do debt ceiling -e tem havido, intermitentemente, de há décadas para cá-, a saúde fiscal do governo federal melhora sempre um bocadinho. É por isso que ele é eficaz.

    Faz lembrar a questão das earmarks. Numa análise superficial, ou formalista, o debt ceiling e as earmarks parecem ser mecanismos irrelevantes. Mas ambos mudam o esquema de incentivos para os representantes e conduzem a decisões em termos de política fiscal mais responsáveis do que no cenário alternativo onde não existissem (sendo este efeito no caso do banimento das earmarks bem mais drástico, claro; mas ainda assim existe com o debt ceiling.

    “Eu propunha um “spending ceiling”, …. Não sendo economista, não sei qual seria o valor ideal, mas palpita-me que seria na ordem dos 25% do PIB, ou eventualmente, no famoso valor máximo da curva de Laffer”

    Não há qualquer possibilidade real de passar algo desse género, isso não passa de utopismo. Abandonar algo que tem um efeito positivo na margem por coisa nenhuma não faz sentido.

    Quanto ao segundo aspecto, google “Hauser’s Law” ou “the 19% solution”.

  15. HO

    Francisco Colaço – “,

    Não se esqueça que a dívida pública dos Estados Unidos não é só federal. É também estadual, dos condados e das cidades e das empresas públicas, como o Post Office ou a NPB. A dívida dos Estados Unidos, tal como a Rússia para Churchill, é uma incógnita dentro de um desconhecido dentro de um enigma.

    Há quem estime a dívida total pública dos Estados Unidos em 70 triliões (escala curta), quase 5 vezes o PIB americano. A dívida portuguesa, ao menos, foi consolidada, ao que li. E essa é a principal razão pela qual está tão alta.”

    Essa estimativa não tem nada a ver com a dívida estadual ou local mas com as unfunded liabilities do governo federal, com dívida fora de balanço. Se procurar, até encontra estimativas bem superiores, de mais de $200T. Mas são entidades completamente diferentes da dívida de $17T.

    Em Portugal a dívida tem de ser consolidada porque o estado central é o último responsável por ela. Nos EUA não o é. Os estados americanos têm relativamente pouca dívida “outstanding”; em parte porque vários não podem correr deficits orçamentais correntes. http://www.usgovernmentspending.com/spending_chart_2001_2013USb_15s2li111mcn_H0s

    Se incluir unfunded liabilities (fundos de pensões, etc), a dívida dos estados pode chegar aos $4T.

    tina – “E até revistas como o Economist tinham artigos semelhantes. Merkel deu uma boa lição a esta gente toda. A economia na Europa está agora a crescer enquanto a dos US só consegue à custa de muito financiamento, o que explica o crescimento exponencial da sua dívida.”

    Isto não faz qualquer sentido. Graças à política monetária do Fed, os EUA adoptaram políticas de consolidação fiscal semelhantes às dos países europeus mas sem pagarem um preço remotamente semelhante em termos de crescimento económico.
    —–

    Finalmente: o QE não é nenhuma monetização da dívida. São coisas completamente diferentes, e estar a misturar conceitos não é útil, goste-se mais ou menos do QE. seja por motivos razoáveis ou não. Aliás, se o QE fosse monetização de dívida, não existiria este post sobre o debt ceiling.

  16. Francisco Colaço

    HO,

    Quer dizer que nos Estados Unidos há dívida fora de balanço tal como na Grécia? 😮

    De qualquer modo tinha lido que os USD 70T (escala curta) correspondiam à necessidade de consolidação da dívida. Li os números de 200T (Schiff) mas nunca lhes dei atenção. Nunca julguei que se tratava de dívida escondida, fora dos diários.

  17. HO

    Escondida? Não está escondida coisa nenhuma. É “dívida” que decorre de gastos mandatários e obrigações não provisionadas. Chamar dívida é discutível porque não há credores, nem é forçoso, ou sequer plausível, que venham a existir, pelo menos nessa extensão.

