Creio que depois de desastres como Porto, Gaia e sobretudo Sintra, seria uma boa altura para reavivar uma ideia apoiada por Pedro Passos Coelho por alturas do anterior congresso, e na altura apoiada por mim aqui n’O Insurgente:
Pedro Passos Coelho também surpreende pela positiva. Agora foi a vez de propor a introdução de uma boa-prática Americana:
Ganham…
… os candidatos que não têm medo de ir a votos
… a transparência do processo e, assim, a qualidade dos candidatos
… as populações que beneficiarão da qualidade dos candidatos
Perdem…
… as elites caciques que até agora tinham maior peso na escolha dos nomes
… os partidos que não sigam o exemplo (algo me diz que o PC não vai mudar…)
… os candidatos que apostam simplesmente em “conhecimentos” para serem candidatos
Outras propostas incluem [incluíram]:
– Reforço dos poderes das distritais na escolha dos deputados
– Quotas para as mulheres nos Órgãos Internos
– Criação de uma Comunidade Virtual (fórum político através da internet para discussão de vários temas, entre militantes e simpatizantes)
– Criação do estatuto de simpatizante
O Congresso do PSD deverá ser marcado para os primeiros meses de 2014.
A ideia das primárias parece-me interessante. Já a proposta relativa a quotas para mulheres não me parece fazer sentido, da mesma forma que não faz, por exemplo, na Assembleia da Republica…
Quotas para mulheres – introduzir como determinante na escolha dos candidatos um dos factores (a par da raça, religião, orientação sexual e filiação clubística) que é suposto serem irrelevantes para essa escolha.
Quanto às primárias, seriam internas ou abertas à população?
Abertas à população, facilmente levariam a que cada partido se organizásse para tirar da corrida os melhores candidatos dos outros partidos. Possibilidade esta potenciada pela reduzidíssima participação dos cidadãos “não-organizados”.
Primárias internas, o Ricardo tem noção de qual é o nível de participação dos militantes na vida das estruturas partidárias locais?
Recordo-me das Assembleias da Secção Local de Moscavide do PSD (antes da criação da Concelhia de Loures). De mais de 500 militantes inscritos, apareciam cerca de 30, metade dos quais eram os membros da Comissão Política e da Mesa da Assembleia. Para as autárquicas de 2009, metade dos candidatos a Presidente da Junta nem se dignou a aparecer na Assembleia de apresentação das listas e não fomos mais de 3 a mostrarmo-nos incomodados com isso.
A única boa ideia é a da Comunidade Virtual. Mas é uma ideia vaga só para “cavalgar a onda da modernidade” (e que, como de costume, não passará disso) ou foi realmente pensada e existe nem que seja um esboço de como poderá funcionar?
Está-se mesmo a ver que a solução passa por eleições para eleger candidatos às eleições.
Vai ser limpinho, limpinho … e no fim ficam todos amigos.
Quotas para as mulheres?? Por favor.
Isso é contradizer tudo o resto. Se este alteração seria um esforço por uma escolha mais democrática e mais consensual, vamos agora inserir uma obrigação legal de escolher alguém por causa de… competência? Não. Propostas? Não. Currículo? Não. Pelo sexo. Não faz sentido.
“Quotas para as mulheres nos Órgãos Internos”
Que tal para brancos, pretos, amarelos, muçulamnos, judeus, cristãos, budistas.
portistas, benfiquitas, sportinguistas?
E profissões?
Aqui é que o PSD e os outros se passam, vamos lá limitar o número de advogados na política…que tal engenheiros, pedreiros, pintores, serralheiros etc..
Mais uma razão para não votar PSD. A Beleza já tinha ajudado.
As primárias são excelentes, e são a melhor forma de democracia representativa, a par com ciclos uninominais para a Assembleia da República.
O problema é que os aparelhos detestam essas coisas, e o PS de Seguro rejeitou essas propostas.
«Está-se mesmo a ver que a solução passa por eleições para eleger candidatos às eleições.»
Aparte as suas dúvidas, passa! Serão os militantes de Freixo de Espada à Cinta que irão escolher quem representa Freixo de Espada à Cintra, e não irão ver-se-lhes imposto de Lisboa um Abranhos qualquer por decisão de um tal Zagalo, ambos desconhecidos.
O poder deve ser essencialmente local. Primeiro a família, depois a freguesia, o concelho e o distrito. Só depois o governo central. Neste momento a pirâmide está invertida, e isso é a fonte de todos os males.
O governo central arroga-se todos os poderes, dando umas migalhas de responsabilidade para a autarquia. A freguesia é para todos os efeitos uma nulidade prática. O indivíduo tem apenas as liberdades que de cima lhes outorgam, e mesmo essas liberdades são provistas com bastante parcimónia e relutância.
