A vitória de Rui Moreira no Porto é o mais sonoro, e significativo, protesto contra os partidos políticos de que eu tenho memória. É a prova de que as forças vivas da sociedade podem, e devem, sobrepor-se aos partidos, e não o contrário. É também a prova, ao contrário do que as organizações partidárias vão dizendo, que a democracia se pode fazer, e exercer, directamente a partir da sociedade civil, sem necessariamente ter de passar em primeiro lugar pelo partidarismo. Trata-se de um primeiro sinal, porque apesar de tudo os partidos continuaram dominantes no resto do País, e porque muitos independentes pouco têm de verdadeiros independentes. Mas é um sinal da (boa) mudança que vislumbro. Bem haja.
Aqueles que me seguem aqui no Insurgente sabem que eu sou altamente crítico dos partidos actuais, e da forma como estes têm monopolizado a política em Portugal nas últimas décadas. Sabem que eu acredito na democracia participativa. Sabem que eu acredito nos seus instrumentos, nomeadamente nos referendos que permitissem aos eleitores revogar iniciativas legislativas ilegítimas, porquanto contrárias aos mandatos sufragados, e sabem que numa democracia desse género eu acredito que seria conferida maior representatividade ao sistema democrático.
Os partidos sentem-se hoje acossados, e isso é visível nas reacções de alguns dos seus principais representantes. Mas em vez de os partidos, eles próprios, enveredarem pelo discurso fácil – de que a democracia não se faz sem partidos – os partidos deveriam aproveitar a oportunidade para se abrirem à sociedade civil, e sobretudo para se afastarem da lógica interna que tem regido as suas máquinas partidárias. É certo que a democracia não se faz sem partidos, mas é mais certo ainda que esta não se faz sem cidadãos participativos. E é precisamente neste sentido de participação, de agregação civil que se sobrepõe aos partidos, e também de responsabilização dos cidadãos pelas suas escolhas (para o bem ou para o mal…), que resta o futuro democrático, como o Porto hoje bem demonstrou.
muito bem, é isso mesmo
Estava a ouvir o Paulo Portas a dizer que o CDS passou de 1 para 5 câmaras e que podia estar a dizer que tinha subido 500%…. bla bla bla….
Eis o nosso interlocutor junto da troika…
Boa mensagem RA.
Mas é importante verificar agora o quanto o Rui Moreira vai ser independente e o que traz de novo.
É nos municípios que o voto melhor funciona.
PSD perdeu mas tem 32% dos votos contra 37% do PS. Estava à espera de muito pior. E se juntarmos os votos do CDS então a direita pode muito bem ainda ganhar, contra o que alguns diziam que não ia acontecer.
Divertido. A vitória independente no Porto, atrapalha os mui ilustres hiper-dependentes comentadores e os politiquécos-partidários absolutamente-simples que populam o “seviço público” Comunicção Social.
Apenas a diferença entre uma cidade cheia de políticos/funcionários/votantes/socialistas “non-productive jobs”, Lisboa, e uma Cidade Invicta, produtiva, cansada de pagar impostos/benésses áqueles burocratas.
“The plot thickens”.
Assino por baixo
Rui Moreira … independente … Manuel Alegre também era …
Quem é que financia estas independencias ? O dinheiro tem de circular … pois ninguém dá nada a ninguém …
Chamar a candidatura de Rui Moreira apartidária não é propriamente verdade.
Gosto do comentário, mas cuidado: a candidatura de Rui Moreira foi apoiada/financiada pelo CDS, e muitos dos elementos da lista (e agora Vereadores, etc) são ex-militantes PSD.
Trata-se isso sim uma vitória do status quo (Rui Rio), e uma derrota do PSD Porto.
É o início do lançamento de uma candidatura de Rui Rio à liderança do partido.