    Inclui por exemplo o NPV dos pagamentos futuros da segurança social ou do fundo de garantia dos depósitos bancários ou das hipotecas no Fannie and Freddie. Mas o sistema bancário não vai colapsar por inteiro todo de uma vez, obrigando o governo a cobrir todos os depósitos bancários na totalidade, os proprietários de casas hipotecadas não vão todos entrar em default e os benefícios e estrutura da SS acabarão por ser alterados. O governo não vai ficar a dever dinheiro aos pensionistas ou endividar-se eternamente para lhes pagar, vai dizer-lhes que não há dinheiro e mudar a lei para receberem menos.

    Nesse estudo dos $70T do James Hamilton há cerca de 7.5 relativos às hipotecas imobiliárias, 7.5 do seguro de depósitos, 0.5 dos empréstimos bonificados a estudantes, 2 de outros programas como o fundo de pensões dos veteranos e empregados federais, 27 da SS e 27 do Medicare.

    Se fizer o mesmo exercício para Portugal, incluindo todos esses compromissos explícitos ou implícitos do estado, verá que o total da dívida é exponencialmente superior aos 215 mil milhões e o mesmo é válido para qualquer outro país.

    Como lhe disse, estava a comparar entidades diferentes.

  18. Francisco Colaço

    HO,

    Percebi. Estamos portanto a tratar de provisões não existentes para futuros compromissos. Seria essa então a consolidação de que falavam quando eu li o breve artigo.

    De qualquer forma, seja em Portugal, seja nos Estados Unidos, seja na minha ou na sua família, quando não provisionamos para despesas futuras em clima de défice, a coisa não acaba bem.

    Numa recentíssima entrevista do Peter Schiff:

    “I think the U.S. has been in a depression or a recession for the entirety of the Obama presidency,” Schiff said. “I think there’s going to be a depression, but I don’t think it’s going to be global.”

    “When the dollar collapses and when the rest of the world stops wasting their resources, propping up our economy, buying our debt, selling us products that we can’t pay for, I think you’re going to have a global economic boom outside of the United States.”

    “I just hope that one day we’re smart enough to jump in on it by adopting free market principles.”

  19. Rúben Lopes

    Parabéns, EUA. Ao teres abraçado o “progressivism” e o neo-jacobinismo de “espalhar a liberdade e a democracia” através da guerra, mergulhaste-te em divída. Eis a tragédia, em que a “land of the free” torna-se em “the land of debt slavery” .

  20. HO

    Francisco Colaço,

    Eu não acho a analogia com as famílias particularmente útil neste caso e não seria fácil provisionar estes deficits, mas sim, o objectivo destas estimativas é a de iluminar a saúde fiscal a longo-prazo e permitir que a trajectória seja alterada em tempo útil. Concordo que no caso dos EUA isso é necessário.

    Quanto às declarações apocalípticas do Schiff, assentam naquela tese dele de que o crescimento do PIB real é negativo e que a o governo tem falsificado a taxa de inflação. Essas teorias da conspiração não me interessam e é fácil de provar que ele está errado. O que não faltam são outros indicadores, públicos e privados, que são incompatíveis com o cenário que ele desenha.

  21. Francisco Colaço

    HO,

    Lembre-se que desde o início deste ano a Administração Obama fez alterações à fórmula de cálculo do produto interno. Sem surpresas, essas fórmulas tiveram o desejado efeito de o empolar em quase 1,5%.

    Há muitas coisas que o Schiff diz com que não concordo. A primeira delas é que num cenário de contracção e de não tomada de mais dívida dos Estados Unidos o resto do mundo iria ter uma expansão económica rápida (um «boom» nas suas palavras). Ao contrário, a próxima recessão vai fazer a de 2008 parecer uma ligeira constipação.

  22. HO

    Carlos

    Os números de empregos criados, automóveis vendidos, índices de preços publicados pelo sector privado como o do MIT, etc. Há uma infinidade de indicadores económicos que não são compatíveis com taxas de crescimento negativas do PIB real há 6 anos camufladas com manipulação da taxa de inflação. E isto deixando de lado, por caridade, o princípio de que o ónus da prova recai em quem profere afirmações extraordinárias.

    Fernando,

    a mudança do calculo do PIB (que só foi implementada a um par de meses) não influenciou as taxas de crescimento porque a mudança foi para toda a série histórica.

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