Os homens nascem livres e deverão ser livres. Primárias alteram a estrutura do poder. Dão mais poder aos indivíduos, às famílias e às freguesias, contra o esforço de expansão e de magnificação do estado central, o qual impõe a sua vontade a partir de uns poucos para prejuízo de muitos.
Francisco Colaço,
Concordo com as estruturas nacionais não deverem impôr os candidatos a órgãos locais. No entanto, a forma como as estruturas locais escolhem os candidatos deve ser decidida pelas próprias estruturas locais, de acordo com a sua situação particular.
Fará todo o sentido que as Comissões Políticas locais consultem os seus militantes os militantes sobre o perfil dos candidatos e peçam até sugestões. Aliás, as listas para Câmaras e Juntas de Freguesia são relativamente extensas e o envolvimento dos militantes mais activos poderá ajudar a encontrar pessoas mais competentes e empenhadas e não apenas conhecidos da Comissão Política. Mas primárias em estruturas nas quais o número de militantes activos é de apenas algumas poucas dezenas parece-me despropositado.
E convém não esquecer que os candidatos locais continuam a ser candidatos do Partido e a representá-lo e os órgãos nacionais devem poder vetar candidatos.
Considere p.e. o caso de Oeiras. Tem alguma dúvida de que os militantes do PSD de Oeiras não hesitariam em colocar Isaltino Morais como candidato à Câmara ou à Assembleia Municipal e que o PSD não pode de forma alguma aceitá-lo como candidato?
Joaquim Amado Lopes,
Enquanto um lugar de honra (representação política) for essencialmente um lugar de lucro e de esbulho, haverá sempre uma fila para entrar e uns incumbentes a guardar o forte.
Não haverão verdadeiras primárias no PSD, a menos que o centralismo partidário que permeia todos os partidos for neste mandado às malvas. Continuo a dizer isto: devem ser os zés e os antónios e as marias de Freixo de Espada à Cinta que devem decidir quem vai representar Freixo de Espada à Cinta. Neste momento as comissões políticas fazem eleger apenas os seus para as mesas de congresso, aceitando com relutância os que são eleitos pelas bases a partir de listas dissonantes.
Dou-lhe uma sugestão, que muito útil é e que o mudará no âmago. Leia o livro “The 5000 Year Leap” from W. Cleon Skousen. Pode encontrá-lo em PDF na Internet, se o procurar por estes termos, já que não há nem nunca haverá tradução portuguesa, mesmo pensando ser um dos livros mais vendidos nos Estados Unidos.
Na minha próxima reunião familiar (segundas-feiras) irei falar aos meus filhos de liberdade e de responsabilidade no governo da sociedade. Já que me lembrei, vou traduzir e imprimir os 28 princípios de liberdade desse livro.
Francisco Colaço,
Obrigado pela sugestão. Já fiz o download do livro.
Quanto às primárias no PSD, o que questiono não é se são ou não “verdadeiras” mas sim as vantagens que possam trazer.
Primárias poderão fazer sentido se o número de candidatos e eleitores o justificar. Duvido seriamente que fizéssem sentido em Freixo de Espada à Cinta, que tem 3691 eleitores inscritos.
E nada impede “os zés e os antónios e as marias de Freixo de Espada à Cinta” de “decidirem “quem vai representar Freixo de Espada à Cinta” uma vez que a Lei permite que grupos de cidadãos formem listas “independentes” e se candidatem à Câmara e às Freguesias. Mas, se quiserem fazê-lo sob o signo de um Partido, não deverão pretender reclamar completa independência da direcção desse Partido.
Tenho alguma experiência sobre a forma como as Comissões Políticas lidam com os “dissonantes”. Na realidade, foi o comportamento abjecto que observei a esse nível que me fez afastar completamente da vida partidária. Mas não concordo com o “(as Comissões Políticas) aceitando com relutância os que são eleitos pelas bases (para as mesas do congresso) a partir de listas dissonantes”.
Não que não seja precisamente isso que acontece mas quem quer envolver-se na vida partidária a um qualquer nível de decisão tem que ir a votos e estar-se nas tintas para com a “relutância” das Comissões Políticas em o/a aceitar.
Eu falo no caso claro do PSD, o partido em que acho que ainda sou militante, muito embora me esteja a borrifar e só por dissonância de horários não ter entregue o cartão do mesmo. O BE nºao existe, como se prova, e o PCP não sabe nem quer saber o que é democracia. O PS é um partido que só não é PCP porque não o é, e o CSD não sabe bem o que é; vistos de fora o último +e uma sociedade unipessoal e o primeiro um palacete de intrigas de faca e alguidar.
Se quiserem formar um Partido Liberal português, ao qual aderiria de boamente se os estatutos fossem consonantes com o que se expõe no livro do Skousen, não espero senão que sejam as diversas secções a eleger independentemente quem as irá representar. Porquanto a representação deve fluir dos representados, e não impor-se a estes. Como me pode representar o Alípio Abranhos, imposto a mim por um tal de Amado, um desembargador que não conheço e com o qual nunca privei na terra? Que não conhece os meus problemas e, logo, não representa senão a si mesmo?
Ora, se um tipo de Lisboa me impõe um representante, o representante vai representar o tipo de Lisboa, e beneficiá-lo concomitantemente. Não me vai representar a mim. Num Partido Liberal Português as bases elegem directamente os seus representantes por nome, não por lista, aos diversos órgãos superiores.
Francisco,é da Covilhã,certo? Os meus pesames pelo resultado registado ai no Domingo(vitória do PS,impressionante depois de todos estes anos do Carlos Pinto)..embora em Democracia,a palavra é do povo
Ps: O Francisco e outros membros aqui do blog podiam formar um Partido Liberal.Mesmo que não venha depois a resultar,sempre tenta-se faze-lo 🙂
O BE mostra quão importante é ter-se bom imprensa. Quando ela não existe, o BE afunda-se.
Um partido liberal português nunca teria boa imprensa. Aos seus membros e dirigentes seriam imputadas toda a sorte de insultos, crimes e impropérios, sendo fàssistas (intencional!) e neo-liberais os mais paradigmáticos.
Estou a ler de novo o livro do Skousen. É um supremo calhamaço, mas deveras interessante e narrativo. É por causa de ter lido o que leio que sou tão optimista em relação a uma solução para a nossa economia. Lembro que a fome em Jamestown foi curada em seis meses com a implantação de um sistema de propriedade privada.
Portugal é maior, e demoraria mais um tempo. Três anos, no máximo.
Francisco Colaço,poderia ser como o AfD na Alemanha.
Francisco, se isto que se passa neste blog é um bom exemplo do que é ser liberal em Portugal, então pode ter a certeza que nunca teriam boa imprensa. E nunca teriam boa imprensa porque o exemplo que dão é que são demasiado intransigentes em relação às vossas próprias opiniões. Em poucos sítios na internet encontrei gente com ideias tão fixas que não acomodam quaisquer outras. Muito sinceramente, acho que é a vossa atitude perante as vossas ideias que é o vosso maior calcanhar de Aquiles.
Jónatas,e você não é uma pessoa fixa no seu esquerdismo?
Jónatas,
O Obama tem sempre boa imprensa, faça o mal que faça. O Mitt Romney não tinha boa imprensa, e até de uma brincadeira dita em tom de gozo fizeram um escarcel. As mentiras de Obama serão ignoradas e as verdades de Romney foram escarnecidas.
A imprensa de hoje daria boas notas a Caifás e apoucaria Jesus.
E o mal não estaria nem esteve em Jesus. Está na imprensa. A imprensa de hoje é ambivalente em relação à verdade: usa-se quanto basta e nunca em demasia.
makarana, acha que venho aqui destilar ódio contra as vossas ideias? Não, aprendo, assimilo-as e adapto-as. Não penso “isto não vale nada”. Penso “isto serve, isto não”. Raramente vos vejo fazer o mesmo, para vocês tudo no socialismo está errado. O que, logicamente, não faz sentido nenhum – há coisas boas e há coisas más. Como em quase tudo na vida, há-de ser entre o liberalismo e o socialismo o caminho para a frente. Mas nem vocês o vêem, nem tantos do meu lado o vêem.
Francisco, tendo em conta que a maioria dos jornalistas é socialista, já lhe passou pela cabeça que só será possível mudar as coisas não os hostilizando com ideias completamente contrárias às deles? Já cansa ver a Direita fechada nesse mundo de certezas, incapaz de se adaptar àquilo que os outros pensam. Os jornalistas têm razão em muito do que discordam de vocês porque muito do que vocês dizem vai contra aquilo que é a vida deles e a experiência deles. Falta-vos empatia, a vocês e à Direita toda.
Jonatas,nem o liberalismo tem as resposta todas,nem o socialismo tem-nas também.Mas grosso modo,os paises com maior dose de liberdade económicas,são,os mais ricos e prósperos do planeta,isso não escondo
Jónatas,
Cuba está cheia de esquerda, e logo de empatia. Os frutos da empatia são portanto a grilheta e a miséria.
Se o Jónatas não consegue ver o quão pernicioso é o socialismo, leia:
Free to Choose: Milton Friedman
The 5000 Year Leap: W. Cleon Skousen
The Naked Communist: W. Cleon Skousen
A Comparison of Soviet and US Industrial Performance: 1928-90: Remko Kowenhoven, Maio 1997. (baseado em estatísticas SovStat)
A economia cubana no início do século XXI: avaliação do desempenho e debate sobre o futuro. Carmelo Mesa-Lago.
University of Pittsburgh (Autor socialista numa universidade liberal)
Tive o cuidado de povilhar com autores de esquerda, mas que apresentam os factos, embora os tentem reinterpretar numa tentativa risível de justificat o injustificável (até o encerramento da base russa de Lurdes serve como desculpa para a persistente modorra da economia cubana).
Fique com a sua empatia. Empobreça com ela, mas faça-o longe de mim. Eu, por minha parte, quero que os pobres se tornem ricos. E isso não se consegue combatendo os ricos, mas permitindo que os pobres deixem de ser pobres.
makarana, os países com maior liberdade económica são duas cidades – Hong Kong e Singapura. Uma faz parte de um país comunista, a outra é uma ditadura soft. Em qualquer uma delas, a vida é tudo menos fácil para a grande maioria da população que nela vive.
Francisco, tanta leitura que você apregoa ter feito e continua com os mesmos chavões errados de quem não está bem informado. O socialismo não é o combate contra os ricos, é o combate para dar hipóteses a todos de cingrarem na vida, independentemente do estatuto social. Mas já percebi que não vale a pena dizê-lo.
singrarem, obviamente.
Jónatas,
Há para si mais hipóteses portanto de singrar na vida em Cuba que nos Estados Unidos.
Se me diz que não, então diz-me que o socialismo simplesmente não funciona. Se me diz que sim, é o Jónatas que não funciona.
Essa escolha é enviezada, Francisco, e você sabe disso. Se trocar Cuba pela Suécia, você sabe responder à pergunta?
makarana,e o canadá? e Australia? Holanda e Alemanha? Nova Zelandia?
perdão:jonataS
Depois dos anos 90, a Suécia anda a deitar o socialismo ao lixo. De qualquer maneira Cuba, a Venezuela, a URSS e a Coreia do Norte são os expoentes máximos do Socialismo, e ai de quem tocar no Fidel por cá!
Se o Jónatas me afirmar aqui mesmo que o Fidel é um déspota e um erro crasso da história, então poderemos falar até mesmo da Suécia: a dos aos 90, no fim da linha do socialismo, e a de hoje. Se não me afirmar isso, então cabe-lhe provar que o Fidel é melhor do que os Estados Unidos.
(Para que saiba, o Jónatas é a melhor pessoa de esquerda que em fóruns conheci. Não espere, porém, que isso sirva para que aceite maus argumentos de uma boa pessoa. na verdade, quanto melhor a pessoa, mais duro eu sou com ela, e dela espero o mesmo tratamento. Quanto a um chiste ou outro, aceite-os com alguma bonomia e retorne-os com um laço, que cá estarei eu para me rir consigo.)
«O socialismo não é o combate contra os ricos, é o combate para dar hipóteses a todos de singrar na vida»
Acha que sim? Aqueles que singram têm de pagar para manter aqueles que não querem singrar na vida. Em boa verdade, os primeiros deixam de ter recompensa pelo seu trabalho, estando negativamente estimulados a trabalhar; e os segundos terão um estímulo positivo para não se porem a trabalhar.
Dar a dependência aos pobres é mantê-los na pobreza. Houve tempos em que pensei que a Segurança Social era coisa boa. Hoje sou de opinião diferente.
À revelia da maioria dos liberais hard-core continuo totalmente a favor de um sistema de educação privado custeado pelo Estado (mais ou menos 6 mil milhões de euros, o que é comportável), e um de saúde primária, baseado em provedores privados ou concessionados (mais ou menos o mesmo). Penso ainda que a infraestrutura comum (rede de estradas, rede eléctrica, rede de águas e de esgotos — a rede, não os serviços nem o comboio) se podem manter públicas, se a gestão destas for privada. Quanto ao resto, quero ver o Estado fora da economia, e quanto mais depressa melhor.
Porque raio tenho eu ainda de pagar pela RTP?
Deu aí um exemplo interessantíssimo sobre o que é o liberalismo em acção e aquilo que causa a uma sociedade: a Nova Zelândia. A Nova Zelândia em 1994 fez tudo aquilo que os liberais gostam – desregulação e cortes abruptos no Estado Social. O resultado não foi famoso, com um aumento expressivo de pobreza e das desigualdades sociais sem o correspondente aumento do rendimento per capita esperado e prometido.
Era interessante alguém aqui no Insurgente perder tempo com a Ruthanasia que aconteceu e as suas consequências na sociedade neozelandesa.
Jónatas,também a Suécia e os paises nórdicos tiveram que fazer essas reformas.Também a Alemanha.Já Grécia e Portugal é o que se sabe não é? Se não tivessem feito essas reformas ,estariam ao nivel de Cuba
Não são expoentes máximos do socialismo, são é os seus mais radicais aplicantes. Socialismo absolutista, se quiser, onde l’Etat c’est Fidel, Kim ou Maduro. E isso não é ser socialista – o Estado não se confunde com quem o lidera. São a nossa vergonha por se dizerem socialistas mas, no fundo, são tão socialistas como Mises o é. Redistribuir só para uns quantos não é redistribuir.
“Aqueles que singram têm de pagar para manter aqueles que não querem singrar na vida.”
Mais do que uma questão económica, é uma questão filosófica aquilo que coloca, Francisco – como olhamos os outros. Você olha para os desafortunados como freeloaders, parasitas incapazes que não merecem nada mais do que o nosso desprezo. Eu olho para os desafortunados como pessoas a quem a vida nem sempre sorriu mas que, dada outra hipótese, podem fazer algo por elas. Que os freeloaders existem? Claro que sim. Mas a diferença entre eu e o Francisco é que para si, só existem freeloaders, e para mim, eles são a minoria que temos de suportar para que nada falte aos restantes. Acho que é este o âmago da querela filosófica entre aquilo que os liberais defendem e aquilo que nós defendemos – como olhamos para o outro. Como lhe disse algures nestes comentários, falta-vos empatia. E essa é uma das principais críticas que eu e outros vos fazemos.
makarana, façam-se as reformas por cá. Torne-se o sistema mais eficiente, acabe-se com as poucas vergonhas, moralize-se o imoral. Agora não tirem o que é a vontade de um povo em se auto-organizar. O povo português quer um SNS, quer educação livre para todos, quer pagar para isso em impostos. E também quer que o Estado não gaste esse dinheiro indevidamente.
Faltou dizer, Francisco, que também o tenho em grande consideração.
Mas isso Jónatas,implicará menos despesa publica,e menos impostos.Temos um défice para eliminar.
Jónatas,
Há realmente uma diferença: o Jónatas gosta tanto dos pobres que os quer ajudar na sua pobreza. Eu gosto tão pouco da pobreza que quero tirar os pobres dela. Não lhe vou dizer o que tenho feito, porque se nem a minha mão esquerda sabe o que a direita fez, o Jónatas apenas deverá saber que não sou estranho a dar do meu para o outro aquando das suas dificuldades.
Fico com mais consideração por si por haver chamado ao regime castrista o que ele é. No entanto relembro-lhe que aquilo a que se chama o socialismo filosófico (a preparação do comunismo) é o que Cuba, a URSS e a China fizeram. E houve fome. Muita fome. E, curiosamente, foi sempre o mundo capitalista a mobilizar-se para atender às fomes, fosse na União Soviética em 1930, fosse em Cuba nos anos 90, fosse na China nos anos 70. Nunca ouvi falar de fomes generalizadas em países organizados segundo modelos ocidentais (a Índia só nos anos 90 o foi) depois da revolução agrícola dos anos 30, afora tempos de guerra.
Quando a China liberalizou, quando até Cuba teve de admitir que tem de liberalizar, quem é que pode de alguma forma defender que o socialismo, mesmo às pitadas, não traz miséria aos povos? Um estado em economia de mercado pode e deve proteger os seus cidadãos contra as vicissitudes que os possam retirar do circuito produtivo: é seu interesse máximo fazê-lo. Quererá isso dizer que tem de haver educação pública, provista directamente pelo Estado? Rio-me dessa ideia, porquanto a nossa educação pública é indefensável e miserável. O bom professor e o mau professor são indiferenciados naquela excrescência administrativa que se chama «carreiras». Ganham o mesmo, lucram o mesmo e, aconteceu comigo mesmo!, fui uma vez avisado que estava a levantar demais a fasquia e a prejudicar os outros.
Contra as políticas redestributivas e assistencialistas tenho uma resposta: Detroit.
O pior fruto de Detroit não é a falência da cidade. Nem o abandono em massa. Esses são efeitos. O pior de Detroit é a dependência. Uma pessoa dependente do Estado não dá valor ao seu trabalho nem se tem pessoalmente em grande valor. E quem não se tem em grande valor entra noutras dependências, as quais acabam por perpetuar a dependência económica. É o ciclo do desespero em acção… socialista.
Não me importo que o Estado ajude as pessoas das quatro categorias arroladas por Milton Friedman. E a essas junto até uma quinta, que já terá lido nos meus comentários.
Dê a um pobre dinheiro em troco de nada e fica com um pobre e sem o dinheiro. Dê a um pobre a liberdade de escolher o seu futuro, encostando-o à paredem, e muito provavelmente deixará de ter um pobre. E a economia ficará com o que o ex-pobre passar a produzir (e isso é tão bom!)
Para um político socialista isto é uma miséria. É que as pessoas que acabam por singrar na vida deixam maioritariamente de ser socialistas. Os dependentes são mais convenientes. Os socialistas, portanto, adoram tanto os pobres que os querem ajudar a ser pobres. Eu detesto tanto a pobreza que quero tirar as pessoas dela. Mesmo que isso figurativamente implique um puxão de orelhas e dois chutes no traseiro, em último caso.
Francisco,e quanto á doutrina social da igreja,ou á demcoracia cristã.o Vaticano está errado quanto a esta matéria?
Francisco Colaço,
Num Partido Liberal, as candidaturas autárquicas seriam independentes e nunca sob o signo do Partido. Os militantes poderiam decidir pelo apoio a uma lista e até usar os recursos locais do Partido para a campanha mas o Partido Liberal não deveria reclamar mérito pela vitória nem ser-lhe assacada a derrota.
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Jónatas,
Se em poucos sítios na internet encontrou “gente com ideias tão fixas que não acomodam quaisquer outras” então tem tido um cuidado extremo em evitar “sítios” de esquerda.
E está completamente errado quanto ao papel dos jornalistas.
Os jornalistas enquanto tal devem ser isentos e nunca devem usar o espaço mediático ao seu dispôr para promover as suas ideias políticas ou combater as de que discordem. Devem relatar os factos e deixar as interpretações e tomadas de posição para os leitores.
A expressão “não hostilizar os jornalistas com ideias completamente contrárias às deles” demonstra bem a sua estreiteza de vistas e intolerância para com ideias diferentes das suas. Não é difícil de perceber o que o Jónatas diria se a maioria os jornalistas se sentissem “hostilizados” pelas ideias “da esquerda”.
Makarana,
Eu sou cristão, praticante, mas não sou católico. Sou mórmone. Uma coisa que dizem dos mórmones é que não deixam ninguém com fome. Basta ver que o plano Marshall foi inspirado nos esforços d’A Ingreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias para levar auxílio à Europa faminta e destruída após a guerra. Nesse dia os mórmones nos Estados Unidos (e não éramos assim tantos, éramos umas centenas de milhar) conseguiram suficientes bens (comida, cobertores, etc) para encher um cargueiro Liberty Ship, o qual foi pedido ao Governo dos Estados Unidos. O Senador Marshall ficou tão impressionado que resolveu fazer o mesmo plano.
Sou licenciado da Universidade Católica Portuguesa. Li a Rerum Novarum. Concordo plenamente com ela, no tocante à Doutrina Social da Igreja. Há ajuda de emergência que não pode deixar de ser dispensada. Não podemos pedir a alguém com fome que estude ou que arranje um emprego. Primeiro trata-se de elevar a pessoa até ao estado de poder trabalhar. Depois que trabalhe, que reganhe ou ganhe a auto-estima e a independência. O homem nasceu para ser independente e livre.
Conto-lhe uma história real, exemplar do que penso, em que figura o meu falecido pai. Um mendigo chegou à Figueira da Foz, pedindo esmola. O meu pai, vendo-o, não lhe deu uma esmola. Levou-o ao seu barbeiro, o Zé Calca, que também alugava uns quartos, deu-lhe um fato, e pagou-lhe um dia de quarto, com direito a banho e a escanhoada. Fez uns telefonemas e deu ao mendigo, agora com outro aspecto, um endereço para onde se deveria dirigir para ter um emprego no dia seguinte, numa fábrica têxtil, que andava a recrutar operários.
Quem acha que me contou esta história? Eu não a vim a saber pela boca do meu pai. Vim a sabê-la pelo mendigo, décadas depois já reformado, casado e com vida estável, que nunca esqueceu isto, nas suas palavras: o meu pai não lhe deu um quarto e um fato. Deu-lhe a dignidade e a hipótese de ser feliz.
Se este não é o espírito da Rerum Novarum, então confesso que não sei ler.
Joaquim Amado Lopes,
«Num Partido Liberal, as candidaturas autárquicas seriam independentes e nunca sob o signo do Partido. Os militantes poderiam decidir pelo apoio a uma lista e até usar os recursos locais do Partido para a campanha mas o Partido Liberal não deveria reclamar mérito pela vitória nem ser-lhe assacada a derrota.»
Nesse caso não é necessário para as eleições autárquicas haver qualquer partido liberal. O problema está nas legislativas e nas europeias, já que aí os partidos são reis, senhores e monopolistas, descartando qualquer concorrência.
Repare que para mim muitos deputados e zero (não um, zero!) acessores pagos pelo erário público é a solução óptima. Assegura 1) que pela mancomunação de uns poucos a liberdade não nos é cessada e 2) que os que legislam e decidem são eleitos e não contratados anónimos.
Estou por isso muito tendente a círculos uninominais.
“… a transparência do processo e, assim, a qualidade dos candidatos
… as populações que beneficiarão da qualidade dos candidatos”
Porquê? Já conseguiu encontrar alguma evidência disto? Nos EUA ou seja onde for? Qual é exactamente o mecanismo em funcionamento?
Francisco,
Eu não estou tão certo que o capitalismo tenha algum interesse em erradicar a pobreza. Haver pobres implica que haja quem faça trabalho com salários mais baixos e por mais horas. Não é por acaso que o capitalismo anda de país em país à procura dos locais com salários baixos e sem legislação laboral.
E quanto à história que conta, o socialismo quer fazer exactamente isso: dar dignidade a quem não tem nada, retirando pouco daqueles que têm algum. Para que façam da vida aquilo que esse mendigo fez. Não verá essa compaixão num mundo liberal fechado no seu individualismo e na sua propriedade privada.
Joaquim,
Se não gosta da maneira como os socialistas debatem, porque é que faz igual? Birra?
Já quanto aos jornalistas, se é isso que acha que é o jornalismo no século XXI, é você que tem de abrir a cabeça. Olhe à sua volta, de facebooks a blogs, de crónicas a opiniões em horário nobre, a comunicação deixou de ser um espaço neutro mas um sítio onde a opinião de cada um, incluíndo a dos jornalistas, conta. Que você não goste que a esquerda o faça, percebo. Mas aposto que aplaude quando a Fox ataca o Obama sem um pingo de razão. Vai dizer que não, claro, mas todos sabemos que aplaude.
Jónatas,
Quando paga a uma pessoa para ficar parada, tira-lhe a dignidade. Este é o caminho para a dependência e a indolência e o desvalor preconizado, praticado e expandido pelo socialismo militante. De boas intenções fazem-se infernos individuais e coletivos.
Repare na história, o meu pai não deu uma esmola. Deu um salto na vida de um homem. Segundo os nossos assistencialistas, o meu pai deveria pagar a um tal Estado que, ficando com a parte substancial do donativo para «custos administrativos e burro-cráticos» daria umas migalhas mês após mês para que o homem tivesse um mínimo para se manter infeliz e esfaimado, em vez de morrer de vez. Continuaria pobre, sem mulher que o quisesse, sem felicidade para perseguir, no limiar da sobrevivência inútil (à laia do cérebro do Seguro, que anda nas mesmíssimas condições).
Sobre o capitalismo: não sei se notou, mas o capitalismo não existe. Não existe capitalismo. Não existe um chefe do capitalismo, uma organização do capitalismo. Existem em economia de mercado interesses. Ford, um danado «capitalista neo-liberal esclavagista» segundo a nossa mais ignorante esquerda (da qual o excluo), resume-me bem: operários ricos gastam mais.
Pobres são uma chatice para a economia. E conquanto ache que a verdadeira riqueza não é material, mas a de tesouros no céu, não desejo impor a ninguém a generosidade. Digo sempre isto: sou responsável pelo meu comportamento e pelo da minha família. Não sou responsável pelo do Belmiro de Azevedo, nem lhe quero impor o que quer que seja. E pode crer que, ao que sei, e sei, o Belmiro faz mais solidariedade em segredo do que muitos que choram pelos pobres em aberto.
Por fim, economia de mercado não são bancos a serem salvos por políticos socialistas nem PPP (Paga o Palerma do Povo) onde o Estado fica com o deve e os privados com o haver. Economia de mercado não é dívida pública feita por políticos eleitos para pagar favores a amigos. Nem leis à medida para ajudar amigos. Nem sectores estratégicos e paixões pagas com os dinheiros públicos.
Se isso é o tal capitalismo PS e PSD, então estou contra esse capitalismo. Mais: o tal capitalismo e o socialismo são conducentes ao mesmo fim (a miséria e a grilheta), porquanto vêm das mesmas bases (o benefício de uns poucos pela locupleção da maioria.
Ahhhh.Agora percebo porque é que o Francisco fala tanto do Mitt Romney.Em cheio.Sim é outra forma de ajudar.Deu-lhe emprego.Mas aqui em Portugal,o problema principalmente é falta de investimento e emprego.Repito: Há escassez de oferta.
Jónatas,
Veja o que estão a cobrar pelo Obamascare (grafia intencional!). Hint: as acções das seguradoras subiram que se fartaram em bolsas.
Será que o Obama estudou com o Sócrates em Paris às escondidas?
Makarana,o Romney foi comparado com o Obama pelos tea party..
Makarana,
«Sim é outra forma de ajudar.Deu-lhe emprego.»
Não, não deu. Deu uma refeição quente, um fato DOS DELE, ainda no plástico, um corte de cabelo, um quarto para dormir, um banho e moveu cunhas para que fosse recebido para um emprego.
Deu dignidade a um homem que nunca seria tomado a sério caso em molambos e em andrajos tentasse achegar-se a um encarregado de uma fábrica para trabalhar. O caso de o meu pai ser um dos sócios da fábrica onde o homem foi depois trabalhar diz o quanto acreditava naquela pessoa que nunca havia visto.
Um socialista acha que o problema é do Estado, e que é o Estado que lhe tem de dar «alguma coisinha». Desresponsabiliza-se do que deva ser: a caridade (não tenho medo desta palavra, que em nada é diminuída, sendo definida como «o puro amor de Cristo») é algo que vem de baixo para cima. O socialista esperava que o Estado lhe desse um pão. E no dia seguinte tinha menos um pão e um mendigo com fome.
O socialista mais «nineties» esperava que lhe dessem um cheque mensal. O cheque, por razões económicas, nunca pode ser grande. Ficava portanto sem o dinheiro e com uma pessoa dependente do próximo cheque, gastando o mínimo de mês a mês e ainda provavelmente *sem roupas* para procurar um trabalho.
Já agora. O meu pai foi preso pela PIDE. Valeu-lhe a sua esperteza e desenrascanço, o qual herdei. O meu pai foi detido pelos comunistas em 75. Valeu-lhe simplesmente o facto de que nunca o conseguiram mandar para a prisão, porque muita gente o conhecia. Tiveram que o soltar ou ficavam sem a sede.
Makarana,
Há alguém a usar a sua conta?
O Romney tem um curriculum de salvar in extremis empresas, eventos como o de Salt Lake e o Estado de Massachusetts. O Obama não tinha curriculum e mostra-se um completo ignorante. Isso foi afirmado pelo menos por duas vezes por nem mais nem menos que o Bill Clinton.
Eu já várias vezes disse que devíamos mandar o Passos Coelho às malvas e contratar o Mitt Romney para dirigir este país. O homem está livre, já geriu algo com dimensões semelhantes a Portugal, e conseguiu tirar esse estado da completa bancarrota.
Se é necessário fazer uma colecta para lhe pagar o salário, pois dou EUR 100,00 por ano do meu próprio pecúnio, e tenho a certeza de que os recebo de volta, em não tendo de pagar por este desastre socialista.
Nada na nossa constituição manda que o primeiro ministro tenha de ser português. E aparte eu ( 😉 ), não vejo ninguém de jeito neste país que o possa ser. OK, talvez o Rui Rio, pelo que fez no Porto.
Jónatas,
Insiste em confundir jornalistas com comentadores e analistas.
Os jornalistas também podem ser comentadores e analistas (podem ter os blogues e as páginas de Facebook que quiserem) mas não devem fazer comentário nem análise quando estão a dar as notícias. O facto de haver cada vez mais maus jornalistas não quer dizer que o que eles fazem é o “jornalismo do séc XXI”, apenas que o que passa por jornalismo o é cada vez menos.
Não acompanho a Fox mas, novamente, confunde as coisas. A Fox, tal como a MSNBC, é uma cadeia de televisão alinhada com uma área política. O NY Times também é claramente alinhado. Mas esse alinhamento é suposto ser feito através do comentário, não do jornalismo.
Os “jornalistas” que em qualquer um desses media “seleccionem” o que reportam de acordo com o que melhor convém aos seus próprios alinhamentos políticos não estão a ser jornalistas, estão a ser agentes políticos.
Quanto ao “santo” Obama, há imensas razões para o criticar (pelo que faz e pelo que devia fazer), da mesma forma que haverá razões para o elogiar. Como não sou americano, a minha maior crítica a Obama é o uso absolutamente asqueroso que faz da raça para benefício político.
Francisco,um comentário rápido que tou de saida( a minha vida é grande e vasta).Acho que a sua visão do socialismo é um bocadinho.. estereótipica. A realidade é mais complexa,sem uma cor exacta.Mas de qualquer forma,não lhe deu emprego,mas,a verdade é que essas cunhas foram preciosas para que o homem começasse a sua vida.Eu apenas falei do Romney..porque é um dos mais conhecidos mormons do mundo.Sim,Rui Rio parece-me boa escolha.E segundo o que se diz,vai agir em breve.Deus queira que sim.
Makarana,
A escassez de oferta liga-se com a escassez de investimento. Esta advém de três factores:
1) Incerteza fiscal;
2) Sobrerregulação em matérias económicas;
3) Impostos exagerados para manter um Estado carraça.
Já não há hipótese senão assim, visto que o poder judicial quer ser legislativo e o poder legislativo anda a brincar com o executivo.
Temo, no entanto, que venha breve o tempo em que a maioria dos portugueses queira uma solução que não envolva partidos, à la Gomes da Costa & Óscar Carmona.
Concordo no essencial,mas também está ligado com a menor procura em Portugal.